JORNAL PUBLICO: Tachos, cozinhados e negócios obscenos

11-11-1999
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27/08/95

Carlos Carvalhas e João Amaral atacam duro no Porto

Tachos, cozinhados e negócios obscenos

A CDU foi na sexta-feira à noite à Ribeira portuense criticar fortemente o PS e o CDS-PP, acusando os dois partidos de estarem a preparar um "cozinhado", um "negócio obsceno", e classificar os segundos como "nacionalistas e xenófobos". Ataques violentos a fazerem subir a temperatura política numa quente noite de Verão.

Sob o lema "Chegar a bom Porto", a festa-comício da CDU estava marcada para as 22h00. Meia hora antes, no entanto, já as esplanadas da Praça da Ribeira se enchiam de gente, que ali vinha para ouvir o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, aproveitando para arrefecer um pouco a noite com um copo de cerveja. Alguns elementos da organização da CDU começavam nessa altura a distribuir bandeiras brancas, com os logotipos dos dois partidos da coligação, bem como as históricas vermelhas com a foice e o martelo, do PCP.

Era assim que, aos poucos, o cenário se compunha para receber Carlos Carvalhas e João Amaral, que chegaram à hora prevista. Muitas pessoas preferiram assistir ao comício a partir de suas casas, e as janelas dos edifícios à volta da praça foram-se enchendo à medida que se aproximava o momento alto da noite.

A primeira intervenção coube a João Amaral, cabeça de lista da CDU pelo distrito do Porto e vice-presidente da bancada parlamentar do PCP na Assembleia da República. O seu discurso pautou-se por uma crítica cerrada à actuação de alguns líderes políticos do PS e do CDS-PP nortenhos (leia-se Narciso Miranda, Fernando Gomes e António Lobo Xavier), os quais acusou de promoverem "um negócio obsceno para a formação de um governo do PS com a extrema-direita parlamentar".

As referências às tendências políticas do CDS-PP não ficaram por aqui, já que João Amaral voltou a insistir em que este partido revelava aspectos "nacionalistas e xenófobos", encontrando-se "cada vez mais à direita, mais saudosista e reaccionário".

Na opinião do dirigente comunista, o PS "não acredita em maiorias absolutas e sabe que só pode formar governo na base de acordos com outros partidos". Assim, Amaral defendeu que "o voto no PS é um voto numa incógnita, que pode ir até alianças com um partido como o CDS-PP". Salientou ainda que estas eleições estão a transformar-se "numa escolha sem alternativa entre dois candidatos a primeiro-ministro", ao pretender reduzir-se o debate político à "escolha entre a melena do engenheiro Guterres e o passa-piolhos do dr. Nogueira".

Os tachos de Carvalhas

Carlos Carvalhas guardou-se para o final, sem ter alterado significativamente o discurso apresentado pelo seu camarada de partido. Os ataques ao PSD e ao "cozinhado preparado entre o PS e o CDS-PP", nas palavras de Carvalhas, foram uma constante.

O comício que pela mesma hora o PSD realizava na Póvoa do Varzim foi o mote para uma intervenção do secretário-geral do PCP afirmando que Fernando Nogueira não se lembraria de dizer "ao povo que o governo PSD aumentou a idade de reforma para as mulheres e que degradou as pensões, as reformas e os salários dos trabalhadores da função pública".

Além das críticas a Fernando Nogueira, Carvalhas associou os tachos utilizados na propaganda eleitoral do CDS-PP ao "cozinhado" que este partido preparava com o PS, sublinhando, porém, que "a CDU estava ali para estragar o cozinhado entre as forças políticas de direita". O líder comunista insurgiu-se ainda contra o que chama "política espectáculo", alegadamente protagonizada por socialistas e sociais-democratas, e reclamou a apresentação de propostas para que "a população portuguesa possa reflectir e decidir" sobre quais os candidatos que melhor servem o país.

Ricardo Costa

27/08/95

Carlos Carvalhas e João Amaral atacam duro no Porto

Tachos, cozinhados e negócios obscenos

A CDU foi na sexta-feira à noite à Ribeira portuense criticar fortemente o PS e o CDS-PP, acusando os dois partidos de estarem a preparar um "cozinhado", um "negócio obsceno", e classificar os segundos como "nacionalistas e xenófobos". Ataques violentos a fazerem subir a temperatura política numa quente noite de Verão.

Sob o lema "Chegar a bom Porto", a festa-comício da CDU estava marcada para as 22h00. Meia hora antes, no entanto, já as esplanadas da Praça da Ribeira se enchiam de gente, que ali vinha para ouvir o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, aproveitando para arrefecer um pouco a noite com um copo de cerveja. Alguns elementos da organização da CDU começavam nessa altura a distribuir bandeiras brancas, com os logotipos dos dois partidos da coligação, bem como as históricas vermelhas com a foice e o martelo, do PCP.

Era assim que, aos poucos, o cenário se compunha para receber Carlos Carvalhas e João Amaral, que chegaram à hora prevista. Muitas pessoas preferiram assistir ao comício a partir de suas casas, e as janelas dos edifícios à volta da praça foram-se enchendo à medida que se aproximava o momento alto da noite.

A primeira intervenção coube a João Amaral, cabeça de lista da CDU pelo distrito do Porto e vice-presidente da bancada parlamentar do PCP na Assembleia da República. O seu discurso pautou-se por uma crítica cerrada à actuação de alguns líderes políticos do PS e do CDS-PP nortenhos (leia-se Narciso Miranda, Fernando Gomes e António Lobo Xavier), os quais acusou de promoverem "um negócio obsceno para a formação de um governo do PS com a extrema-direita parlamentar".

As referências às tendências políticas do CDS-PP não ficaram por aqui, já que João Amaral voltou a insistir em que este partido revelava aspectos "nacionalistas e xenófobos", encontrando-se "cada vez mais à direita, mais saudosista e reaccionário".

Na opinião do dirigente comunista, o PS "não acredita em maiorias absolutas e sabe que só pode formar governo na base de acordos com outros partidos". Assim, Amaral defendeu que "o voto no PS é um voto numa incógnita, que pode ir até alianças com um partido como o CDS-PP". Salientou ainda que estas eleições estão a transformar-se "numa escolha sem alternativa entre dois candidatos a primeiro-ministro", ao pretender reduzir-se o debate político à "escolha entre a melena do engenheiro Guterres e o passa-piolhos do dr. Nogueira".

Os tachos de Carvalhas

Carlos Carvalhas guardou-se para o final, sem ter alterado significativamente o discurso apresentado pelo seu camarada de partido. Os ataques ao PSD e ao "cozinhado preparado entre o PS e o CDS-PP", nas palavras de Carvalhas, foram uma constante.

O comício que pela mesma hora o PSD realizava na Póvoa do Varzim foi o mote para uma intervenção do secretário-geral do PCP afirmando que Fernando Nogueira não se lembraria de dizer "ao povo que o governo PSD aumentou a idade de reforma para as mulheres e que degradou as pensões, as reformas e os salários dos trabalhadores da função pública".

Além das críticas a Fernando Nogueira, Carvalhas associou os tachos utilizados na propaganda eleitoral do CDS-PP ao "cozinhado" que este partido preparava com o PS, sublinhando, porém, que "a CDU estava ali para estragar o cozinhado entre as forças políticas de direita". O líder comunista insurgiu-se ainda contra o que chama "política espectáculo", alegadamente protagonizada por socialistas e sociais-democratas, e reclamou a apresentação de propostas para que "a população portuguesa possa reflectir e decidir" sobre quais os candidatos que melhor servem o país.

Ricardo Costa

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