As madrugadas do cinema

28-02-2001
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As Madrugadas do Cinema

Por NUNO MENDES

Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2001 Durante quase uma semana o massacre, infelizmente comum, de autopromoção prometia para a passada terça-feira, na RTP1, uma noite de cinema de qualidade. Qualquer coisa do estilo, a citação é aproximada, "fique acorrentado ao melhor cinema" e veja ''Rocky V'' "seguido" de ''Kundun''. Confesso que estranhei. Dois filmes seguidos e, ainda por cima, sendo um deles o ''Kundun, a obra de Martin Scorsese sobre a ocupação chinesa do Tibete pareciam uma prenda pouco comum nos tempos televisivos que correm. É certo que ainda mais estranhei ao ver o pugilista Rocky associado a uma grande noite de cinema, mas, triste ingenuidade, convenci-me que a RTP precisava de passar primeiro a saga de Stallone - que lhe garantia um rendimento mínimo de audiências - para depois ir perdendo telespectadores ao longo da noite com a amarga realidade do Tibete. Na terça-feira, as ilusões acabaram por se ir desfazendo enquanto os ponteiros do relógio avançavam: ao contrário do que estava anunciado, o ''Kundun'' não começou às 23h45 (22h45 nos Açores), mas sim depois da uma da manhã, hora do território continental. Ora como o filme tem 135 minutos imagino que a ficha técnica tenha começado a passar já bem perto das quatro da manhã. Contrariando o conselho da dita autopromoção, em vez da televisão, acabei por me acorrentar à cama, se bem que o televisor tenha ficado ligado e a contar, doce satisfação, para as audiências do canal público. Claro que os murros de Stallone passaram mais ou menos à hora certa. Depois disso ainda foi preciso levar com os resumos da Liga dos Campeões, na qual já não existe qualquer equipa portuguesa, com exaustivos compromissos publicitários, com as notícias do dia no 24 Horas, o programa de Economia e mais publicidade. Tudo isto numa noite de terça para quarta! Se é para ser assim, então que passem o ''Kundun'' numa sexta ou sábado, até pode ser a um horário (ainda) mais tardio. Façam uma reposição porque o filme vale bem a pena, contaram-me as moscas lá de casa, que aproveitaram o facto de eu me ter esquecido da televisão ligada para ver cinema de boa qualidade. P.S. - Não tem nada a ver, mas é irritante. No "Quem quer ser milionário" é frequente assistir ao seguinte: Diogo Infante, em registo dramático: "Vamos então usar a ajuda 50/50 e ver quais as opções que o computador elimina", plano fixo nas respostas, cara do concorrente a transpirar e... zumba, corte para publicidade. Nessa casa ninguém pensa? OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Os Maias muito abaixo das novelas mas com audiências razoáveis

Trabalhadores da RTP criticam gestão da Fo&Co

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Cinema em Casa

As madrugadas do cinema

Napster novamente acusado

Subtil em greve de fome

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