É preciso provar que existe corrupção na arbitragem

12-12-2004
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É Preciso Provar Que Existe Corrupção na Arbitragem

Por POR MANUEL MENDES

Quarta-feira, 08 de Dezembro de 2004 Vítor Reis, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, não nega, nesta entrevista, a eventual existência de corrupção na arbitragem. Mas acrescenta: "É preciso prová-la". PÚBLICO - Ficou surpreendido com este caso? Não só fiquei surpreendido, como fiquei preocupado. O que queremos agora é que a investigação vá até ao fim e que sirva para clarificar quem está nesta actividade com ética e deontologia e quem não está. Temos a máxima confiança em quem está a dirigir a investigação e nas instâncias que têm essa competência, mas também é preciso ter em atenção que, até prova em contrário, todas as pessoas são presumíveis inocentes. E não podemos aceitar que, no próprio dia dos acontecimentos, alguma comunicação tenha avançado com nomes que nada tinham a ver com este assunto. Isso é lamentável. Este caso está a afectar em demasia a imagem da classe e a condicionar o desempenho dos árbitros? Uma coisa é certa: não ajuda. Mas existe também aqui uma mensagem de esperança. Os árbitros têm de se abster destes problemas. Estamos preocupados, mas também certos de que será um caso passageiro. Não posso dizer se condiciona ou não as suas actuações, mas admito que, no limite, pode afectar. Os árbitros não têm de se preocupar, têm apenas de seguir as regras. É necessário existir uma separação entre aqueles que estão de acordo com as regras e aqueles que não estão. Quem não estiver de acordo com os nossos princípios que seja afastado. Quem comete ilícitos tem de ser punido exemplarmente. Mas nos tribunais, e não em julgamentos na praça pública. Uma coisa é certa: se, no meio de tudo isto, aqueles que foram detidos estiverem inocentes, já foram demasiado punidos. Mas se num cesto existem maçãs podres elas devem ser retiradas. Existe também algum aspecto positivo? Todo o sector está a viver este problema com preocupação, mas também com a certeza de que tudo vai até ao fim. Há um misto de preocupação e esperança. Temos de saber tirar o que existe de bom em algo de muito mau. No limite, tudo isto vai permitir separar as águas. Mas acredita ou não que existe corrupção na arbitragem? Não digo que não exista, mas é preciso prová-la. Insisto que não podemos fazer julgamentos na praça pública. Só existem culpados depois de uma decisão judicial. O fenómeno da corrupção é complexo e existe em qualquer área da sociedade. Temos de lutar contra ela. Não se pode erradicar, mas pode-se combater. É um comportamento indigno e, como tal, deve ser punido exemplarmente, sem contemplações. A APAF se souber de algo participa imediatamente ao Ministério Público. Mas essas coisas quando acontecem ficam no segredo dos deuses e nós não temos capacidade de investigação. O profissionalismo dos árbitros poderia alterar o clima de suspeição generalizado que recai sobre a arbitragem? Não. A corrupção é uma questão cultural, de educação, que não se pode combater por decreto, só pela educação. Mas defendemos o profissionalismo porque, numa indústria como o futebol, não pode existir uma parte importante amadora. Os erros não deixariam de existir, mas os árbitros estariam mais bem preparados para lidar com eles. Teriam mais tempo para se prepararem. Mas não se pode pensar em profissionalizar os árbitros sem profissionalizar toda a estrutura, desde a logística aos dirigentes, passando pela criação de um plano de formação contínua de todos os agentes ligados ao sector. Antes não adianta pensar nisso. É a favor da nomeação ou do sorteio? Somos claramente a favor da nomeação, que tem a virtude de responsabilizar os dirigentes da arbitragem pelas escolhas que fazem para cada jogo e pelas decisões que tomam. Já o sorteio é uma forma indirecta de fugir às responsabilidades. Serve de álibi. Não representa qualquer transparência no sector, mas sim o comodismo instituído. A nomeação tem a virtude de responsabilizar os dirigentes da arbitragem que fazem para cada jogo e pelas decisões que tomam. Temos a nomeação, agora seria necessário unir a arbitragem num só organismo e não mantê-la dividida em dois órgãos bicéfalos. É preciso uniformizar o sector num órgão composto pela arbitragem profissional, não profissional e a parte da formação. insert O fenómeno da corrupção é complexo e existe em qualquer área da sociedade. Temos de lutar contra ela. Não se pode erradicar, mas pode-se combater. É um comportamento indigno e, como tal, deve ser punido exemplarmente, sem contemplações. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Pinto da Costa é suspeito da prática de cinco crimes,

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