"Venha cá bater-me senhor primeiro-ministro"

29-06-2001
marcar artigo

CDS-PP

"Venha Cá Bater-me Senhor Primeiro-ministro"

Sexta, 29 de Junho de 2001

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, chegou ao debate do estado da nação de peito-feito, desafiando o primeiro-ministro a "ir-lhe às fuças", mas no essencial o seu discurso não foi tanto contra o Governo, mas sobretudo contra o PSD. Com um discurso - tanto nas perguntas a Guterres, como na intervenção de fundo - assente na piada fácil e nos números mediáticos, Portas teve graça, mas não foi importante.

Pegando na frase que o primeiro-ministro disse na reunião do grupo parlamentar socialista sobre o que lhe gostaria de fazer à direita- "não me apetece outra cosia senão ir-lhes às fuças" -, o líder do CDS-PP centrou todo o seu pedido de esclarecimento a Guterres na questão das "fuças", explicando que até foi ver ao novo dicionário o que quer dizer a palavra e descobriu que tem a origem em "focinho" e "ventas" é um sinónimo. "Da direita nesta casa sou eu. (...) se quer bater em alguém para resolver o seu problema, venha cá bater-me, senhor primeiro-ministro", desafiou Portas, ao que Guterres respondeu: "Nunca me passou pela cabeça alguma vez atentar contra a sua compleição."

Assumindo a sua frase, o primeiro-ministro reconheceu que cometeu um dislate: "O senhor deputado Paulo Portas não tem o monopólio do disparate. Até eu posso dizer disparates." Quanto à única questão séria lançada por Portas - o congelamento dos salários da função pública -, Guterres negou que seja isso que está em causa no plano de redução da despesa.

Na sua intervenção de fundo, o líder dos centristas continuou no mesmo registo, mas não teve sequer o gosto de ter um pedido de esclarecimento. Portas defendeu aí que os socialistas devem sair já do Governo e que qualquer prolongamento só prejudica o país, no que foi claramente uma crítica à decisão do PSD de viabilizar o orçamento rectificativo.

Para o líder do CDS-PP, o Governo poderia cair já amanhã se toda a oposição votasse contra o rectificativo e obrigasse Guterres a apresentar uma moção de confiança, que também seria chumbada. "Se amanhã não cair, é porque lhe deram a mão, o que prolongará a agonia e a desgraça do país", acrescentou Portas, concluindo: "Cair amanhã seria um alívio para o país, estar mais dois meses seria uma agonia para o país e estar mais dois anos seria um pesadelo."

E.L./S.J.A.

CDS-PP

"Venha Cá Bater-me Senhor Primeiro-ministro"

Sexta, 29 de Junho de 2001

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, chegou ao debate do estado da nação de peito-feito, desafiando o primeiro-ministro a "ir-lhe às fuças", mas no essencial o seu discurso não foi tanto contra o Governo, mas sobretudo contra o PSD. Com um discurso - tanto nas perguntas a Guterres, como na intervenção de fundo - assente na piada fácil e nos números mediáticos, Portas teve graça, mas não foi importante.

Pegando na frase que o primeiro-ministro disse na reunião do grupo parlamentar socialista sobre o que lhe gostaria de fazer à direita- "não me apetece outra cosia senão ir-lhes às fuças" -, o líder do CDS-PP centrou todo o seu pedido de esclarecimento a Guterres na questão das "fuças", explicando que até foi ver ao novo dicionário o que quer dizer a palavra e descobriu que tem a origem em "focinho" e "ventas" é um sinónimo. "Da direita nesta casa sou eu. (...) se quer bater em alguém para resolver o seu problema, venha cá bater-me, senhor primeiro-ministro", desafiou Portas, ao que Guterres respondeu: "Nunca me passou pela cabeça alguma vez atentar contra a sua compleição."

Assumindo a sua frase, o primeiro-ministro reconheceu que cometeu um dislate: "O senhor deputado Paulo Portas não tem o monopólio do disparate. Até eu posso dizer disparates." Quanto à única questão séria lançada por Portas - o congelamento dos salários da função pública -, Guterres negou que seja isso que está em causa no plano de redução da despesa.

Na sua intervenção de fundo, o líder dos centristas continuou no mesmo registo, mas não teve sequer o gosto de ter um pedido de esclarecimento. Portas defendeu aí que os socialistas devem sair já do Governo e que qualquer prolongamento só prejudica o país, no que foi claramente uma crítica à decisão do PSD de viabilizar o orçamento rectificativo.

Para o líder do CDS-PP, o Governo poderia cair já amanhã se toda a oposição votasse contra o rectificativo e obrigasse Guterres a apresentar uma moção de confiança, que também seria chumbada. "Se amanhã não cair, é porque lhe deram a mão, o que prolongará a agonia e a desgraça do país", acrescentou Portas, concluindo: "Cair amanhã seria um alívio para o país, estar mais dois meses seria uma agonia para o país e estar mais dois anos seria um pesadelo."

E.L./S.J.A.

marcar artigo