Beja não pode ter aeroporto na base aérea

18-02-2003
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Beja Não Pode Ter Aeroporto na Base Aérea

Por CARLOS DIAS

Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2003 Um dos grandes sonhos dos alentejanos está desfeito, mas a verdade é que continuam a operar no local aviões de grande porte Pista não suporta grandes aviões Um dos mais polémicos empreendimentos programados para o Alentejo, a instalação de um aeroporto internacional na base aérea nº 11, acaba de receber um profundo golpe. O secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira de Castro, revelou na Assembleia da República que "a pista não pode ser utilizada por aviões de grande porte, e muito menos por aviões que transportem apenas carga". São os resultados provisórios de um estudo elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) à capacidade de resistência da pista da base, localizada a sete quilómetros da cidade de Beja. Vieira de Castro diz que não sabe "porque é que não foram feitos estudos anteriormente", na altura da elaboração do projecto para a viabilização da componente civil da base militar. Se o estudo não tivesse sido efectuado, as consequências da aterragem nela de aviões de grande porte poderiam passar pela "eventual destruição da pista". Ficam por explicar as garantias dadas pelo ministro do Equipamento e Obras Públicas, Valente de Oliveira, em Outubro passado, de que "as dificuldades levantadas sobre a capacidade de suporte da pista do aeroporto para aviões de carga" estavam "ultrapassadas". O governante admitiu, então, que o local pudesse vir a ser utilizado como entreposto de carga "no final de 2003". As declarações do ministro foram produzidas numa altura em que o estudo do LNEC decorria ainda. Curiosamente, a classificação de resistência da pista apresentada em 2002 na revista de aviação miliar norte-americana Military Aeronautical Information Publication permite a aterragem, sem restrições, de qualquer uma das aeronaves actualmente em operação no mundo. Aliás, já aqui aterraram os maiores aviões do planeta, tanto de carga como de passageiros. Presentemente, os aviões-radar AWAC fazem escala em Beja e, durante o festival aéreo internacional realizado nesta cidade, em Julho passado, os Estados Unidos apresentaram-se em força com aviões de carga, aviões-radar e dois poderosos bombardeiros B-1. A hipótese de "um logro" Foi já em 1969 que a TAP e a Lufthansa assinaram um acordo para a utilização da base aérea de Beja por empresas de aviação, como escola de instrução de pilotos civis. A transportadora alemã previa que fossem necessárias 50 a 180 aterragens por dia durante 15 meses. O projecto nunca chegou, no entanto, a concretizar-se completamente. De qualquer forma, a TAP fez aterrar na pista, no âmbito deste acordo, os aviões B-707, B-727, Caravelle e 747 Jumbo. No início dos anos 70, a KML também fez questão de ali preparar os seus pilotos de aviões DC-8 e DC-9. Na mesma altura, a Força Aérea dos EUA mostrou-se interessada em fazer o treino das tripulações dos B-52. E ainda há dois meses o presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB), Manuel Santos Nicolau, garantia que a pista não apresentava problemas, tendo em conta os dados publicados naquela revista de aeronáutica militar. "Dá para todos o tipo de aviões, que, aliás, têm lá aterrado", observava - muito embora admitindo que a estrutura, construída pelos alemães há cerca de 40 anos, "talvez não tenha, actualmente, a mesma resistência que no início". Já um ex-membro do conselho de administração da EDAB, Sousa Monteiro, que saiu deste órgão em ruptura com Santos Nicolau, põe a hipótese de se estar perante "um logro", na medida em que, quando foi discutida a criação do aeroporto civil, em 1997, "ninguém disse, nem mesmo a Força Aérea Portuguesa, que a pista poderia ter problemas" . "Se sabiam e omitiram, estamos perante um atentado à segurança", observa Sousa Monteiro, chamando a atenção para o facto de "continuarem a operar na pista de Beja aviões de grande porte e carga". Ao fim de nove anos de um intenso debate à volta da instalação da componente civil na base, que suscitou fortes expectativas na região, a resistência da pista acaba por condicionar um projecto que o primeiro-ministro, Durão Barroso, chegou a designar como aeroporto internacional para carga e passageiros. Vieira de Castro vem agora dizer que a estrutura só pode receber aviões de passageiros de pequeno e médio porte. O PòBLICO tentou obter esclarecimentos sobre a questão junto do LNEC, mas este organismo recusou-se a prestar informações. Caixa O aeroporto internacional de Durão Barroso A transformação da base militar de Beja num aeroporto civil anda a ser debatida desde 1991. Porém, a 13 de Junho do ano passado, o aeroporto civil passava a aeroporto internacional. Foi assim que Durão Barroso, numa deslocação ao Alentejo, durante uma presidência aberta de Jorge Sampaio ao distrito de Beja, o "baptizou", assegurando mesmo que a infraestrutura estaria operacional em meados deste ano. O primeiro-ministro, que anunciou mesmo que tinha disponibilizado uma verba de "vários milhões de euros" para o distrito de Beja, parte dos quais - "mais de meio milhãos de euros" numa primeira fase - seriam aplicados no aeroporto internacional. Investimentos que Durão Barroso disse que iriam contribuir para que uma das regiões mais pobres da Europa tivesse no futuro um papel importante na economia portuguesa. Ao lado de Jorge Sampaio, que sempre mostrou bastante empenho num forte investimento na região, nomeadamente na antiga base militar, Durão Barroso afirmou mesmo que as obras estavam na primeira linha da opções do seu Governo: "Estas obras são prioritárias. O país não é só Lisboa. Para mim é mais importante o Estado investir em algumas infraestruturas como seja o aeroporto de Beja e o porto de Sines e outras pelo país fora do que estar a concentrar todos os investimentos na região de Lisboa." Caixa Uma das melhores pistas da Europa A base aérea nº 11 dispõe de duas pistas paralelas, a principal com 3450 metros de comprimento por 60 de largura e a segunda com 2951 metros por 30, possibilitando a aterragem e descolagem de dois aviões em simultâneo. Foram construídas em betão pré-esforçado. A base está equipada com um sistema que permite a aterragem automática sem que seja necessária a intervenção dos pilotos, possibilidade de extrema importância para aterragens em condições meteorológicas adversas. Toda a infra-estrutura ocupa uma área superior a 800 hectares a três quilómetros do ramal ferroviário que liga Beja a Lisboa. Estas características colocam-na a par das melhores pistas existentes na Europa e até no mundo, a fazer fé na Aeronautical Information Publication. Até à conclusão dos trabalhos de construção da base, a cargo dos alemães, foram despendidos no empreendimento cerca de 700 milhões de euros a preços actuais. OUTROS TÍTULOS EM LOCAL PORTO O concurso

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Porto

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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2003 Um dos grandes sonhos dos alentejanos está desfeito, mas a verdade é que continuam a operar no local aviões de grande porte Pista não suporta grandes aviões Um dos mais polémicos empreendimentos programados para o Alentejo, a instalação de um aeroporto internacional na base aérea nº 11, acaba de receber um profundo golpe. O secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira de Castro, revelou na Assembleia da República que "a pista não pode ser utilizada por aviões de grande porte, e muito menos por aviões que transportem apenas carga". São os resultados provisórios de um estudo elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) à capacidade de resistência da pista da base, localizada a sete quilómetros da cidade de Beja. Vieira de Castro diz que não sabe "porque é que não foram feitos estudos anteriormente", na altura da elaboração do projecto para a viabilização da componente civil da base militar. Se o estudo não tivesse sido efectuado, as consequências da aterragem nela de aviões de grande porte poderiam passar pela "eventual destruição da pista". Ficam por explicar as garantias dadas pelo ministro do Equipamento e Obras Públicas, Valente de Oliveira, em Outubro passado, de que "as dificuldades levantadas sobre a capacidade de suporte da pista do aeroporto para aviões de carga" estavam "ultrapassadas". O governante admitiu, então, que o local pudesse vir a ser utilizado como entreposto de carga "no final de 2003". As declarações do ministro foram produzidas numa altura em que o estudo do LNEC decorria ainda. Curiosamente, a classificação de resistência da pista apresentada em 2002 na revista de aviação miliar norte-americana Military Aeronautical Information Publication permite a aterragem, sem restrições, de qualquer uma das aeronaves actualmente em operação no mundo. Aliás, já aqui aterraram os maiores aviões do planeta, tanto de carga como de passageiros. Presentemente, os aviões-radar AWAC fazem escala em Beja e, durante o festival aéreo internacional realizado nesta cidade, em Julho passado, os Estados Unidos apresentaram-se em força com aviões de carga, aviões-radar e dois poderosos bombardeiros B-1. A hipótese de "um logro" Foi já em 1969 que a TAP e a Lufthansa assinaram um acordo para a utilização da base aérea de Beja por empresas de aviação, como escola de instrução de pilotos civis. A transportadora alemã previa que fossem necessárias 50 a 180 aterragens por dia durante 15 meses. O projecto nunca chegou, no entanto, a concretizar-se completamente. De qualquer forma, a TAP fez aterrar na pista, no âmbito deste acordo, os aviões B-707, B-727, Caravelle e 747 Jumbo. No início dos anos 70, a KML também fez questão de ali preparar os seus pilotos de aviões DC-8 e DC-9. Na mesma altura, a Força Aérea dos EUA mostrou-se interessada em fazer o treino das tripulações dos B-52. E ainda há dois meses o presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB), Manuel Santos Nicolau, garantia que a pista não apresentava problemas, tendo em conta os dados publicados naquela revista de aeronáutica militar. "Dá para todos o tipo de aviões, que, aliás, têm lá aterrado", observava - muito embora admitindo que a estrutura, construída pelos alemães há cerca de 40 anos, "talvez não tenha, actualmente, a mesma resistência que no início". Já um ex-membro do conselho de administração da EDAB, Sousa Monteiro, que saiu deste órgão em ruptura com Santos Nicolau, põe a hipótese de se estar perante "um logro", na medida em que, quando foi discutida a criação do aeroporto civil, em 1997, "ninguém disse, nem mesmo a Força Aérea Portuguesa, que a pista poderia ter problemas" . "Se sabiam e omitiram, estamos perante um atentado à segurança", observa Sousa Monteiro, chamando a atenção para o facto de "continuarem a operar na pista de Beja aviões de grande porte e carga". Ao fim de nove anos de um intenso debate à volta da instalação da componente civil na base, que suscitou fortes expectativas na região, a resistência da pista acaba por condicionar um projecto que o primeiro-ministro, Durão Barroso, chegou a designar como aeroporto internacional para carga e passageiros. Vieira de Castro vem agora dizer que a estrutura só pode receber aviões de passageiros de pequeno e médio porte. O PòBLICO tentou obter esclarecimentos sobre a questão junto do LNEC, mas este organismo recusou-se a prestar informações. Caixa O aeroporto internacional de Durão Barroso A transformação da base militar de Beja num aeroporto civil anda a ser debatida desde 1991. Porém, a 13 de Junho do ano passado, o aeroporto civil passava a aeroporto internacional. Foi assim que Durão Barroso, numa deslocação ao Alentejo, durante uma presidência aberta de Jorge Sampaio ao distrito de Beja, o "baptizou", assegurando mesmo que a infraestrutura estaria operacional em meados deste ano. O primeiro-ministro, que anunciou mesmo que tinha disponibilizado uma verba de "vários milhões de euros" para o distrito de Beja, parte dos quais - "mais de meio milhãos de euros" numa primeira fase - seriam aplicados no aeroporto internacional. Investimentos que Durão Barroso disse que iriam contribuir para que uma das regiões mais pobres da Europa tivesse no futuro um papel importante na economia portuguesa. Ao lado de Jorge Sampaio, que sempre mostrou bastante empenho num forte investimento na região, nomeadamente na antiga base militar, Durão Barroso afirmou mesmo que as obras estavam na primeira linha da opções do seu Governo: "Estas obras são prioritárias. O país não é só Lisboa. 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Estas características colocam-na a par das melhores pistas existentes na Europa e até no mundo, a fazer fé na Aeronautical Information Publication. Até à conclusão dos trabalhos de construção da base, a cargo dos alemães, foram despendidos no empreendimento cerca de 700 milhões de euros a preços actuais. OUTROS TÍTULOS EM LOCAL PORTO O concurso

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