Guterres, Sousa Franco e Pina Moura

09-07-2001
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Guterres, Sousa Franco e Pina Moura

Por RUI RIO

Segunda, 9 de Julho de 2001

Guterres, Sousa Franco e Pina Moura. São estes os principais responsáveis pelo estado em que a nossa macroeconomia se encontra. É bom que se refira que Pina Moura, actual bode expiatório de todos os males, tem apenas a sua quota-parte de responsabilidade e não a totalidade, como muitas vezes se pretende fazer crer. É verdade que ele cometeu muitos erros, mas é justo que se diga que o tempo durante o qual esteve à frente do Ministério das Finanças, foi um tempo bem mais difícil do que o do seu antecessor. Porque o crescimento económico se degradou e porque, entretanto, os próprios erros cometidos na legislatura anterior também se começaram a fazer sentir. É, por isso, que o Ministro anterior tem necessariamente mais responsabilidade na miserável situação das nossas finanças públicas do que o que acabou de sair.

Entre 1996 e 1999, Portugal teve uma oportunidade única de eliminar o seu défice público e de, assim, ficar apto a enfrentar qualquer crise económica com uma arma muito poderosa ou seja, com o próprio défice.

Se durante o tempo de vacas gordas, tivéssemos equilibrado o nosso Orçamento, tínhamos agora margem para, através de um pouco mais de despesa pública ou, até mesmo através de uma redução cirúrgica de impostos, conseguir atenuar os malefícios da actual quebra no crescimento económico.

Na primeira legislatura de Guterres, Portugal teve um crescimento assinalável e uma redução das taxas de juro espectacular. Uma conjugação que nunca mais se repetirá, porque derivou da nossa adesão à moeda única. O Governo não aproveitou. Foi despesista. Deitou pela janela fora uma oportunidade de ouro.

O PSD disse-o dezenas de vezes no Parlamento. Sousa franco chegou mesmo a ser indelicado, quando, por diversas vezes o referi. Agora o resultado está à vista: Portugal afasta-se da Europa, no momento em que a Europa mais nos ajuda a com ela convergir. Repito, por isso, o que, desde há anos, venho dizendo: ao contrário da imagem pública que tem, Sousa Franco não teve o devido sentido da responsabilidade, face ao momento histórico que, nessa altura, vivemos.

Por isso, atribuir todos os males ao último Ministro das Finanças não é correcto. Fui, seguramente, dos deputados que mais o atacou. Acho que ele tem enormes responsabilidades no estado em que nos encontramos. Tem, aliás, ainda mais responsabilidades no deplorável estado em que nos vamos encontrar lá para 2006, quando terminar o QCA III e quando a dívida oculta da desorçamentação tiver de começar a ser toda paga. Mas é justo que não nos esqueçamos que a grande oportunidade perdida foi essencialmente entre 1996 e 1999 e não tanto em 2000 e 2001.

Nessa altura semeamos os erros que agora estamos a pagar. Hoje estamos a semear os erros que pagaremos a partir de 2006. Porque (acreditem!), em face da política económica deste Governo, o pior ainda está para vir.

* deputado do PSD

Guterres, Sousa Franco e Pina Moura

Por RUI RIO

Segunda, 9 de Julho de 2001

Guterres, Sousa Franco e Pina Moura. São estes os principais responsáveis pelo estado em que a nossa macroeconomia se encontra. É bom que se refira que Pina Moura, actual bode expiatório de todos os males, tem apenas a sua quota-parte de responsabilidade e não a totalidade, como muitas vezes se pretende fazer crer. É verdade que ele cometeu muitos erros, mas é justo que se diga que o tempo durante o qual esteve à frente do Ministério das Finanças, foi um tempo bem mais difícil do que o do seu antecessor. Porque o crescimento económico se degradou e porque, entretanto, os próprios erros cometidos na legislatura anterior também se começaram a fazer sentir. É, por isso, que o Ministro anterior tem necessariamente mais responsabilidade na miserável situação das nossas finanças públicas do que o que acabou de sair.

Entre 1996 e 1999, Portugal teve uma oportunidade única de eliminar o seu défice público e de, assim, ficar apto a enfrentar qualquer crise económica com uma arma muito poderosa ou seja, com o próprio défice.

Se durante o tempo de vacas gordas, tivéssemos equilibrado o nosso Orçamento, tínhamos agora margem para, através de um pouco mais de despesa pública ou, até mesmo através de uma redução cirúrgica de impostos, conseguir atenuar os malefícios da actual quebra no crescimento económico.

Na primeira legislatura de Guterres, Portugal teve um crescimento assinalável e uma redução das taxas de juro espectacular. Uma conjugação que nunca mais se repetirá, porque derivou da nossa adesão à moeda única. O Governo não aproveitou. Foi despesista. Deitou pela janela fora uma oportunidade de ouro.

O PSD disse-o dezenas de vezes no Parlamento. Sousa franco chegou mesmo a ser indelicado, quando, por diversas vezes o referi. Agora o resultado está à vista: Portugal afasta-se da Europa, no momento em que a Europa mais nos ajuda a com ela convergir. Repito, por isso, o que, desde há anos, venho dizendo: ao contrário da imagem pública que tem, Sousa Franco não teve o devido sentido da responsabilidade, face ao momento histórico que, nessa altura, vivemos.

Por isso, atribuir todos os males ao último Ministro das Finanças não é correcto. Fui, seguramente, dos deputados que mais o atacou. Acho que ele tem enormes responsabilidades no estado em que nos encontramos. Tem, aliás, ainda mais responsabilidades no deplorável estado em que nos vamos encontrar lá para 2006, quando terminar o QCA III e quando a dívida oculta da desorçamentação tiver de começar a ser toda paga. Mas é justo que não nos esqueçamos que a grande oportunidade perdida foi essencialmente entre 1996 e 1999 e não tanto em 2000 e 2001.

Nessa altura semeamos os erros que agora estamos a pagar. Hoje estamos a semear os erros que pagaremos a partir de 2006. Porque (acreditem!), em face da política económica deste Governo, o pior ainda está para vir.

* deputado do PSD

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