Alberto Costa questiona círculos uninominais

06-03-2001
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Deputado socialista Afonso Candal contra eleitores-fantasma

Alberto Costa Questiona Círculos Uninominais

Sexta-feira, 19 de Janeiro de 2001

O ex-ministro da Administração Interna, Alberto Costa, questionou ontem a pertinência de o PS avançar com alterações à lei eleitoral para a Assembleia da República, nomeadamente com os círculos uninominais de candidatura. Esta posição foi afirmada durante a reunião do grupo parlamentar do PS, ontem de manhã, como resposta ao anúncio feito pelo líder da bancada, Francisco Assis, de que o Governo iria avançar com as propostas de lei eleitoral para a Assembleia e para as autarquias, pelo que esse assunto ocupará o grupo parlamentar nos próximos tempos.

Surpreendentemente, a ideia de avançar com esta discussão não provocou grande entusiasmo nos deputados. O primeiro a questionar esta decisão foi o ex-ministro Alberto Costa, que lembrou que esta proposta é defendida há anos pelo PS, para afirmar que hoje em dia ele mesmo tem hoje dúvidas sobre a bondade dos círculos uninominais.

A decisão de avançar com a legislação eleitoral foi também frontalmente questionada pelo deputado Laurentino Dias que se perguntou sobre as razões desta medida agora. Laurentino assumiu mesmo que ninguém no PS quer a redução do número de deputados à Assembleia da República e foi ao ponto de considerar mesmo que essa medida não dizia nada ao povo.

Já Afonso Candal alertou para a necessidade de atacar a questão da abstenção começando pela eliminação dos eleitores-fantasma, depois de Helena Roseta ter proposto que a direcção do grupo encomendasse um estudo à Universidade sobre a abstenção. Ouvido pelo PÚBLICO, Afonso Candal considerou que "é vergonhoso que se diga, eleição após eleição, que a abstenção é altíssima e não se faça nada".

Para Candal, "só é possível saber as razões da abstenção se se souber qual é a abstenção". Por isso, é necessário que "os técnicos digam o que se passa e o que se pode fazer para que os políticos optem por uma solução". E avança com um exemplo: "Quem morre não continua a receber pensões e o Estado sabe disso, o país sabe disso, por que razão os cadernos não o reflectem?".

O deputado do PS vai mais longe e sustenta que os políticos "não agem porque o quadro nacional altera-se e há muitas coisas dependentes da demografia eleitoral actual: os deputados por círculo, o número de mandatos por câmara, os subsídios das juntas de freguesia, etc.". E apontando o dedo à incoerência do discurso político, Afonso Candal conclui, declarando ao PÚBLICO: "Não se pode dizer que o sistema está em crise e manter nos cadernos eleitores que não votam pura e simplesmente porque não estão cá, já não existem."

Em relação à reunião da bancada socialista saliente-se ainda que o deputado José Saraiva advertiu para o nervosismo que assolará o PS durante o período de preparação do Congresso de Março próximo, além de defender que o PS não pode desbaratar o estado de graça que vive nas sondagens.

Já Eduardo Pereira foi mais longe e desafiou o PS a reflectir sobre se quer governar até 2003 ou antecipar o fim da legislatura. E sustentou que o Congresso sirva para decidir sobre esta questão estratégica, de modo a que o partido decida então com quem se vai aliar parlamentarmente. S.J.A.

Deputado socialista Afonso Candal contra eleitores-fantasma

Alberto Costa Questiona Círculos Uninominais

Sexta-feira, 19 de Janeiro de 2001

O ex-ministro da Administração Interna, Alberto Costa, questionou ontem a pertinência de o PS avançar com alterações à lei eleitoral para a Assembleia da República, nomeadamente com os círculos uninominais de candidatura. Esta posição foi afirmada durante a reunião do grupo parlamentar do PS, ontem de manhã, como resposta ao anúncio feito pelo líder da bancada, Francisco Assis, de que o Governo iria avançar com as propostas de lei eleitoral para a Assembleia e para as autarquias, pelo que esse assunto ocupará o grupo parlamentar nos próximos tempos.

Surpreendentemente, a ideia de avançar com esta discussão não provocou grande entusiasmo nos deputados. O primeiro a questionar esta decisão foi o ex-ministro Alberto Costa, que lembrou que esta proposta é defendida há anos pelo PS, para afirmar que hoje em dia ele mesmo tem hoje dúvidas sobre a bondade dos círculos uninominais.

A decisão de avançar com a legislação eleitoral foi também frontalmente questionada pelo deputado Laurentino Dias que se perguntou sobre as razões desta medida agora. Laurentino assumiu mesmo que ninguém no PS quer a redução do número de deputados à Assembleia da República e foi ao ponto de considerar mesmo que essa medida não dizia nada ao povo.

Já Afonso Candal alertou para a necessidade de atacar a questão da abstenção começando pela eliminação dos eleitores-fantasma, depois de Helena Roseta ter proposto que a direcção do grupo encomendasse um estudo à Universidade sobre a abstenção. Ouvido pelo PÚBLICO, Afonso Candal considerou que "é vergonhoso que se diga, eleição após eleição, que a abstenção é altíssima e não se faça nada".

Para Candal, "só é possível saber as razões da abstenção se se souber qual é a abstenção". Por isso, é necessário que "os técnicos digam o que se passa e o que se pode fazer para que os políticos optem por uma solução". E avança com um exemplo: "Quem morre não continua a receber pensões e o Estado sabe disso, o país sabe disso, por que razão os cadernos não o reflectem?".

O deputado do PS vai mais longe e sustenta que os políticos "não agem porque o quadro nacional altera-se e há muitas coisas dependentes da demografia eleitoral actual: os deputados por círculo, o número de mandatos por câmara, os subsídios das juntas de freguesia, etc.". E apontando o dedo à incoerência do discurso político, Afonso Candal conclui, declarando ao PÚBLICO: "Não se pode dizer que o sistema está em crise e manter nos cadernos eleitores que não votam pura e simplesmente porque não estão cá, já não existem."

Em relação à reunião da bancada socialista saliente-se ainda que o deputado José Saraiva advertiu para o nervosismo que assolará o PS durante o período de preparação do Congresso de Março próximo, além de defender que o PS não pode desbaratar o estado de graça que vive nas sondagens.

Já Eduardo Pereira foi mais longe e desafiou o PS a reflectir sobre se quer governar até 2003 ou antecipar o fim da legislatura. E sustentou que o Congresso sirva para decidir sobre esta questão estratégica, de modo a que o partido decida então com quem se vai aliar parlamentarmente. S.J.A.

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