Os golpistas exigem reabilitação

19-08-2001
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Os Golpistas Exigem Reabilitação

Domingo, 19 de Agosto de 2001 Na conferência de imprensa que se realizou em 19 de Agosto de 1991, os dirigentes do Comité de Estado para o Estado de Emergência (CEEE) tremiam de medo. Valentin Pavlov, então primeiro-ministro da URSS e membro daquele comité, não compareceu. Estava embriagado. A tentativa de "salvação da pátria socialista" teria sido uma farsa, não fora a morte de três jovens nas ruas centrais de Moscovo. Boris Pugo, então ministro soviético do Interior e um dos membros influentes do CEEE, suicidou-se com um tiro na cabeça, imitando, talvez, os oficiais russos que pensavam assim lavar a sua honra. Os restantes, já detidos por um vitorioso Boris Ieltsin, competiam nos pedidos de desculpa e de perdão aos vencedores. Dmitri Iazov, antigo ministro da Defesa e membro do CEEE, apareceu mesmo perante as câmaras de televisão a chorar e a pedir perdão a "Mikhail Sergueevitch" [Gorbatchov]. No início de 1994, quando os comunistas tinham a maioria dos assentos na Duma Estatal, a câmara baixa do Parlamento, amnistiou os golpistas e quase todos eles se integraram com êxito na sociedade que queriam evitar. Guennadi Ianaev, antigo vice-presidente da URSS e substituto de Gorbatchov caso o golpe tivesse êxito, afirmou: "Encontro-me na reforma e realizo uma equilibrada vida na casa de campo". Vladimir Kriutchkov, dirigente do KGB à altura do golpe e membro do CEEE, incorporou-se na economia de mercado e dirige agora o serviço de segurança de uma grande empresa russa. Evita falar do seu presente, mas alonga-se em relatos sobre o passado. Valentin Pavlov é um bem sucedido homem de negócios. Depois de dirigir alguns bancos privados e escrever memórias, passou a dirigir uma empresa de importação de programas para computador. Dmitri Iazov trabalha na Direcção da Cooperação Militar Internacional do MD da Rússia, onde é considerado "um grande profissional". Quanto a Oleg Chenin, o ideólogo do golpe, dirige a União dos Partidos Comunistas, lê o livro "Economia de Guerra na URSS" e ganha dinheiro numa empresa de venda de tecnologias de tratamento de águas. No mundo dos negócios estão também Oleg Baklanov, antigo vice-ministro da Defesa da URSS, e Alexandre Tiazikov, que na altura do golpe dirigia a Associação de Empresas Públicas. Anatoli Lukianov, antigo dirigente do Soviete Supremo da URSS, revelou, na prisão, os seus dotes de poeta, sendo actualmente deputado comunista na Duma. Na política activa encontra-se igualmente Vassili Starodubtsev, ex-dirigente de uma união agrícola de produção (kolkhoz) e actual governador da região de Tula, onde tenta tornar realidade os seus ideais políticos. Ainda considerados "injustiçados", os golpistas exigem, contudo, a sua total reabilitação. "Acusaram-nos de traição à pátria, mas isso não é verdade", insurgiu-se Starodubtsev. "Defendemos o país de traidores como Gorbatchov e Ieltsin." J.M. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Os quatro dias que mudaram a Rússia

Os golpistas exigem reabilitação

EDITORIAL O longo caminho para a liberdade

A herança do império soviético

O sonho de voltar a ser uma superpotência

O léxico da URSS

PCP começou por apoiar o golpe, mas depois recuou

Primeiro comunicado foi a gota de água para onda de demissões

Os Golpistas Exigem Reabilitação

Domingo, 19 de Agosto de 2001 Na conferência de imprensa que se realizou em 19 de Agosto de 1991, os dirigentes do Comité de Estado para o Estado de Emergência (CEEE) tremiam de medo. Valentin Pavlov, então primeiro-ministro da URSS e membro daquele comité, não compareceu. Estava embriagado. A tentativa de "salvação da pátria socialista" teria sido uma farsa, não fora a morte de três jovens nas ruas centrais de Moscovo. Boris Pugo, então ministro soviético do Interior e um dos membros influentes do CEEE, suicidou-se com um tiro na cabeça, imitando, talvez, os oficiais russos que pensavam assim lavar a sua honra. Os restantes, já detidos por um vitorioso Boris Ieltsin, competiam nos pedidos de desculpa e de perdão aos vencedores. Dmitri Iazov, antigo ministro da Defesa e membro do CEEE, apareceu mesmo perante as câmaras de televisão a chorar e a pedir perdão a "Mikhail Sergueevitch" [Gorbatchov]. No início de 1994, quando os comunistas tinham a maioria dos assentos na Duma Estatal, a câmara baixa do Parlamento, amnistiou os golpistas e quase todos eles se integraram com êxito na sociedade que queriam evitar. Guennadi Ianaev, antigo vice-presidente da URSS e substituto de Gorbatchov caso o golpe tivesse êxito, afirmou: "Encontro-me na reforma e realizo uma equilibrada vida na casa de campo". Vladimir Kriutchkov, dirigente do KGB à altura do golpe e membro do CEEE, incorporou-se na economia de mercado e dirige agora o serviço de segurança de uma grande empresa russa. Evita falar do seu presente, mas alonga-se em relatos sobre o passado. Valentin Pavlov é um bem sucedido homem de negócios. Depois de dirigir alguns bancos privados e escrever memórias, passou a dirigir uma empresa de importação de programas para computador. Dmitri Iazov trabalha na Direcção da Cooperação Militar Internacional do MD da Rússia, onde é considerado "um grande profissional". Quanto a Oleg Chenin, o ideólogo do golpe, dirige a União dos Partidos Comunistas, lê o livro "Economia de Guerra na URSS" e ganha dinheiro numa empresa de venda de tecnologias de tratamento de águas. No mundo dos negócios estão também Oleg Baklanov, antigo vice-ministro da Defesa da URSS, e Alexandre Tiazikov, que na altura do golpe dirigia a Associação de Empresas Públicas. Anatoli Lukianov, antigo dirigente do Soviete Supremo da URSS, revelou, na prisão, os seus dotes de poeta, sendo actualmente deputado comunista na Duma. Na política activa encontra-se igualmente Vassili Starodubtsev, ex-dirigente de uma união agrícola de produção (kolkhoz) e actual governador da região de Tula, onde tenta tornar realidade os seus ideais políticos. Ainda considerados "injustiçados", os golpistas exigem, contudo, a sua total reabilitação. "Acusaram-nos de traição à pátria, mas isso não é verdade", insurgiu-se Starodubtsev. "Defendemos o país de traidores como Gorbatchov e Ieltsin." J.M. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Os quatro dias que mudaram a Rússia

Os golpistas exigem reabilitação

EDITORIAL O longo caminho para a liberdade

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