"Não quero surpresas"

12-01-2001
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Sampaio vai encerrar campanha com comício na Aula Magna, em Lisboa

"Não Quero Surpresas"

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2001

Prestes a terminar aquela que garante ser a última campanha eleitoral da sua vida, Jorge Sampaio intensifica os apelos à participação. "Não quero surpresas no dia 14", disse ontem, numa referência não assumida a uma (muito remota) necessidade de uma segunda volta. Sampaio prepara-se para lançar, após a reeleição, novas discussões sobre o financiamento dos partidos.

A sombra de uma possível segunda volta nas eleições presidenciais perpassou ontem o discurso de Jorge Sampaio. Falando na sede da sua candidatura na Trofa, o candidato-Presidente avisou: "Não quero surpresas no dia 14."

Alguns jornalistas interpretaram a frase com uma referência a uma eventual (mas muito remota, é certo) hipótese de segunda volta, e interpelaram Jorge Sampaio. Num primeiro momento, usou metáforas futebolísticas: "O Sporting pode às vezes ganhar por três a zero e se não tiver uma equipa bem preparada, pode ganhar por três a um."

Depois afirmou que não estava a "falar de nada disso" [segunda volta]: "Estou a dizer que é preciso disputar. Tenho disputado todos os dias como se estivesse a zero." Logo a seguir afirmou estar "confiante" na possibilidade de a eleição se resolver já no domingo, apesar de admitir que "todas as suposições são possíveis". Quanto à abstenção, disse não recear que ela se sinta sobretudo na sua candidatura: "Acho que a abstenção toca a todos."

Como ficar em segundo lugar é uma hipótese ultra-remota que nenhuma sondagem confirma - muito pelo contrário, os estudos de opinião têm-lhe dado uma cada vez maior vantagem sobre Ferreira do Amaral -, Sampaio só podia mesmo estar a referir-se à realização de uma segunda volta.

Só que o comunista António Abreu manteve-se na corrida e isso baralhou as contas do candidato-Presidente, que esperava a desistência para arrecadar (pelo menos) parte dos votos do eleitorado PCP.

Ontem, a candidatura andou na zona do Porto - Vila do Conde, Gaia e Gondomar, por exemplo. Narciso Miranda obviamente pontificou - e isso só fez tornar-se mais notada a ausência (pelo menos durante o dia) de duas figuras de peso no PS-Porto, Fernando Gomes e Francisco Assis.

A manhã começou com um encontro num hotel do Porto entre jornalistas e dois elementos da candidatura (a sua porta-voz, Fernanda Mestrinho, e um assessor de imprensa, João Gabriel).

Estes salientaram a inovação "intimista" dos comícios - em vez de estar num púlpito, Sampaio vai andando pelo palco de microfone na mão, lendo apenas algumas notas assentes numa pauta de música. Ainda quanto a comícios, referiram que só esta candidatura promoveu reuniões deste género todas as noites do período oficial de campanha (a excepção foi no dia do Conselho Superior de Defesa Nacional).

A candidatura, acrescentaram, fez 14 mil quilómetros no período de campanha e no de pré-campanha, que é mais ou menos o mesmo de há cinco anos. O seu "site" na Internet (www.sampaio.pt) teve cem mil acessos, de duração média de dez minutos.

Hoje a campanha encerrará com um comício na Aula Magna, em Lisboa. Será, se não houver segunda volta, o culminar daquela que Jorge Sampaio tem sempre garantido ser a sua última campanha eleitoral. Ao longo da campanha e pré-campanha - onde a mobilização popular foi regularmente razoável, tendo em conta que só um cataclismo evitará a reeleição -, o candidato-Presidente fez da questão da cidadania um tema central dos seus discursos.

Sampaio quer que os portugueses se interessem mais pela vida das suas comunidades, mas ao mesmo tempo salientou que Portugal ainda não tem as condições de desenvolvimento suficientemente apuradas para permitir aos cidadãos que participem mais.

Ao mesmo tempo que sublinhou enormes progressos registados em Portugal nos últimos 40 anos - referindo, a título de exemplo, o aumento exponencial do número de estudantes universitários -, enfatizou também os contrastes que ainda afligem o país (litoral/interior, direitos dos homens/direitos das mulheres, etc.).

Outro tema marcante foi o de "regeneração" da política. Sampaio diz-se mesmo disponível para encabeçar uma "frente de combate" pela dignificação da política. Ontem, aliás, anunciou que irá escrever às "entidades próprias" sobre o problema do financiamento partidário, um tema histórico nos seus discursos.

Sampaio vai encerrar campanha com comício na Aula Magna, em Lisboa

"Não Quero Surpresas"

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2001

Prestes a terminar aquela que garante ser a última campanha eleitoral da sua vida, Jorge Sampaio intensifica os apelos à participação. "Não quero surpresas no dia 14", disse ontem, numa referência não assumida a uma (muito remota) necessidade de uma segunda volta. Sampaio prepara-se para lançar, após a reeleição, novas discussões sobre o financiamento dos partidos.

A sombra de uma possível segunda volta nas eleições presidenciais perpassou ontem o discurso de Jorge Sampaio. Falando na sede da sua candidatura na Trofa, o candidato-Presidente avisou: "Não quero surpresas no dia 14."

Alguns jornalistas interpretaram a frase com uma referência a uma eventual (mas muito remota, é certo) hipótese de segunda volta, e interpelaram Jorge Sampaio. Num primeiro momento, usou metáforas futebolísticas: "O Sporting pode às vezes ganhar por três a zero e se não tiver uma equipa bem preparada, pode ganhar por três a um."

Depois afirmou que não estava a "falar de nada disso" [segunda volta]: "Estou a dizer que é preciso disputar. Tenho disputado todos os dias como se estivesse a zero." Logo a seguir afirmou estar "confiante" na possibilidade de a eleição se resolver já no domingo, apesar de admitir que "todas as suposições são possíveis". Quanto à abstenção, disse não recear que ela se sinta sobretudo na sua candidatura: "Acho que a abstenção toca a todos."

Como ficar em segundo lugar é uma hipótese ultra-remota que nenhuma sondagem confirma - muito pelo contrário, os estudos de opinião têm-lhe dado uma cada vez maior vantagem sobre Ferreira do Amaral -, Sampaio só podia mesmo estar a referir-se à realização de uma segunda volta.

Só que o comunista António Abreu manteve-se na corrida e isso baralhou as contas do candidato-Presidente, que esperava a desistência para arrecadar (pelo menos) parte dos votos do eleitorado PCP.

Ontem, a candidatura andou na zona do Porto - Vila do Conde, Gaia e Gondomar, por exemplo. Narciso Miranda obviamente pontificou - e isso só fez tornar-se mais notada a ausência (pelo menos durante o dia) de duas figuras de peso no PS-Porto, Fernando Gomes e Francisco Assis.

A manhã começou com um encontro num hotel do Porto entre jornalistas e dois elementos da candidatura (a sua porta-voz, Fernanda Mestrinho, e um assessor de imprensa, João Gabriel).

Estes salientaram a inovação "intimista" dos comícios - em vez de estar num púlpito, Sampaio vai andando pelo palco de microfone na mão, lendo apenas algumas notas assentes numa pauta de música. Ainda quanto a comícios, referiram que só esta candidatura promoveu reuniões deste género todas as noites do período oficial de campanha (a excepção foi no dia do Conselho Superior de Defesa Nacional).

A candidatura, acrescentaram, fez 14 mil quilómetros no período de campanha e no de pré-campanha, que é mais ou menos o mesmo de há cinco anos. O seu "site" na Internet (www.sampaio.pt) teve cem mil acessos, de duração média de dez minutos.

Hoje a campanha encerrará com um comício na Aula Magna, em Lisboa. Será, se não houver segunda volta, o culminar daquela que Jorge Sampaio tem sempre garantido ser a sua última campanha eleitoral. Ao longo da campanha e pré-campanha - onde a mobilização popular foi regularmente razoável, tendo em conta que só um cataclismo evitará a reeleição -, o candidato-Presidente fez da questão da cidadania um tema central dos seus discursos.

Sampaio quer que os portugueses se interessem mais pela vida das suas comunidades, mas ao mesmo tempo salientou que Portugal ainda não tem as condições de desenvolvimento suficientemente apuradas para permitir aos cidadãos que participem mais.

Ao mesmo tempo que sublinhou enormes progressos registados em Portugal nos últimos 40 anos - referindo, a título de exemplo, o aumento exponencial do número de estudantes universitários -, enfatizou também os contrastes que ainda afligem o país (litoral/interior, direitos dos homens/direitos das mulheres, etc.).

Outro tema marcante foi o de "regeneração" da política. Sampaio diz-se mesmo disponível para encabeçar uma "frente de combate" pela dignificação da política. Ontem, aliás, anunciou que irá escrever às "entidades próprias" sobre o problema do financiamento partidário, um tema histórico nos seus discursos.

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