Portugueses a caminho da mãe de todas as manifestações

14-08-2001
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Portugueses a Caminho da Mãe de Todas as Manifestações

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sexta, 20 de Julho de 2001

Os militantes do Bloco de Esquerda e do PCP repudiam a violência, que vêem como uma arma dos governos para desviar as atenções do que é reivindicado

Tencionam chegar a Génova no sábado, a tempo da "grande manifestação de massas". Os poucos portugueses que vão a caminho da cidade sitiada não querem ouvir falar de violência. Por isso mesmo dizem que não vão participar nas chamadas "acções directas" dos grupos mais radicais, cingindo-se à manifestação onde a organização espera juntar 120 mil manifestantes.

Nessa mole humana estarão pouco mais de 100 portugueses, que curiosamente perfazem uma quase autêntica frente de esquerda unitária. Isto porque tanto o Partido Comunista Português (PCP) como o Bloco de Esquerda (BE) estarão presentes nas manifestações a convite da Refundação Comunista. Que depois, no domingo, os leva para Roma, onde se realiza um acampamento de jovens afectos à IV Internacional.

O PCP e a sua Juventude juntou os 17 primeiros militantes antiglobalização a seguir para Itália. No entanto, é a plataforma do Bloco de Esquerda que leva o maior contingente. Cerca de 70 pessoas, principalmente do Partido Socialista Revolucionário (PSR), que querem estar no epicentro de todas as manifestações. Em comum com os militantes do PCP têm a intenção de ir apenas à manifestação final, agendada para a tarde de amanhã e, assim, evitar confusões.

Luís Branco é um dos que vai a caminho na comitiva do BE. É um manifestante com experiência. Esteve em Nice, na cimeira da União Europeia, onde apanhou "uma 'overdose' de gás lacrimogéneo". Recorre ao que aí viveu para dizer de sua justiça sobre a violência que se tornou habitual neste tipo de eventos: "Essa violência tem como objectivo virar-se contra o movimento. Quando oiço falar em bombas desconfio logo. Esse tipo de situações só serve para justificar cada vez mais polícia nas cimeiras. E são eles que têm o monopólio da violência."

Uma opinião não muito diferente da expressa por Ângelo Alves, um dos militantes do PCP a caminho de Génova: "Para nós é claro que há uma tentativa por parte dos governos em criar todo um ambiente de pré-guerra." Daí que o membro do Comité Central do PCP, que gritou contra o Banco Mundial em Praga em Setembro do ano passado, deixe muito claro que não quer ter nada a ver com os "grupos muito minoritários" que planeiam as chamadas "acções directas". Iniciativas que, segundo Ângelo Alves, mais não são que "tentativas de penetração na zona vermelha", totalmente interdita a manifestantes e fortemente vigiada pelas autoridades. "Qualquer acção que tenha como objectivo a violação da zona vermelha não contribui para os resultados positivos das manifestações", diz o comunista.

Mas os jovens não serão os únicos portugueses em Génova. João Vieira é a excepção. O dirigente da Confederação Nacional da Agricultura estará em Itália para defender a agricultura portuguesa dos ditames das multinacionais.

Portugueses a Caminho da Mãe de Todas as Manifestações

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sexta, 20 de Julho de 2001

Os militantes do Bloco de Esquerda e do PCP repudiam a violência, que vêem como uma arma dos governos para desviar as atenções do que é reivindicado

Tencionam chegar a Génova no sábado, a tempo da "grande manifestação de massas". Os poucos portugueses que vão a caminho da cidade sitiada não querem ouvir falar de violência. Por isso mesmo dizem que não vão participar nas chamadas "acções directas" dos grupos mais radicais, cingindo-se à manifestação onde a organização espera juntar 120 mil manifestantes.

Nessa mole humana estarão pouco mais de 100 portugueses, que curiosamente perfazem uma quase autêntica frente de esquerda unitária. Isto porque tanto o Partido Comunista Português (PCP) como o Bloco de Esquerda (BE) estarão presentes nas manifestações a convite da Refundação Comunista. Que depois, no domingo, os leva para Roma, onde se realiza um acampamento de jovens afectos à IV Internacional.

O PCP e a sua Juventude juntou os 17 primeiros militantes antiglobalização a seguir para Itália. No entanto, é a plataforma do Bloco de Esquerda que leva o maior contingente. Cerca de 70 pessoas, principalmente do Partido Socialista Revolucionário (PSR), que querem estar no epicentro de todas as manifestações. Em comum com os militantes do PCP têm a intenção de ir apenas à manifestação final, agendada para a tarde de amanhã e, assim, evitar confusões.

Luís Branco é um dos que vai a caminho na comitiva do BE. É um manifestante com experiência. Esteve em Nice, na cimeira da União Europeia, onde apanhou "uma 'overdose' de gás lacrimogéneo". Recorre ao que aí viveu para dizer de sua justiça sobre a violência que se tornou habitual neste tipo de eventos: "Essa violência tem como objectivo virar-se contra o movimento. Quando oiço falar em bombas desconfio logo. Esse tipo de situações só serve para justificar cada vez mais polícia nas cimeiras. E são eles que têm o monopólio da violência."

Uma opinião não muito diferente da expressa por Ângelo Alves, um dos militantes do PCP a caminho de Génova: "Para nós é claro que há uma tentativa por parte dos governos em criar todo um ambiente de pré-guerra." Daí que o membro do Comité Central do PCP, que gritou contra o Banco Mundial em Praga em Setembro do ano passado, deixe muito claro que não quer ter nada a ver com os "grupos muito minoritários" que planeiam as chamadas "acções directas". Iniciativas que, segundo Ângelo Alves, mais não são que "tentativas de penetração na zona vermelha", totalmente interdita a manifestantes e fortemente vigiada pelas autoridades. "Qualquer acção que tenha como objectivo a violação da zona vermelha não contribui para os resultados positivos das manifestações", diz o comunista.

Mas os jovens não serão os únicos portugueses em Génova. João Vieira é a excepção. O dirigente da Confederação Nacional da Agricultura estará em Itália para defender a agricultura portuguesa dos ditames das multinacionais.

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