PSD-Porto contra "assalto aos cargos públicos"

26-05-2001
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PSD-Porto Contra "Assalto Aos Cargos Públicos"

Por MARGARIDA GOMES

Terça-feira, 27 de Março de 2001

"Fraude política" dizem sociais-democratas

Nuno Cardoso escolheu o ex-deputado Afonso Lobão para a Empresa Municipal de Equipamentos, depois de José Luís Catarino ter recusado.

A Comissão Política Distrital do Porto do PSD está indignada com "a continuidade da política socialista de assalto aos cargos públicos" e considera que a nomeação do ex-deputado Afonso Lobão para o Conselho de Administração da Empresa Municipal de Equipamentos e Infra-estruturas da Câmara do Porto "constitui uma condenável fraude política, a que o PSD não pode ficar indiferente".

Em comunicado ontem divulgado e onde não poupa nem o PS nem Afonso Lobão, os sociais-democratas acusam o ex-vereador da Câmara de Valongo de não ter "qualquer mérito ou aptidão profissional para o cargo". O PSD entende, por outro lado, que com esta nomeação o PS, "mais uma vez, evidencia seguir estritamente uma lógica de favorecimento da sua clientela partidária, ignorando e desrespeitando os critérios de competência nos quais deveria sustentar as nomeações para cargos públicos de responsabilidade, comprometendo seriamente a eficácia de gestão das instituições com consequências por vezes desastrosas".

A Comissão Política do Porto do PSD alude ainda ao facto de Afonso Lobão "trocar princípios por conveniências particulares e partidárias", deixando cair "a responsabilidade de ser o único deputado de Valongo, cedendo o lugar na Assembleia da República a um camarada de outro concelho". Para o PSD, "esta atitude representa uma traição à população e às instituições de Valongo, já que, desta forma, abandona aquele que deveria ser o seu papel de interlocutor junto do Governo socialista para a concretização de importantes obras para o concelho". A este propósito, o PSD acusa o partido do Governo de não avançar com as obras que "continuam sucessivamente adiadas, como seja o caso da construção da rotunda desnivelada à saída da A4, da estação de Ermesinde, dos centros de saúde, das novas escolas secundárias ou do IC24".

Este cenário serve, de resto, de pretexto para o PSD repudiar "fortemente quer a continuidade da política socialista de assalto aos cargos públicos, quer a irresponsabilidade política e pessoal do agora ex-deputado Afonso Lobão". Esta tomada de posição do PSD era esperada porque, na altura em que a nomeação foi votada em reunião de câmara, o PSD não votou por unanimidade, não caucionando, assim, o nome do ex-deputado.

Afonso Lobão foi eleito precisamente há oito dias pelo executivo da Câmara do Porto. A proposta partiu do presidente, Nuno Cardoso, que propôs também o nome do engenheiro António Manuel Leitão Borges para vogal do Conselho de Administração da Empresa Municipal de Gestão de Obras Públicas. Mas se a nomeação deste engenheiro não suscitou críticas da oposição, tendo em conta a sua formação técnica, o mesmo não aconteceu com Afonso Lobão, que foi eleito com sete votos a favor, três contra e um branco.

Na altura, a oposição insurgiu-se contra esta nomeação porque dias antes alguns responsáveis pelas duas novas empresas municipais criadas por Nuno Cardoso tinham defendido, num encontro com jornalistas no final da reunião do executivo desse dia, a necessidade de as empresas apostarem "em pessoas da câmara" e "em técnicos de qualidade". Isto mesmo foi dito à vereação na reunião de câmara, mas o presidente optou por chamar Lobão, de 50 anos, um funcionário público, nascido no distrito de Viseu. Na altura, Nuno Cardoso justificou a escolha com o facto de as empresas municipais passarem também a desempenhar trabalhos no domínio da acção social, uma área em que Afonso Lobão se movimenta facilmente, até porque integrou o grupo restrito que preparou a Lei de Bases da Segurança Social.

Antes de Afonso Lobão, o presidente da câmara tinha convidado o vereador socialista José Luís Catarino que detém o pelouro das Actividades Económicas, mas, ao que o PÚBLICO apurou, Catarino declinou o convite pelo facto de Nuno Cardoso não ter atendido às condições que ele impôs para aceitar o cargo.

PSD-Porto Contra "Assalto Aos Cargos Públicos"

Por MARGARIDA GOMES

Terça-feira, 27 de Março de 2001

"Fraude política" dizem sociais-democratas

Nuno Cardoso escolheu o ex-deputado Afonso Lobão para a Empresa Municipal de Equipamentos, depois de José Luís Catarino ter recusado.

A Comissão Política Distrital do Porto do PSD está indignada com "a continuidade da política socialista de assalto aos cargos públicos" e considera que a nomeação do ex-deputado Afonso Lobão para o Conselho de Administração da Empresa Municipal de Equipamentos e Infra-estruturas da Câmara do Porto "constitui uma condenável fraude política, a que o PSD não pode ficar indiferente".

Em comunicado ontem divulgado e onde não poupa nem o PS nem Afonso Lobão, os sociais-democratas acusam o ex-vereador da Câmara de Valongo de não ter "qualquer mérito ou aptidão profissional para o cargo". O PSD entende, por outro lado, que com esta nomeação o PS, "mais uma vez, evidencia seguir estritamente uma lógica de favorecimento da sua clientela partidária, ignorando e desrespeitando os critérios de competência nos quais deveria sustentar as nomeações para cargos públicos de responsabilidade, comprometendo seriamente a eficácia de gestão das instituições com consequências por vezes desastrosas".

A Comissão Política do Porto do PSD alude ainda ao facto de Afonso Lobão "trocar princípios por conveniências particulares e partidárias", deixando cair "a responsabilidade de ser o único deputado de Valongo, cedendo o lugar na Assembleia da República a um camarada de outro concelho". Para o PSD, "esta atitude representa uma traição à população e às instituições de Valongo, já que, desta forma, abandona aquele que deveria ser o seu papel de interlocutor junto do Governo socialista para a concretização de importantes obras para o concelho". A este propósito, o PSD acusa o partido do Governo de não avançar com as obras que "continuam sucessivamente adiadas, como seja o caso da construção da rotunda desnivelada à saída da A4, da estação de Ermesinde, dos centros de saúde, das novas escolas secundárias ou do IC24".

Este cenário serve, de resto, de pretexto para o PSD repudiar "fortemente quer a continuidade da política socialista de assalto aos cargos públicos, quer a irresponsabilidade política e pessoal do agora ex-deputado Afonso Lobão". Esta tomada de posição do PSD era esperada porque, na altura em que a nomeação foi votada em reunião de câmara, o PSD não votou por unanimidade, não caucionando, assim, o nome do ex-deputado.

Afonso Lobão foi eleito precisamente há oito dias pelo executivo da Câmara do Porto. A proposta partiu do presidente, Nuno Cardoso, que propôs também o nome do engenheiro António Manuel Leitão Borges para vogal do Conselho de Administração da Empresa Municipal de Gestão de Obras Públicas. Mas se a nomeação deste engenheiro não suscitou críticas da oposição, tendo em conta a sua formação técnica, o mesmo não aconteceu com Afonso Lobão, que foi eleito com sete votos a favor, três contra e um branco.

Na altura, a oposição insurgiu-se contra esta nomeação porque dias antes alguns responsáveis pelas duas novas empresas municipais criadas por Nuno Cardoso tinham defendido, num encontro com jornalistas no final da reunião do executivo desse dia, a necessidade de as empresas apostarem "em pessoas da câmara" e "em técnicos de qualidade". Isto mesmo foi dito à vereação na reunião de câmara, mas o presidente optou por chamar Lobão, de 50 anos, um funcionário público, nascido no distrito de Viseu. Na altura, Nuno Cardoso justificou a escolha com o facto de as empresas municipais passarem também a desempenhar trabalhos no domínio da acção social, uma área em que Afonso Lobão se movimenta facilmente, até porque integrou o grupo restrito que preparou a Lei de Bases da Segurança Social.

Antes de Afonso Lobão, o presidente da câmara tinha convidado o vereador socialista José Luís Catarino que detém o pelouro das Actividades Económicas, mas, ao que o PÚBLICO apurou, Catarino declinou o convite pelo facto de Nuno Cardoso não ter atendido às condições que ele impôs para aceitar o cargo.

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