Suplemento Pública

23-07-2001
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Um Lugar à Sombra

Por RITA PIMENTA

Segunda-feira, 23 de Julho de 2001

São raros os miúdos que não gostam de praia. Brincar no mar é divertido e fresco. A areia amortece as quedas e pode-se saltar e correr sem ninguém a encher a paciência com avisos: "Olha que tu cais!" Mas é preciso ter cuidado com o sol. Procure um lugar à sombra ou leve-a consigo até à praia.

As famílias com crianças reservam sempre uns dias para "fazer praia", como habitualmente se diz. Mas algumas levam-nas demasiado prematuramente, o que não é aconselhável.

Levar os miúdos para a praia só mesmo a partir dos seis meses de idade e "besuntados" com creme protector. Antes dos seis meses, pode ir passear à beira-mar e dar-lhe a conhecer o areal, mas não se aconselha que aí permaneçam. Estas são algumas das pistas que Teresa Gouveia, pediatra do Hospital de São Bernardo, de Setúbal, nos fornece sobre a relação das crianças com o sol.

A pele dos bebés é muito fina e imatura, pelo que a exposição directa aos raios solares e à luz reflectida pela areia são uma violência. Os dermatologistas, mais radicais, defendem mesmo que só a partir dos três anos os miúdos deveriam ir para a praia.

Com a certeza de que ninguém (em Portugal, pelo menos) deixa passar três Verões até levar o pequeno a banhos (a não ser por contingências geográficas), seguem-se um conjunto de alertas e de práticas para que tudo corra pelo melhor.

Além de ser obrigatório instalarem-se à sombra (de um guarda-sol ou toldo), outra das indicações de Teresa Gouveia tem que ver com os períodos do dia mais perigosos para a exposição solar, quer se trate de crianças ou adultos: entre as 11h30 e as 16h30 é expressamente proibido "trabalhar para o bronze".

À latitude de Portugal e na época estival, é neste intervalo horário que os raios solares se encontram menos inclinados (mais a pique), logo, com uma intensidade de calor e iluminação por unidade de superfície muito forte. Mesmo com cremes de elevado factor de protecção aos ultravioletas, não se conseguem evitar os escaldões, os principais responsáveis pelo melanoma (tumor formado por células capazes de elaborar a melanina).

E fique o leitor a saber que 80 por cento do tempo que passou ao sol ao longo da sua vida aconteceu até aos 18 anos, assim afirma a Academia Americana de Pediatria, que aconselha os pediatras a dedicarem uma das consultas de rotina aos problemas relacionados com o sol, dando indicações sobre práticas de prevenção.

As crianças de pele muito branca devem, até aos três anos, vestir uma "T-shirt", enquanto brincam na areia, e usar chapéu, de preferência de abas (tipo panamá). Quando o adulto estiver a preparar o miúdo para sair, deve pôr logo uma primeira vez o creme protector - cerca de meia hora antes de chegar à praia. Depois de lá estar, deve voltar a pôr em intervalos de duas ou três horas. Isto vale também para as crianças mais velhas.

As zonas do corpo em que se deve espalhar o creme são a parte superior do tronco (costas, ombros e peito), as bochechas, o nariz e as orelhas. Estas últimas são quase sempre esquecidas, mas, com a moda dos bonés (de pala para a frente ou para trás), as orelhas ficam de fora. E a partir de certa altura eles não querem "chapéus de bebé"...

Há dois tipos de creme protector: os físicos e os químicos. Os físicos são os mais pastosos e formam uma camada opaca, como se fosse uma roupa colada à pele. São os apropriados para os miúdos até aos três anos e para as pessoas muito brancas, normalmente sardentas e ruivas. Depois de aplicado, nota-se que se tem creme, ficando uma superfície branca.

Quando as crianças começam a ter alguma preocupação estética, já não lhes agrada usar estes cremes que se notam na pele, pelo que é tempo de mudar para os de tipo químico. São mais fluidos, mais fáceis de aplicar e, portanto, a tarefa de os convencer a "besuntar" fica mais facilitada. A absorção faz-se mais rapidamente, mas a pele continua protegida. Se o miúdo não parar sossegado e transpirar muito ou estiver muito tempo dentro de água, convém ir aplicando amiudadamente ao longo do dia.

Os cremes de tipo químico são os que os adultos usam vulgarmente, aqueles que têm algum juízo, não estamos a falar de "óleos de fritar".

A pediatra sugere que antes de sair de casa se aplique na criança o protector físico (mais espesso) e na praia se vá pondo o creme de tipo químico (mais fluido). Teresa Gouveia alerta ainda para os riscos de o adulto ficar descansado por a criança estar protegida com os cremes e distrair-se com a exposição prolongada aos raios solares. Sempre que possível, e de acordo com a idade do pequeno, arranje motivos de interesse para o atrair para a sombra, seja um "tesouro" enterrado, jogos, baldes, pás, moinhos, etc.

Não se esqueça de ir dando água a beber aos miúdos, sobretudo aos que ainda não sabem pedir. Comece por se lembrar de o fazer no percurso (ida e regresso), sobretudo se for longo.

Se optar por dar óculos escuros à criança, assegure-se da sua qualidade, compre numa loja especializada e nunca com lentes de plástico. Por muita graça que o miúdo ache aos óculos todos coloridos que viu à venda junto com os baldes, explique-lhe e tenha presente que não se trata de um brinquedo.

Um Lugar à Sombra

Por RITA PIMENTA

Segunda-feira, 23 de Julho de 2001

São raros os miúdos que não gostam de praia. Brincar no mar é divertido e fresco. A areia amortece as quedas e pode-se saltar e correr sem ninguém a encher a paciência com avisos: "Olha que tu cais!" Mas é preciso ter cuidado com o sol. Procure um lugar à sombra ou leve-a consigo até à praia.

As famílias com crianças reservam sempre uns dias para "fazer praia", como habitualmente se diz. Mas algumas levam-nas demasiado prematuramente, o que não é aconselhável.

Levar os miúdos para a praia só mesmo a partir dos seis meses de idade e "besuntados" com creme protector. Antes dos seis meses, pode ir passear à beira-mar e dar-lhe a conhecer o areal, mas não se aconselha que aí permaneçam. Estas são algumas das pistas que Teresa Gouveia, pediatra do Hospital de São Bernardo, de Setúbal, nos fornece sobre a relação das crianças com o sol.

A pele dos bebés é muito fina e imatura, pelo que a exposição directa aos raios solares e à luz reflectida pela areia são uma violência. Os dermatologistas, mais radicais, defendem mesmo que só a partir dos três anos os miúdos deveriam ir para a praia.

Com a certeza de que ninguém (em Portugal, pelo menos) deixa passar três Verões até levar o pequeno a banhos (a não ser por contingências geográficas), seguem-se um conjunto de alertas e de práticas para que tudo corra pelo melhor.

Além de ser obrigatório instalarem-se à sombra (de um guarda-sol ou toldo), outra das indicações de Teresa Gouveia tem que ver com os períodos do dia mais perigosos para a exposição solar, quer se trate de crianças ou adultos: entre as 11h30 e as 16h30 é expressamente proibido "trabalhar para o bronze".

À latitude de Portugal e na época estival, é neste intervalo horário que os raios solares se encontram menos inclinados (mais a pique), logo, com uma intensidade de calor e iluminação por unidade de superfície muito forte. Mesmo com cremes de elevado factor de protecção aos ultravioletas, não se conseguem evitar os escaldões, os principais responsáveis pelo melanoma (tumor formado por células capazes de elaborar a melanina).

E fique o leitor a saber que 80 por cento do tempo que passou ao sol ao longo da sua vida aconteceu até aos 18 anos, assim afirma a Academia Americana de Pediatria, que aconselha os pediatras a dedicarem uma das consultas de rotina aos problemas relacionados com o sol, dando indicações sobre práticas de prevenção.

As crianças de pele muito branca devem, até aos três anos, vestir uma "T-shirt", enquanto brincam na areia, e usar chapéu, de preferência de abas (tipo panamá). Quando o adulto estiver a preparar o miúdo para sair, deve pôr logo uma primeira vez o creme protector - cerca de meia hora antes de chegar à praia. Depois de lá estar, deve voltar a pôr em intervalos de duas ou três horas. Isto vale também para as crianças mais velhas.

As zonas do corpo em que se deve espalhar o creme são a parte superior do tronco (costas, ombros e peito), as bochechas, o nariz e as orelhas. Estas últimas são quase sempre esquecidas, mas, com a moda dos bonés (de pala para a frente ou para trás), as orelhas ficam de fora. E a partir de certa altura eles não querem "chapéus de bebé"...

Há dois tipos de creme protector: os físicos e os químicos. Os físicos são os mais pastosos e formam uma camada opaca, como se fosse uma roupa colada à pele. São os apropriados para os miúdos até aos três anos e para as pessoas muito brancas, normalmente sardentas e ruivas. Depois de aplicado, nota-se que se tem creme, ficando uma superfície branca.

Quando as crianças começam a ter alguma preocupação estética, já não lhes agrada usar estes cremes que se notam na pele, pelo que é tempo de mudar para os de tipo químico. São mais fluidos, mais fáceis de aplicar e, portanto, a tarefa de os convencer a "besuntar" fica mais facilitada. A absorção faz-se mais rapidamente, mas a pele continua protegida. Se o miúdo não parar sossegado e transpirar muito ou estiver muito tempo dentro de água, convém ir aplicando amiudadamente ao longo do dia.

Os cremes de tipo químico são os que os adultos usam vulgarmente, aqueles que têm algum juízo, não estamos a falar de "óleos de fritar".

A pediatra sugere que antes de sair de casa se aplique na criança o protector físico (mais espesso) e na praia se vá pondo o creme de tipo químico (mais fluido). Teresa Gouveia alerta ainda para os riscos de o adulto ficar descansado por a criança estar protegida com os cremes e distrair-se com a exposição prolongada aos raios solares. Sempre que possível, e de acordo com a idade do pequeno, arranje motivos de interesse para o atrair para a sombra, seja um "tesouro" enterrado, jogos, baldes, pás, moinhos, etc.

Não se esqueça de ir dando água a beber aos miúdos, sobretudo aos que ainda não sabem pedir. Comece por se lembrar de o fazer no percurso (ida e regresso), sobretudo se for longo.

Se optar por dar óculos escuros à criança, assegure-se da sua qualidade, compre numa loja especializada e nunca com lentes de plástico. Por muita graça que o miúdo ache aos óculos todos coloridos que viu à venda junto com os baldes, explique-lhe e tenha presente que não se trata de um brinquedo.

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