Uma Questão de "Gratidão"
Por RUI BAPTISTA
Quarta-feira, 16 de Maio de 2001
Como salientou um membro da Assembleia Municipal de Aveiro na reunião de anteontem à noite, "a gratidão é uma coisa muito bonita". Foi "por gratidão", segundo explicou o presidente da câmara, Alberto Souto, que a autarquia convidou o deputado socialista João Cravinho para o jantar comemorativo do Dia da Cidade, celebrado a 12 de Maio.
Quando era ministro, Cravinho (que foi o cabeça de lista do PS por Aveiro) concedeu um financiamento para as obras de recuperação do edifício dos paços do concelho, orçadas em 34 mil contos. Isso valeu-lhe, como admitiu Souto, um lugar na mesa de honra do jantar. Marques Mendes e Paulo Portas (respectivamente cabeças de lista do PSD e do CDS-PP) não despacharam qualquer financiamento, porque não pertenceram nem pertencem ao Governo socialista. Logo, não foram convidados para a festa, ao contrário do que sucedeu no ano passado. Uma lógica imbatível, frisaram os socialistas perante a estupefacção das restantes bancadas, que ameaça fazer escola a escassos meses das eleições autárquicas.
A oposição insurgiu-se contra a "discriminação", mas Souto apelou para o seu sentido de gratidão. E acrescentou que, este ano, vá lá saber-se porquê, a autarquia decidiu convidar apenas deputados naturais de Aveiro, como o social-democrata Armando Vieira e o socialista Afonso Candal (que faltou ao jantar). A única excepção foi João Cravinho, pelas razões que já se conhecem. Quem não ficou convencido foi o centrista Diogo Machado, que não deixou de censurar o executivo.
A disposição das mesas no jantar levantou outras questões, relacionadas com o protocolo. Nuno Tavares, por exemplo, não gostou de se ver atirado para a mesa 18, longe dos acontecimentos, enquanto Cravinho e os socialistas ocupavam mesas centrais. "Não houve nenhuma discriminação política", tranquilizou-o Souto. O presidente da assembleia municipal, Carlos Candal, apressou-se a vir em socorro do executivo, recorrendo à sua vasta experiência em jantares por essa Europa fora para aconselhar que as mesas deixem de ser numeradas, passando a ter designações como "flor de lis" ou "jasmim". "Assim não haverá discriminações", disse Candal. De imediato o PSD aproveitou para sugerir que, para a próxima, seja criada a mesa "cravinho"...
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Uma Questão de "Gratidão"
Por RUI BAPTISTA
Quarta-feira, 16 de Maio de 2001
Como salientou um membro da Assembleia Municipal de Aveiro na reunião de anteontem à noite, "a gratidão é uma coisa muito bonita". Foi "por gratidão", segundo explicou o presidente da câmara, Alberto Souto, que a autarquia convidou o deputado socialista João Cravinho para o jantar comemorativo do Dia da Cidade, celebrado a 12 de Maio.
Quando era ministro, Cravinho (que foi o cabeça de lista do PS por Aveiro) concedeu um financiamento para as obras de recuperação do edifício dos paços do concelho, orçadas em 34 mil contos. Isso valeu-lhe, como admitiu Souto, um lugar na mesa de honra do jantar. Marques Mendes e Paulo Portas (respectivamente cabeças de lista do PSD e do CDS-PP) não despacharam qualquer financiamento, porque não pertenceram nem pertencem ao Governo socialista. Logo, não foram convidados para a festa, ao contrário do que sucedeu no ano passado. Uma lógica imbatível, frisaram os socialistas perante a estupefacção das restantes bancadas, que ameaça fazer escola a escassos meses das eleições autárquicas.
A oposição insurgiu-se contra a "discriminação", mas Souto apelou para o seu sentido de gratidão. E acrescentou que, este ano, vá lá saber-se porquê, a autarquia decidiu convidar apenas deputados naturais de Aveiro, como o social-democrata Armando Vieira e o socialista Afonso Candal (que faltou ao jantar). A única excepção foi João Cravinho, pelas razões que já se conhecem. Quem não ficou convencido foi o centrista Diogo Machado, que não deixou de censurar o executivo.
A disposição das mesas no jantar levantou outras questões, relacionadas com o protocolo. Nuno Tavares, por exemplo, não gostou de se ver atirado para a mesa 18, longe dos acontecimentos, enquanto Cravinho e os socialistas ocupavam mesas centrais. "Não houve nenhuma discriminação política", tranquilizou-o Souto. O presidente da assembleia municipal, Carlos Candal, apressou-se a vir em socorro do executivo, recorrendo à sua vasta experiência em jantares por essa Europa fora para aconselhar que as mesas deixem de ser numeradas, passando a ter designações como "flor de lis" ou "jasmim". "Assim não haverá discriminações", disse Candal. De imediato o PSD aproveitou para sugerir que, para a próxima, seja criada a mesa "cravinho"...