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28-01-2002
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Abril 2001

«A COLIGAÇÃO TEM DE CONTINUAR A GOVERNAR EM LISBOA» - Diz o dirigente comunista Luís Fernandes Em entrevista ao «Lisboa Cidade» Luís Fernandes afirma que, pelo menos até agora, «não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas de direita». Em contrapartida, faz um balanço dos três mandatos da Coligação, do «trabalho realizado», dos «projectos para lhe dar continuidade» e da «capacidade de inovação» que existe.

«Lisboa Cidade» Após três mandatos da coligação, gostava que me dissesses muito sucintamente quais são os principais méritos do trabalho realizado e também aquilo que te pareceu menos positivo.

«Luís Fernandes» - Os méritos que eu vejo são, em termos práticos, as questões relacionadas com o ordenamento da cidade que foi traduzido no Plano Estratégico e do PDM, o desenvolvimento da rede viária, com alterações significativas no que diz respeito à zona Oriental da cidade, à ligação entre o Norte e o Sul do país através do Eixo Norte-Sul, e também em relação às radiais da cidade - duas vão ser agora abertas (radial de Benfica e radial da Pontinha) - , a revitalização e renovação de toda a zona Oriental, todo o sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos e o saneamento da cidade, a erradicação das barracas que ficará concluída neste mandato, a actividade impar no plano desportivo aliada aos grandes acontecimentos de que Lisboa passou a ser palco, o grande desenvolvimento que houve em termos turísticos, as questões relacionadas com a solidariedade para com os mais desfavorecidos e toda a dinâmica que foi desenvolvida em torno da cultura e da animação da cidade, com as festas e um sem número de eventos que passou a haver. Outro elemento importante do ponto de vista ambiental foi a abertura de novos equipamentos e também a conquista da zona ribeirinha, que era praticamente inacessível à população. Estes são, talvez, os aspectos mais marcantes. Onde talvez não se tenha avançado suficientemente diz respeito ao aproveitamento integral de todos os recursos que a cidade possui, particularmente no que respeita ao parque habitacional municipal, a necessidade de fazer uma distribuição mais equilibrada dos equipamentos, as questões relacionadas com a resposta da administração da câmara às solicitações dos munícipes, e também a questão relacionada com a criação de novos pólos de emprego que está ser conseguido na zona da Expo mas não em outras áreas da cidade.

«L.C.» Um dos primeiros méritos que enunciaste foi o facto de o município se ter munido de algo que não possuía, que foi de um Plano Director e de um Plano Estratégico. A verdade é que uma das críticas mais frequentes à coligação nos últimos tempos é a de que existe de novo, e eu falo de novo porque no tempo da AD (CDS/PSD) era assim, algum casuísmo na gestão municipal. Achas também que este é um dos aspectos negativos ou achas que não há qualquer realismo nesta visão?

«L.F.» - Penso que nesse aspecto talvez se tenha perdido alguma dinâmica mas que está a ser agora renovada. Vai abrir a discussão pública das alterações ao PDM e está em discussão o Plano da Zona Oriental, vai ser posto à discussão o plano de pormenor para Carnide, esteve em discussão o dos Olivais. Portanto, digamos que talvez tenha havido um abrandamento de intervenção na área no planeamento mas que agora está perspectivada uma reanimação através desta discussão do PDM e destes planos de pormenor que referi, sendo que o da zona envolvente da Expo é extremamente importante.

PSD e CDS

Sem projectos

«L.C.» - Ainda estamos a muitos meses das eleições mas a verdade é que já se desenha no horizonte uma complexa corrida. Gostava de saber como é que tu encaras as duas candidaturas da direita, nomeadamente a de Santana Lopes e a de Paulo Portas.

«L.F.» - Até agora, daquilo que foi anunciado, não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas. A candidatura do CDS/PP tem-se limitado a levantar problemas quase todos da responsabilidade do poder central e não do poder autárquico, como as questões relacionadas com a segurança no que diz respeito a um maior policiamento e intervenção das forças de segurança, com as questões relacionadas com a droga e a toxicodependência. Ora tudo isto são aspectos que não têm a ver directamente com a intervenção da Câmara e soluções para os problemas ainda não foram avançadas. Da parte da candidatura do PSD, a sua apresentação foi do ponto de vista de projectos e ideias para a cidade de Lisboa um verdadeiro fiasco. A única sugestão apresentada foi a de atribuir um nome de rua à Amália quando a própria Câmara já decidiu que a Amália vai ter o seu nome num Parque no Alto do Parque Eduardo VII. Portanto, daquilo que até agora foi apresentado, do ponto de vista de projecto autárquico, de projecto de cidade, não há elementos novos. Estas duas candidaturas não constituem alternativas ao projecto que está em curso. Valem mais pela projecção mediática que têm na comunicação social e nas revistas do jet set.

Provas dadas

«L.C.» - Bom, mas há talvez uma questão que não terá que ver com aspectos programáticos e que não será de natureza objectiva mas que poderá ser de natureza subjectiva e que consiste nisto: esta coligação está no poder há doze anos e todos nós sabemos que o poder gera um certo desgaste. Pergunto-te se neste sentido não encaras com alguma apreensão esta disputa com a direita.

«L.F.» - Uma das questões essenciais é não subestimar o adversário e já algumas surpresas têm acontecido quando se subestima a força do adversário e se sobrevaloriza a nossa própria intervenção. Fundamentalmente aquilo que interessa é dar a conhecer o trabalho que tem sido feito e é muito e que ainda vai ser feito até ao final do mandato como por exemplo a renovação doo Rossio, da Praça da Figueira, do Largo do Camões, os novos realojamentos no casal Ventoso, mais equipamentos desportivos no Bairro da Boavista, em Alfama, novas áreas verdes e as radiais da Pontinha e de Benfica que já referi. Estamos também a desenvolver uma campanha em torno dos espaços verdes, dos buracos nos passeios e nas ruas. Portanto há ainda muito trabalho para concluir e poder apresentar e naturalmente que isso vai pesar do ponto de vista eleitoral mas penso que no final do mandato as pessoas vão reconhecer o trabalho da coligação. Isto não implica que não haja insuficiências, que não surjam diariamente novos problemas.

«L.C.» - Mas a verdade é esta: há duas candidaturas fortes da direita...

«L.F.» - Há quatro anos também havia uma candidatura forte, com a direita unida, que era a do Ferreira do Amaral, que trazia o prestígio de ter sido Ministro das Obras Públicas, com obra feita e não foi por essa razão que a coligação não deixou de vencer. Há é um elemento novo...

«L.C.» - Exactamente. Era essa a questão que eu ia colocar-te que é a candidatura do Bloco de Esquerda.

«L.F.» - Não era esse o elemento novo que eu ia referir porque há quatro anos duas das forças componentes do Bloco de Esquerda (PSR e Política XXI) já concorreram com o nome de Esquerdas Unidas. Neste caso concreto, o elemento novo é a participação da UDP e a formação do Bloco de Esquerda. Mas o que eu queria referir como elemento novo é o facto de, há quatro anos, o PS, enquanto partido do Governo, estar numa posição ascendente, digamos assim, e agora haver um descontentamento poder pesar na votação de Lisboa. É preciso não confundir a política de direita do Governo PS com o projecto que se desenvolve em Lisboa, no qual o PCP tem tido um papel muito importante.

Opção do Bloco

É lamentável

«L.C.» - De qualquer maneira não gostava de deixar de te colocar esta questão do Bloco de Esquerda porque se tu dizes que não é um elemento de todo novo, novo é pelo menos o Bloco de Esquerda em si e que tem alcançado resultados significativos, nomeadamente em Lisboa. Portanto pergunto-te se esta candidatura de todo não gera alguma apreensão.

«L.F.» - Apreensão é excessivo e a tua afirmação não é correcta porque o Bloco de Esquerda teve de uma eleição para a outra quebra de votação. A análise que fizemos nas legislativas é de que o Bloco de Esquerda fundamentalmente vai buscar votos ao PS. Interessa neste momento lamentar o facto de os partidos componentes do Bloco de Esquerda, particularmente a UDP se terem afastado desta coligação e serem um trunfo da direita nas próximas eleições. Não é por acaso que as candidaturas do PP e do PSD se manifestaram satisfeitas com o lançamento da candidatura do Bloco de Esquerda. Temos que estar atentos e intervir mas fundamentalmente o que interessa é o combate à direita.

«L.C.» - Queria colocar-te uma última questão que é esta: sucintamente que razões darias aos eleitores para votarem na coligação e não em qualquer das outras forças políticas?

«L.F.» - Há um projecto de cidade que tem vindo a ser desenvolvido, há obra feita em simultâneo com inovação no trabalho. Aquilo que apresentamos não são sonhos, demagogia, mas sim projectos concretos na continuidade do que temos vindo a fazer no sentido da resolução dos problemas das pessoas. Se as pessoas querem a continuidade de um trabalho sério têm que votar em nós. Após três mandatos da coligação, gostava que me dissesses muito sucintamente quais são os principais méritos do trabalho realizado e também aquilo que te pareceu menos positivo.- Os méritos que eu vejo são, em termos práticos, as questões relacionadas com o ordenamento da cidade que foi traduzido no Plano Estratégico e do PDM, o desenvolvimento da rede viária, com alterações significativas no que diz respeito à zona Oriental da cidade, à ligação entre o Norte e o Sul do país através do Eixo Norte-Sul, e também em relação às radiais da cidade - duas vão ser agora abertas (radial de Benfica e radial da Pontinha) - , a revitalização e renovação de toda a zona Oriental, todo o sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos e o saneamento da cidade, a erradicação das barracas que ficará concluída neste mandato, a actividade impar no plano desportivo aliada aos grandes acontecimentos de que Lisboa passou a ser palco, o grande desenvolvimento que houve em termos turísticos, as questões relacionadas com a solidariedade para com os mais desfavorecidos e toda a dinâmica que foi desenvolvida em torno da cultura e da animação da cidade, com as festas e um sem número de eventos que passou a haver. Outro elemento importante do ponto de vista ambiental foi a abertura de novos equipamentos e também a conquista da zona ribeirinha, que era praticamente inacessível à população. Estes são, talvez, os aspectos mais marcantes. Onde talvez não se tenha avançado suficientemente diz respeito ao aproveitamento integral de todos os recursos que a cidade possui, particularmente no que respeita ao parque habitacional municipal, a necessidade de fazer uma distribuição mais equilibrada dos equipamentos, as questões relacionadas com a resposta da administração da câmara às solicitações dos munícipes, e também a questão relacionada com a criação de novos pólos de emprego que está ser conseguido na zona da Expo mas não em outras áreas da cidade.Um dos primeiros méritos que enunciaste foi o facto de o município se ter munido de algo que não possuía, que foi de um Plano Director e de um Plano Estratégico. A verdade é que uma das críticas mais frequentes à coligação nos últimos tempos é a de que existe de novo, e eu falo de novo porque no tempo da AD (CDS/PSD) era assim, algum casuísmo na gestão municipal. Achas também que este é um dos aspectos negativos ou achas que não há qualquer realismo nesta visão?- Penso que nesse aspecto talvez se tenha perdido alguma dinâmica mas que está a ser agora renovada. Vai abrir a discussão pública das alterações ao PDM e está em discussão o Plano da Zona Oriental, vai ser posto à discussão o plano de pormenor para Carnide, esteve em discussão o dos Olivais. Portanto, digamos que talvez tenha havido um abrandamento de intervenção na área no planeamento mas que agora está perspectivada uma reanimação através desta discussão do PDM e destes planos de pormenor que referi, sendo que o da zona envolvente da Expo é extremamente importante.- Ainda estamos a muitos meses das eleições mas a verdade é que já se desenha no horizonte uma complexa corrida. Gostava de saber como é que tu encaras as duas candidaturas da direita, nomeadamente a de Santana Lopes e a de Paulo Portas.- Até agora, daquilo que foi anunciado, não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas. A candidatura do CDS/PP tem-se limitado a levantar problemas quase todos da responsabilidade do poder central e não do poder autárquico, como as questões relacionadas com a segurança no que diz respeito a um maior policiamento e intervenção das forças de segurança, com as questões relacionadas com a droga e a toxicodependência. Ora tudo isto são aspectos que não têm a ver directamente com a intervenção da Câmara e soluções para os problemas ainda não foram avançadas. Da parte da candidatura do PSD, a sua apresentação foi do ponto de vista de projectos e ideias para a cidade de Lisboa um verdadeiro fiasco. A única sugestão apresentada foi a de atribuir um nome de rua à Amália quando a própria Câmara já decidiu que a Amália vai ter o seu nome num Parque no Alto do Parque Eduardo VII. Portanto, daquilo que até agora foi apresentado, do ponto de vista de projecto autárquico, de projecto de cidade, não há elementos novos. Estas duas candidaturas não constituem alternativas ao projecto que está em curso. Valem mais pela projecção mediática que têm na comunicação social e nas revistas do jet set.- Bom, mas há talvez uma questão que não terá que ver com aspectos programáticos e que não será de natureza objectiva mas que poderá ser de natureza subjectiva e que consiste nisto: esta coligação está no poder há doze anos e todos nós sabemos que o poder gera um certo desgaste. Pergunto-te se neste sentido não encaras com alguma apreensão esta disputa com a direita.- Uma das questões essenciais é não subestimar o adversário e já algumas surpresas têm acontecido quando se subestima a força do adversário e se sobrevaloriza a nossa própria intervenção. Fundamentalmente aquilo que interessa é dar a conhecer o trabalho que tem sido feito e é muito e que ainda vai ser feito até ao final do mandato como por exemplo a renovação doo Rossio, da Praça da Figueira, do Largo do Camões, os novos realojamentos no casal Ventoso, mais equipamentos desportivos no Bairro da Boavista, em Alfama, novas áreas verdes e as radiais da Pontinha e de Benfica que já referi. Estamos também a desenvolver uma campanha em torno dos espaços verdes, dos buracos nos passeios e nas ruas. Portanto há ainda muito trabalho para concluir e poder apresentar e naturalmente que isso vai pesar do ponto de vista eleitoral mas penso que no final do mandato as pessoas vão reconhecer o trabalho da coligação. Isto não implica que não haja insuficiências, que não surjam diariamente novos problemas.- Mas a verdade é esta: há duas candidaturas fortes da direita...- Há quatro anos também havia uma candidatura forte, com a direita unida, que era a do Ferreira do Amaral, que trazia o prestígio de ter sido Ministro das Obras Públicas, com obra feita e não foi por essa razão que a coligação não deixou de vencer. Há é um elemento novo...- Exactamente. Era essa a questão que eu ia colocar-te que é a candidatura do Bloco de Esquerda.- Não era esse o elemento novo que eu ia referir porque há quatro anos duas das forças componentes do Bloco de Esquerda (PSR e Política XXI) já concorreram com o nome de Esquerdas Unidas. Neste caso concreto, o elemento novo é a participação da UDP e a formação do Bloco de Esquerda. Mas o que eu queria referir como elemento novo é o facto de, há quatro anos, o PS, enquanto partido do Governo, estar numa posição ascendente, digamos assim, e agora haver um descontentamento poder pesar na votação de Lisboa. É preciso não confundir a política de direita do Governo PS com o projecto que se desenvolve em Lisboa, no qual o PCP tem tido um papel muito importante.- De qualquer maneira não gostava de deixar de te colocar esta questão do Bloco de Esquerda porque se tu dizes que não é um elemento de todo novo, novo é pelo menos o Bloco de Esquerda em si e que tem alcançado resultados significativos, nomeadamente em Lisboa. Portanto pergunto-te se esta candidatura de todo não gera alguma apreensão.- Apreensão é excessivo e a tua afirmação não é correcta porque o Bloco de Esquerda teve de uma eleição para a outra quebra de votação. A análise que fizemos nas legislativas é de que o Bloco de Esquerda fundamentalmente vai buscar votos ao PS. Interessa neste momento lamentar o facto de os partidos componentes do Bloco de Esquerda, particularmente a UDP se terem afastado desta coligação e serem um trunfo da direita nas próximas eleições. Não é por acaso que as candidaturas do PP e do PSD se manifestaram satisfeitas com o lançamento da candidatura do Bloco de Esquerda. Temos que estar atentos e intervir mas fundamentalmente o que interessa é o combate à direita.- Queria colocar-te uma última questão que é esta: sucintamente que razões darias aos eleitores para votarem na coligação e não em qualquer das outras forças políticas?- Há um projecto de cidade que tem vindo a ser desenvolvido, há obra feita em simultâneo com inovação no trabalho. Aquilo que apresentamos não são sonhos, demagogia, mas sim projectos concretos na continuidade do que temos vindo a fazer no sentido da resolução dos problemas das pessoas. Se as pessoas querem a continuidade de um trabalho sério têm que votar em nós. Lisboa Cidade - Abril 2001

Organização da Cidade de Lisboa

Abril 2001

«A COLIGAÇÃO TEM DE CONTINUAR A GOVERNAR EM LISBOA» - Diz o dirigente comunista Luís Fernandes Em entrevista ao «Lisboa Cidade» Luís Fernandes afirma que, pelo menos até agora, «não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas de direita». Em contrapartida, faz um balanço dos três mandatos da Coligação, do «trabalho realizado», dos «projectos para lhe dar continuidade» e da «capacidade de inovação» que existe.

«Lisboa Cidade» Após três mandatos da coligação, gostava que me dissesses muito sucintamente quais são os principais méritos do trabalho realizado e também aquilo que te pareceu menos positivo.

«Luís Fernandes» - Os méritos que eu vejo são, em termos práticos, as questões relacionadas com o ordenamento da cidade que foi traduzido no Plano Estratégico e do PDM, o desenvolvimento da rede viária, com alterações significativas no que diz respeito à zona Oriental da cidade, à ligação entre o Norte e o Sul do país através do Eixo Norte-Sul, e também em relação às radiais da cidade - duas vão ser agora abertas (radial de Benfica e radial da Pontinha) - , a revitalização e renovação de toda a zona Oriental, todo o sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos e o saneamento da cidade, a erradicação das barracas que ficará concluída neste mandato, a actividade impar no plano desportivo aliada aos grandes acontecimentos de que Lisboa passou a ser palco, o grande desenvolvimento que houve em termos turísticos, as questões relacionadas com a solidariedade para com os mais desfavorecidos e toda a dinâmica que foi desenvolvida em torno da cultura e da animação da cidade, com as festas e um sem número de eventos que passou a haver. Outro elemento importante do ponto de vista ambiental foi a abertura de novos equipamentos e também a conquista da zona ribeirinha, que era praticamente inacessível à população. Estes são, talvez, os aspectos mais marcantes. Onde talvez não se tenha avançado suficientemente diz respeito ao aproveitamento integral de todos os recursos que a cidade possui, particularmente no que respeita ao parque habitacional municipal, a necessidade de fazer uma distribuição mais equilibrada dos equipamentos, as questões relacionadas com a resposta da administração da câmara às solicitações dos munícipes, e também a questão relacionada com a criação de novos pólos de emprego que está ser conseguido na zona da Expo mas não em outras áreas da cidade.

«L.C.» Um dos primeiros méritos que enunciaste foi o facto de o município se ter munido de algo que não possuía, que foi de um Plano Director e de um Plano Estratégico. A verdade é que uma das críticas mais frequentes à coligação nos últimos tempos é a de que existe de novo, e eu falo de novo porque no tempo da AD (CDS/PSD) era assim, algum casuísmo na gestão municipal. Achas também que este é um dos aspectos negativos ou achas que não há qualquer realismo nesta visão?

«L.F.» - Penso que nesse aspecto talvez se tenha perdido alguma dinâmica mas que está a ser agora renovada. Vai abrir a discussão pública das alterações ao PDM e está em discussão o Plano da Zona Oriental, vai ser posto à discussão o plano de pormenor para Carnide, esteve em discussão o dos Olivais. Portanto, digamos que talvez tenha havido um abrandamento de intervenção na área no planeamento mas que agora está perspectivada uma reanimação através desta discussão do PDM e destes planos de pormenor que referi, sendo que o da zona envolvente da Expo é extremamente importante.

PSD e CDS

Sem projectos

«L.C.» - Ainda estamos a muitos meses das eleições mas a verdade é que já se desenha no horizonte uma complexa corrida. Gostava de saber como é que tu encaras as duas candidaturas da direita, nomeadamente a de Santana Lopes e a de Paulo Portas.

«L.F.» - Até agora, daquilo que foi anunciado, não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas. A candidatura do CDS/PP tem-se limitado a levantar problemas quase todos da responsabilidade do poder central e não do poder autárquico, como as questões relacionadas com a segurança no que diz respeito a um maior policiamento e intervenção das forças de segurança, com as questões relacionadas com a droga e a toxicodependência. Ora tudo isto são aspectos que não têm a ver directamente com a intervenção da Câmara e soluções para os problemas ainda não foram avançadas. Da parte da candidatura do PSD, a sua apresentação foi do ponto de vista de projectos e ideias para a cidade de Lisboa um verdadeiro fiasco. A única sugestão apresentada foi a de atribuir um nome de rua à Amália quando a própria Câmara já decidiu que a Amália vai ter o seu nome num Parque no Alto do Parque Eduardo VII. Portanto, daquilo que até agora foi apresentado, do ponto de vista de projecto autárquico, de projecto de cidade, não há elementos novos. Estas duas candidaturas não constituem alternativas ao projecto que está em curso. Valem mais pela projecção mediática que têm na comunicação social e nas revistas do jet set.

Provas dadas

«L.C.» - Bom, mas há talvez uma questão que não terá que ver com aspectos programáticos e que não será de natureza objectiva mas que poderá ser de natureza subjectiva e que consiste nisto: esta coligação está no poder há doze anos e todos nós sabemos que o poder gera um certo desgaste. Pergunto-te se neste sentido não encaras com alguma apreensão esta disputa com a direita.

«L.F.» - Uma das questões essenciais é não subestimar o adversário e já algumas surpresas têm acontecido quando se subestima a força do adversário e se sobrevaloriza a nossa própria intervenção. Fundamentalmente aquilo que interessa é dar a conhecer o trabalho que tem sido feito e é muito e que ainda vai ser feito até ao final do mandato como por exemplo a renovação doo Rossio, da Praça da Figueira, do Largo do Camões, os novos realojamentos no casal Ventoso, mais equipamentos desportivos no Bairro da Boavista, em Alfama, novas áreas verdes e as radiais da Pontinha e de Benfica que já referi. Estamos também a desenvolver uma campanha em torno dos espaços verdes, dos buracos nos passeios e nas ruas. Portanto há ainda muito trabalho para concluir e poder apresentar e naturalmente que isso vai pesar do ponto de vista eleitoral mas penso que no final do mandato as pessoas vão reconhecer o trabalho da coligação. Isto não implica que não haja insuficiências, que não surjam diariamente novos problemas.

«L.C.» - Mas a verdade é esta: há duas candidaturas fortes da direita...

«L.F.» - Há quatro anos também havia uma candidatura forte, com a direita unida, que era a do Ferreira do Amaral, que trazia o prestígio de ter sido Ministro das Obras Públicas, com obra feita e não foi por essa razão que a coligação não deixou de vencer. Há é um elemento novo...

«L.C.» - Exactamente. Era essa a questão que eu ia colocar-te que é a candidatura do Bloco de Esquerda.

«L.F.» - Não era esse o elemento novo que eu ia referir porque há quatro anos duas das forças componentes do Bloco de Esquerda (PSR e Política XXI) já concorreram com o nome de Esquerdas Unidas. Neste caso concreto, o elemento novo é a participação da UDP e a formação do Bloco de Esquerda. Mas o que eu queria referir como elemento novo é o facto de, há quatro anos, o PS, enquanto partido do Governo, estar numa posição ascendente, digamos assim, e agora haver um descontentamento poder pesar na votação de Lisboa. É preciso não confundir a política de direita do Governo PS com o projecto que se desenvolve em Lisboa, no qual o PCP tem tido um papel muito importante.

Opção do Bloco

É lamentável

«L.C.» - De qualquer maneira não gostava de deixar de te colocar esta questão do Bloco de Esquerda porque se tu dizes que não é um elemento de todo novo, novo é pelo menos o Bloco de Esquerda em si e que tem alcançado resultados significativos, nomeadamente em Lisboa. Portanto pergunto-te se esta candidatura de todo não gera alguma apreensão.

«L.F.» - Apreensão é excessivo e a tua afirmação não é correcta porque o Bloco de Esquerda teve de uma eleição para a outra quebra de votação. A análise que fizemos nas legislativas é de que o Bloco de Esquerda fundamentalmente vai buscar votos ao PS. Interessa neste momento lamentar o facto de os partidos componentes do Bloco de Esquerda, particularmente a UDP se terem afastado desta coligação e serem um trunfo da direita nas próximas eleições. Não é por acaso que as candidaturas do PP e do PSD se manifestaram satisfeitas com o lançamento da candidatura do Bloco de Esquerda. Temos que estar atentos e intervir mas fundamentalmente o que interessa é o combate à direita.

«L.C.» - Queria colocar-te uma última questão que é esta: sucintamente que razões darias aos eleitores para votarem na coligação e não em qualquer das outras forças políticas?

«L.F.» - Há um projecto de cidade que tem vindo a ser desenvolvido, há obra feita em simultâneo com inovação no trabalho. Aquilo que apresentamos não são sonhos, demagogia, mas sim projectos concretos na continuidade do que temos vindo a fazer no sentido da resolução dos problemas das pessoas. Se as pessoas querem a continuidade de um trabalho sério têm que votar em nós. Após três mandatos da coligação, gostava que me dissesses muito sucintamente quais são os principais méritos do trabalho realizado e também aquilo que te pareceu menos positivo.- Os méritos que eu vejo são, em termos práticos, as questões relacionadas com o ordenamento da cidade que foi traduzido no Plano Estratégico e do PDM, o desenvolvimento da rede viária, com alterações significativas no que diz respeito à zona Oriental da cidade, à ligação entre o Norte e o Sul do país através do Eixo Norte-Sul, e também em relação às radiais da cidade - duas vão ser agora abertas (radial de Benfica e radial da Pontinha) - , a revitalização e renovação de toda a zona Oriental, todo o sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos e o saneamento da cidade, a erradicação das barracas que ficará concluída neste mandato, a actividade impar no plano desportivo aliada aos grandes acontecimentos de que Lisboa passou a ser palco, o grande desenvolvimento que houve em termos turísticos, as questões relacionadas com a solidariedade para com os mais desfavorecidos e toda a dinâmica que foi desenvolvida em torno da cultura e da animação da cidade, com as festas e um sem número de eventos que passou a haver. Outro elemento importante do ponto de vista ambiental foi a abertura de novos equipamentos e também a conquista da zona ribeirinha, que era praticamente inacessível à população. Estes são, talvez, os aspectos mais marcantes. Onde talvez não se tenha avançado suficientemente diz respeito ao aproveitamento integral de todos os recursos que a cidade possui, particularmente no que respeita ao parque habitacional municipal, a necessidade de fazer uma distribuição mais equilibrada dos equipamentos, as questões relacionadas com a resposta da administração da câmara às solicitações dos munícipes, e também a questão relacionada com a criação de novos pólos de emprego que está ser conseguido na zona da Expo mas não em outras áreas da cidade.Um dos primeiros méritos que enunciaste foi o facto de o município se ter munido de algo que não possuía, que foi de um Plano Director e de um Plano Estratégico. A verdade é que uma das críticas mais frequentes à coligação nos últimos tempos é a de que existe de novo, e eu falo de novo porque no tempo da AD (CDS/PSD) era assim, algum casuísmo na gestão municipal. Achas também que este é um dos aspectos negativos ou achas que não há qualquer realismo nesta visão?- Penso que nesse aspecto talvez se tenha perdido alguma dinâmica mas que está a ser agora renovada. Vai abrir a discussão pública das alterações ao PDM e está em discussão o Plano da Zona Oriental, vai ser posto à discussão o plano de pormenor para Carnide, esteve em discussão o dos Olivais. Portanto, digamos que talvez tenha havido um abrandamento de intervenção na área no planeamento mas que agora está perspectivada uma reanimação através desta discussão do PDM e destes planos de pormenor que referi, sendo que o da zona envolvente da Expo é extremamente importante.- Ainda estamos a muitos meses das eleições mas a verdade é que já se desenha no horizonte uma complexa corrida. Gostava de saber como é que tu encaras as duas candidaturas da direita, nomeadamente a de Santana Lopes e a de Paulo Portas.- Até agora, daquilo que foi anunciado, não se vislumbra nenhum projecto novo por parte de qualquer das duas candidaturas. A candidatura do CDS/PP tem-se limitado a levantar problemas quase todos da responsabilidade do poder central e não do poder autárquico, como as questões relacionadas com a segurança no que diz respeito a um maior policiamento e intervenção das forças de segurança, com as questões relacionadas com a droga e a toxicodependência. Ora tudo isto são aspectos que não têm a ver directamente com a intervenção da Câmara e soluções para os problemas ainda não foram avançadas. Da parte da candidatura do PSD, a sua apresentação foi do ponto de vista de projectos e ideias para a cidade de Lisboa um verdadeiro fiasco. A única sugestão apresentada foi a de atribuir um nome de rua à Amália quando a própria Câmara já decidiu que a Amália vai ter o seu nome num Parque no Alto do Parque Eduardo VII. Portanto, daquilo que até agora foi apresentado, do ponto de vista de projecto autárquico, de projecto de cidade, não há elementos novos. Estas duas candidaturas não constituem alternativas ao projecto que está em curso. Valem mais pela projecção mediática que têm na comunicação social e nas revistas do jet set.- Bom, mas há talvez uma questão que não terá que ver com aspectos programáticos e que não será de natureza objectiva mas que poderá ser de natureza subjectiva e que consiste nisto: esta coligação está no poder há doze anos e todos nós sabemos que o poder gera um certo desgaste. Pergunto-te se neste sentido não encaras com alguma apreensão esta disputa com a direita.- Uma das questões essenciais é não subestimar o adversário e já algumas surpresas têm acontecido quando se subestima a força do adversário e se sobrevaloriza a nossa própria intervenção. Fundamentalmente aquilo que interessa é dar a conhecer o trabalho que tem sido feito e é muito e que ainda vai ser feito até ao final do mandato como por exemplo a renovação doo Rossio, da Praça da Figueira, do Largo do Camões, os novos realojamentos no casal Ventoso, mais equipamentos desportivos no Bairro da Boavista, em Alfama, novas áreas verdes e as radiais da Pontinha e de Benfica que já referi. Estamos também a desenvolver uma campanha em torno dos espaços verdes, dos buracos nos passeios e nas ruas. Portanto há ainda muito trabalho para concluir e poder apresentar e naturalmente que isso vai pesar do ponto de vista eleitoral mas penso que no final do mandato as pessoas vão reconhecer o trabalho da coligação. Isto não implica que não haja insuficiências, que não surjam diariamente novos problemas.- Mas a verdade é esta: há duas candidaturas fortes da direita...- Há quatro anos também havia uma candidatura forte, com a direita unida, que era a do Ferreira do Amaral, que trazia o prestígio de ter sido Ministro das Obras Públicas, com obra feita e não foi por essa razão que a coligação não deixou de vencer. Há é um elemento novo...- Exactamente. Era essa a questão que eu ia colocar-te que é a candidatura do Bloco de Esquerda.- Não era esse o elemento novo que eu ia referir porque há quatro anos duas das forças componentes do Bloco de Esquerda (PSR e Política XXI) já concorreram com o nome de Esquerdas Unidas. Neste caso concreto, o elemento novo é a participação da UDP e a formação do Bloco de Esquerda. Mas o que eu queria referir como elemento novo é o facto de, há quatro anos, o PS, enquanto partido do Governo, estar numa posição ascendente, digamos assim, e agora haver um descontentamento poder pesar na votação de Lisboa. É preciso não confundir a política de direita do Governo PS com o projecto que se desenvolve em Lisboa, no qual o PCP tem tido um papel muito importante.- De qualquer maneira não gostava de deixar de te colocar esta questão do Bloco de Esquerda porque se tu dizes que não é um elemento de todo novo, novo é pelo menos o Bloco de Esquerda em si e que tem alcançado resultados significativos, nomeadamente em Lisboa. Portanto pergunto-te se esta candidatura de todo não gera alguma apreensão.- Apreensão é excessivo e a tua afirmação não é correcta porque o Bloco de Esquerda teve de uma eleição para a outra quebra de votação. A análise que fizemos nas legislativas é de que o Bloco de Esquerda fundamentalmente vai buscar votos ao PS. Interessa neste momento lamentar o facto de os partidos componentes do Bloco de Esquerda, particularmente a UDP se terem afastado desta coligação e serem um trunfo da direita nas próximas eleições. Não é por acaso que as candidaturas do PP e do PSD se manifestaram satisfeitas com o lançamento da candidatura do Bloco de Esquerda. Temos que estar atentos e intervir mas fundamentalmente o que interessa é o combate à direita.- Queria colocar-te uma última questão que é esta: sucintamente que razões darias aos eleitores para votarem na coligação e não em qualquer das outras forças políticas?- Há um projecto de cidade que tem vindo a ser desenvolvido, há obra feita em simultâneo com inovação no trabalho. Aquilo que apresentamos não são sonhos, demagogia, mas sim projectos concretos na continuidade do que temos vindo a fazer no sentido da resolução dos problemas das pessoas. Se as pessoas querem a continuidade de um trabalho sério têm que votar em nós. Lisboa Cidade - Abril 2001

Organização da Cidade de Lisboa

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