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10-10-2000
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20 de Fevereiro

OE aprovado: Despesismo governamental e ataques ao PP marcaram debate

O Orçamento de Estado (OE) para 2000 foi hoje aprovado na generalidade. A abstenção do CDS-PP e os votos favoráveis dos socialistas permitiram a passagem do diploma para a especialidade. Os restantes partidos com assento parlamentar votaram contra e aproveitaram os últimos discursos para criticar o Governo e o PP: o PSD atacou a decisão dos populares de viabilizar um Orçamento "despesista" que considera de esquerda. O PCP, por sua vez, disse que o PP viabilizou um OE "de direita" e o Bloco de Esquerda acusou o Governo de ter escolhido "o punhal do CDS-PP". O ministro da Economia e Finanças, Pina Moura, respondeu às críticas sociais-democratas e desafiou o PSD a apresentar medidas para cortar na despesa pública. PS: Pina Moura desafiou PSD a apresentar propostas de redução da despesa O ministro das Finanças e da Economia, Pina Moura, desafiou hoje o líder do PSD, Durão Barroso, a apresentar um conjunto de medidas de corte na despesa pública do Estado.

Pina Moura disse ainda que "O PSD [quando era Governo] fez mais despesa pública, mas menos despesa social" do que o actual Executivo, lembrando, num comentário implícito às críticas de Cavaco Silva, que o "agravamento da despesa, esquecendo a vertente social, é que é politicamente monstruoso".

O líder parlamentar dos socialistas, Francisco Assis, por sua vez, disse que Durão Barroso corre o risco de ser conhecido como o "senhor não", acusando o líder social-democrata de ser "incapaz de dizer sim, mesmo quando estão em causa assuntos fundamentais para a estabilidade política".

Assis criticou também o PCP, partido que disse "continuar prisioneiro de arcaísmos ideológicos". O deputado socialista revelou, no entanto, que o PS "está a acompanhar com atenção o processo interno de renovação" dos comunistas. PP: "Missão cumprida", disse Basílio Horta Basílio Horta terminou hoje o seu discurso no final do debate sobre o OE, com um "missão cumprida, CDS". Na sua intervenção, Basílio Horta fez diversas críticas à proposta de lei orçamental e justificou as propostas de alteração do PP que permitiram viabilizar o Orçamento.

O deputado disse que o chumbo do orçamento faria o país entrar numa "crise", com a realização de eleições antecipadas num "momento inoportuno", em que o primeiro-ministro iria entrar num processo de "vitimização". Por outro lado, as alterações apresentadas pelos populares e aceites pelo Governo tiveram "consequências muito positivas para as famílias, para os contribuintes e para cerca de 500 mil reformados", sublinhou Horta.

"O CDS-PP honra-se de ter cumprido o seu dever e respeitado as suas promessas eleitorais", realçou. "A abstenção do CDS-PP, nas circunstâncias nacionais em que foi decidido, reforça o seu papel, não de maior, mas sem dúvida de melhor partido da oposição", acrescentou Basílio Horta. PSD: Barroso defende menos e melhores gastos O líder social-democrata, Durão Barroso, sublinhou hoje na AR que "o PSD quer gastar menos, mas melhor", justificando assim o voto contra a proposta de Orçamento de Estado para 2000. No encerramento do debate, Barroso defendeu a necessidade de "cortes nas centenas de milhões de contos que são desviados para aplicações inúteis".

O presidente do PSD manifestou estranheza por ter sido o CDS-PP a viabilizar a aprovação da proposta orçamental. "Aqui estamos perante um paradoxo: um orçamento despesista, como é timbre da esquerda, a ser viabilizado pelo partido mais à direita desta câmara", salientou Barroso, aplaudido de pé pela sua bancada, incluindo Santana Lopes e Marques Mendes, os seus adversários na disputa pela liderança do PSD.

"A proposta de Orçamento merece claramente ser reprovada. Porque quaisquer benefícios pontuais, por muito justos que sejam, não compensam o prejuízo global que representa para o país", sublinhou Durão Barroso. PCP: Carvalhas conta a história de uma "viabilização anunciada" O líder do Partido Comunista Português, Carlos Carvalhas, recorreu ao bom-humor e à ironia para criticar não só a proposta de orçamento do Governo, mas também o Partido Popular, que viabilizou a proposta socialista.

Carvalhas acusou o primeiro-ministro António Guterres de apresentar Portugal como um "paraíso virtual, construído com as engenharias estatísticas, com a contabilidade criativa, com o procurar fazer passar a árvore pela floresta".

Recorrendo a um relato de conversas imaginárias, o secretário-geral do PCP acusou o PP se deixar cair no engodo do Governo. "Há uns meses o primeiro-ministro disse a Ferro Rodrigues [ministro do Trabalho e da Solidariedade]: no aumento anual das reformas retira uma parte do previsto para os rurais para servir de troca ao voto favorável do partido que queira deixar passar o Orçamento", começou Carvalhas.

O líder comunista disse ainda que "um orçamento de direita só poderia ser viabilizado por um partido de direita". "Os Verdes": "Falta visão de futuro"

Pela parte do Partido Ecologista "Os Verdes", Fernando Pezinhos explicou que "falta de visão de futuro" do diploma justifica o voto contra. Segundo o deputado ecologista, o Orçamento não favorece "políticas coerentes para a diversificação das fontes energéticas", nem possui meios suficientes para dar uma solução aos resíduos ou para proteger e ordenar o litoral do país. Bloco de Esquerda: "Governo escolheu punhal do CDS-PP" O deputado do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, aproveitou o debate sobre o Orçamento de Estado 2000 para criticar o PP e o PS. Luís Fazenda referiu-se a uma advertência de crise política lançada pelo primeiro-ministro - "entre a espada e a parede prefiro a espada" -, para depois dizer: "Ficou a saber-se que entre a espada e a parede, o Governo escolheu o punhal do CDS-PP e tanto assim é que os populares viabilizaram não só o Orçamento como também este Governo".

Luís Fazenda aproveitou também para responder aos populares, que afirmaram não ter negociado com o PS: "O CDS-PP diz que não negociou nada, mas talvez tenha posto um anúncio no jornal do tipo: partido respeitável, conservador, procura Governo para fins convenientes", disse Fazenda, provocando gargalhadas na Assembleia da República.

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OE aprovado: Despesismo governamental e ataques ao PP marcaram debate

O Orçamento de Estado (OE) para 2000 foi hoje aprovado na generalidade. A abstenção do CDS-PP e os votos favoráveis dos socialistas permitiram a passagem do diploma para a especialidade. Os restantes partidos com assento parlamentar votaram contra e aproveitaram os últimos discursos para criticar o Governo e o PP: o PSD atacou a decisão dos populares de viabilizar um Orçamento "despesista" que considera de esquerda. O PCP, por sua vez, disse que o PP viabilizou um OE "de direita" e o Bloco de Esquerda acusou o Governo de ter escolhido "o punhal do CDS-PP". O ministro da Economia e Finanças, Pina Moura, respondeu às críticas sociais-democratas e desafiou o PSD a apresentar medidas para cortar na despesa pública. PS: Pina Moura desafiou PSD a apresentar propostas de redução da despesa O ministro das Finanças e da Economia, Pina Moura, desafiou hoje o líder do PSD, Durão Barroso, a apresentar um conjunto de medidas de corte na despesa pública do Estado.

Pina Moura disse ainda que "O PSD [quando era Governo] fez mais despesa pública, mas menos despesa social" do que o actual Executivo, lembrando, num comentário implícito às críticas de Cavaco Silva, que o "agravamento da despesa, esquecendo a vertente social, é que é politicamente monstruoso".

O líder parlamentar dos socialistas, Francisco Assis, por sua vez, disse que Durão Barroso corre o risco de ser conhecido como o "senhor não", acusando o líder social-democrata de ser "incapaz de dizer sim, mesmo quando estão em causa assuntos fundamentais para a estabilidade política".

Assis criticou também o PCP, partido que disse "continuar prisioneiro de arcaísmos ideológicos". O deputado socialista revelou, no entanto, que o PS "está a acompanhar com atenção o processo interno de renovação" dos comunistas. PP: "Missão cumprida", disse Basílio Horta Basílio Horta terminou hoje o seu discurso no final do debate sobre o OE, com um "missão cumprida, CDS". Na sua intervenção, Basílio Horta fez diversas críticas à proposta de lei orçamental e justificou as propostas de alteração do PP que permitiram viabilizar o Orçamento.

O deputado disse que o chumbo do orçamento faria o país entrar numa "crise", com a realização de eleições antecipadas num "momento inoportuno", em que o primeiro-ministro iria entrar num processo de "vitimização". Por outro lado, as alterações apresentadas pelos populares e aceites pelo Governo tiveram "consequências muito positivas para as famílias, para os contribuintes e para cerca de 500 mil reformados", sublinhou Horta.

"O CDS-PP honra-se de ter cumprido o seu dever e respeitado as suas promessas eleitorais", realçou. "A abstenção do CDS-PP, nas circunstâncias nacionais em que foi decidido, reforça o seu papel, não de maior, mas sem dúvida de melhor partido da oposição", acrescentou Basílio Horta. PSD: Barroso defende menos e melhores gastos O líder social-democrata, Durão Barroso, sublinhou hoje na AR que "o PSD quer gastar menos, mas melhor", justificando assim o voto contra a proposta de Orçamento de Estado para 2000. No encerramento do debate, Barroso defendeu a necessidade de "cortes nas centenas de milhões de contos que são desviados para aplicações inúteis".

O presidente do PSD manifestou estranheza por ter sido o CDS-PP a viabilizar a aprovação da proposta orçamental. "Aqui estamos perante um paradoxo: um orçamento despesista, como é timbre da esquerda, a ser viabilizado pelo partido mais à direita desta câmara", salientou Barroso, aplaudido de pé pela sua bancada, incluindo Santana Lopes e Marques Mendes, os seus adversários na disputa pela liderança do PSD.

"A proposta de Orçamento merece claramente ser reprovada. Porque quaisquer benefícios pontuais, por muito justos que sejam, não compensam o prejuízo global que representa para o país", sublinhou Durão Barroso. PCP: Carvalhas conta a história de uma "viabilização anunciada" O líder do Partido Comunista Português, Carlos Carvalhas, recorreu ao bom-humor e à ironia para criticar não só a proposta de orçamento do Governo, mas também o Partido Popular, que viabilizou a proposta socialista.

Carvalhas acusou o primeiro-ministro António Guterres de apresentar Portugal como um "paraíso virtual, construído com as engenharias estatísticas, com a contabilidade criativa, com o procurar fazer passar a árvore pela floresta".

Recorrendo a um relato de conversas imaginárias, o secretário-geral do PCP acusou o PP se deixar cair no engodo do Governo. "Há uns meses o primeiro-ministro disse a Ferro Rodrigues [ministro do Trabalho e da Solidariedade]: no aumento anual das reformas retira uma parte do previsto para os rurais para servir de troca ao voto favorável do partido que queira deixar passar o Orçamento", começou Carvalhas.

O líder comunista disse ainda que "um orçamento de direita só poderia ser viabilizado por um partido de direita". "Os Verdes": "Falta visão de futuro"

Pela parte do Partido Ecologista "Os Verdes", Fernando Pezinhos explicou que "falta de visão de futuro" do diploma justifica o voto contra. Segundo o deputado ecologista, o Orçamento não favorece "políticas coerentes para a diversificação das fontes energéticas", nem possui meios suficientes para dar uma solução aos resíduos ou para proteger e ordenar o litoral do país. Bloco de Esquerda: "Governo escolheu punhal do CDS-PP" O deputado do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, aproveitou o debate sobre o Orçamento de Estado 2000 para criticar o PP e o PS. Luís Fazenda referiu-se a uma advertência de crise política lançada pelo primeiro-ministro - "entre a espada e a parede prefiro a espada" -, para depois dizer: "Ficou a saber-se que entre a espada e a parede, o Governo escolheu o punhal do CDS-PP e tanto assim é que os populares viabilizaram não só o Orçamento como também este Governo".

Luís Fazenda aproveitou também para responder aos populares, que afirmaram não ter negociado com o PS: "O CDS-PP diz que não negociou nada, mas talvez tenha posto um anúncio no jornal do tipo: partido respeitável, conservador, procura Governo para fins convenientes", disse Fazenda, provocando gargalhadas na Assembleia da República.

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