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28-08-2003
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Outra vez a cabala Quem são as forças que pretendem «decapitar a direcção e o secretário-geral do PS», contra as quais se indignou Ferro Rodrigues no último fim-de-semana? Estará o regime democrático «sob escuta» e o Estado de direito realmente «sequestrado», como sugere o líder socialista, só porque têm surgido notícias de que o seu telefone está ou esteve sob escuta? As suspeitas levantadas e a «doença» do país a que se referiu o secretário-geral do PS são tão graves que a explicação dos factos merecia bastante mais do que uma vaga e confusa referência a «forças não eleitas que muitas vezes conseguem fundir interesses que não podem ser representados - interesses mediáticos e financeiros - e fugas de informação». Ferro afirma ainda saber que essas «forças» são «contra a democracia e os partidos políticos». E mais não diz, pelo que nesta denúncia cabem tantos poderes e de tipos tão diversos que se torna difícil identificá-los. As suspeitas levantadas e a «doença» do país a que se referiu o secretário-geral do PS são tão graves que a explicação dos factos merecia bastante mais do que uma vaga e confusa referência a «forças não eleitas que muitas vezes conseguem fundir interesses que não podem ser representados - interesses mediáticos e financeiros - e fugas de informação». Ferro afirma ainda saber que essas «forças» são «contra a democracia e os partidos políticos». E mais não diz, pelo que nesta denúncia cabem tantos poderes e de tipos tão diversos que se torna difícil identificá-los. Que há, como sempre houve, fugas de informação da área da Justiça, tanto como da política, é uma evidência que nem precisa de ser assinalada. Que os jornais e os jornalistas - os agentes dos tais «interesses mediáticos» - são os destinatários dessas fugas também é óbvio. Daí a poder construir-se toda uma doutrina de «complot» contra o regime democrático que mete as tais forças não eleitas - serão os juízes os sequestradores do Estado de direito? - e ainda junta interesses financeiros sem objectivo que se perceba - será impedir que o PS defenda «o socialismo» e defina livremente o rumo que entender, como Ferro sugere? - vai uma grande distância. Que há, como sempre houve, fugas de informação da área da Justiça, tanto como da política, é uma evidência que nem precisa de ser assinalada. Que os jornais e os jornalistas - os agentes dos tais «interesses mediáticos» - são os destinatários dessas fugas também é óbvio. Daí a poder construir-se toda uma doutrina de «complot» contra o regime democrático que mete as tais forças não eleitas - serão os juízes os sequestradores do Estado de direito? - e ainda junta interesses financeiros sem objectivo que se perceba - será impedir que o PS defenda «o socialismo» e defina livremente o rumo que entender, como Ferro sugere? - vai uma grande distância. Mas, para todos os efeitos e na falta de uma explicação mais fundamentada, há uma conclusão que se retira e não oferece dúvidas: independentemente de existir ou não uma «ameaça» real ao regime e ao Estado de direito, como diz, o líder do maior partido da oposição sente-se ameaçado. Só isso explica que, tendo levado dois meses a libertar-se da tese da cabala, a reassuma agora em tom ainda mais dramático do que nos dias seguintes à detenção de Paulo Pedroso. Mas, para todos os efeitos e na falta de uma explicação mais fundamentada, há uma conclusão que se retira e não oferece dúvidas: independentemente de existir ou não uma «ameaça» real ao regime e ao Estado de direito, como diz, o líder do maior partido da oposição sente-se ameaçado. Só isso explica que, tendo levado dois meses a libertar-se da tese da cabala, a reassuma agora em tom ainda mais dramático do que nos dias seguintes à detenção de Paulo Pedroso. E o caso é este: um líder da oposição que se sente ameaçado é, por muito que grite, um líder diminuído. Para recuperar a sua força e vencer a batalha da sua vida, como lhe chamou há dois meses, Ferro Rodrigues tem de identificar claramente, primeiro, e de combater, depois, os poderes ocultos que o seu discurso pretende denunciar. Tem de falar de coisas concretas que toda a gente compreenda. E o caso é este: um líder da oposição que se sente ameaçado é, por muito que grite, um líder diminuído. Para recuperar a sua força e vencer a batalha da sua vida, como lhe chamou há dois meses, Ferro Rodrigues tem de identificar claramente, primeiro, e de combater, depois, os poderes ocultos que o seu discurso pretende denunciar. Tem de falar de coisas concretas que toda a gente compreenda. Se for o caso das escutas telefónicas - aparentemente intermináveis e, na realidade, bastante estranhas não sendo Ferro arguido nem suspeito -, deve pegar o toiro de caras e não de cernelha. Deve afrontar as decisões do juiz de todas as formas e em todas as instâncias, se se considera abusivamente escutado e perseguido, em lugar de vir a público com meias-palavras em linguagem cifrada. Mas esta é uma batalha que, embora possa ter, como Ferro proclama, contornos de natureza política, é sobretudo pessoal. Envolver nela o PS, mais do que ele fica automaticamente envolvido pelas suas funções de secretário-geral, não se afigura o melhor caminho. Por uma razão muito simples: não é por ser dirigente do PS ou por qualquer motivo político que Paulo Pedroso está detido. Nem foi por ser líder do partido, mas amigo de Paulo Pedroso, que Ferro Rodrigues teve - ou tem - o telefone sob escuta e prestou declarações no DIAP. Se for o caso das escutas telefónicas - aparentemente intermináveis e, na realidade, bastante estranhas não sendo Ferro arguido nem suspeito -, deve pegar o toiro de caras e não de cernelha. Deve afrontar as decisões do juiz de todas as formas e em todas as instâncias, se se considera abusivamente escutado e perseguido, em lugar de vir a público com meias-palavras em linguagem cifrada. Mas esta é uma batalha que, embora possa ter, como Ferro proclama, contornos de natureza política, é sobretudo pessoal. Envolver nela o PS, mais do que ele fica automaticamente envolvido pelas suas funções de secretário-geral, não se afigura o melhor caminho. Por uma razão muito simples: não é por ser dirigente do PS ou por qualquer motivo político que Paulo Pedroso está detido. Nem foi por ser líder do partido, mas amigo de Paulo Pedroso, que Ferro Rodrigues teve - ou tem - o telefone sob escuta e prestou declarações no DIAP. 23 Julho 2003

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Comentários

141 a 151 de 151 CaragoNaoPorra 13:09 23 Julho 2003 Ao Bigsteel. Eu sei muito bem onde e a Fontes Pereira de Mello pois vivi mais de 15 anos a 2 minutos da FPM.

O engano nao e meu.

Nao fui eu que escrevi o artigo. O artigo e copiado do diario digital.

Bigsteel 13:03 23 Julho 2003 Não acredito em escutas... mas que as há...

Pelos vistos o "fornecedor" de noticias do Público confirma a existência de escutas a FR como se pode ler nesta própria edição do Expresso.

Dos tantos "experts" em assuntos de Justiça existentes neste forum ainda nenhum explicou aos leigos como é que a "perturbação do processo" levada a cabo pelo FR justifica a prisão preventiva do P.Pedroso? Pelos vistos o facto de se manter preso não impede a perturbação pelo que é-lhe imposto um castigo porque não podem castigar o perturbador. Expliquem lá, por favor.

CaragoNaoPorra 12:23 23 Julho 2003

Ou não é de Lisboa ou digitou mal o nome da Avenida Fontes Pereira de Mello. É que fica muito distante da actual Feira Popular; liga a Praça do Saldanha com a Praça Marquês do Pombal.

Al_Mansour 13:01 23 Julho 2003 O PÚBLICO volta a afirmar

Não sei se é verdade ou mentira, mas uma vez que as fugas ao segredo de justiça são proibidas, gostaria de ver o Ministério Público investgar seriamente de onde partem essas fugas de informação.

De qualquer modo acho lastimável que os colegas deste forum, só porque não gostam políticamente de Ferro Rodrigues ou do PS achem bem que ele esteja sob escuta, mesmo não sendo suspeito de qualquer ilícito.

Gostaria que se pronunciassem mais distanciadamente sobre este caso, porque a pedofilia não tem côr política.

Em qualquer outro país dito civilizado isso daria azo a um inquérito.

Não é frequente que líderes da oposição estejam sob escuta, a menos que se viva em estados totalitários.

Al_Mansour 12:55 23 Julho 2003 Durão Barroso

Ontem Durão Barroso repetiu pela enêsima vez que não comenta casos que estejam em justiça, o que é normal.

Mas acrescentou que tem muito respeito pelo PS e pelo seu líder.

Porque disse isso?

Porque sente a pressão, e esta não é de Ferro ou do PS, já que a comunicação social não está ao lado do PS, e são poucos os opinion maker que desconfiam da forma como o processo está a ser conduzido.

É porque percebe que junto da opinião pública este caso de justiça já começa inegavelmente a ter contornos de perseguição política.

E isso é um facto.

ariosto 12:51 23 Julho 2003 O artigo está bem escrito e lógico, direto. A única ressalva que faço, uma opinião pessoal, é que é muito difícil fazer-se a dissociação entre o ser humano e o ser político nestas situações. Joga-se sempre com o dilema de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha ? Com isto confunde-se a já perplexa população e atira-se areia aos olhos de quem não perde de vista o principal que é, custe a quem custar, pessoas ou instituições, a Justiça que deve ser feita às vítimas inocentes desta vilania, as crianças que estavam sob a tutela do Estado, não se esqueça, que estão condenadas para a vida toda. Deixem que ladrem os cães, mas conduza-se a caravana ao seu destino. Rapidamente, se possível. carvalho Negro 12:25 23 Julho 2003 Junte-se o seguinte:

"Ao JN, o porta-voz do PS, Vieira da Silva, garantiu que o partido, e o seu líder em particular, deixaram claro que os comentários eram baseados em hipóteses: "Falámos sempre no condicional. Se as escutas não existiram, então regressamos a uma situação de normalidade".

Vieira da Silva disse ainda, citado pela agência Lusa, que "quem tem a responsabilidade de esclarecer a questão das escutas, que esclareça". Uma interpelação dirigida à Procuradoria-Geral da República.

Já o porta-voz do PSD, Pedro Duarte, atribui aos socialistas "uma reacção extemporânea que deve ser evitada". "Não vamos oscilando de opinião, nem ziguezagueando em função de notícias de jornal. E era importante que o PS não demonstrasse tanto nervosismo", considera o dirigente social-democrata. "

P.S. Falaram sempre no condicional. Ou seja. Fartaram-se de fazer barulho sem confirmarem a veracidade das notícias.

Mais. Admitem mesmo o facto de estarem errados. É triste ver tanta "baixeza".

Quer-se dizer: "Se as escutas não existiram, então regressamos a uma situação de normalidade". --< como pode isto ser possível? Admitem fazer acusações graves à justiça e à democracia que podem não ser verdadeiras.

A situação ultrapassa o aceitável. Alguém devia acabar com esta vergonha. CaragoNaoPorra 12:23 23 Julho 2003 As negociatas do sr. Santana Lopes. Primeiro o Casino, agora um Hotel. Quanto e que ira receber em luvas?

Hotel vai nascer nos terrenos da Feira Popular

Os terrenos da Feira Popular vão alojar já em 2005 um hotel, torres de escritórios e um novo parque de diversões. O actual recinto encerra definitivamente a 5 de Outubro.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Correio da Manhã, o hotel vai ficar virado para a Avenida da República, enquanto as torres serão edificados junto à Avenida Fontes Pereira de Mello.

O parque de diversões ocupará apenas metade do actual terreno, sendo os restantes 22 mil metros reservados ao empreendimento.

O novo parque de diversões terá um estacionamento subterrâneo, e uma galeria comercial, bem como uma área reservada à restauração.

Ainda de acordo com o CM, o hotel, os escritórios e o parque são da responsabilidade dos proprietários do Parque Mayer, mediante a proposta de permuta de terrenos aprovada na terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa.

23-07-2003 8:03:23

______________________________

O sr. PP rouba nas comissoes de milhoes de contos da compra de equipamentos militares. O sr. Lopes contenta-se com umas luvazitas de um Casino e de um Hotel.

CaragoNaoPorra 12:17 23 Julho 2003 A violacao do segredo de justica e um negocio de centenas de milhares de contos que conta com a cumplicidade criminosa dos juizes/magistrados e dos Media

Juizes/magistrados, advogados e funcionários judiciais são três das corporações mais reaccionárias de que o País tem que se libertar urgentemente. Estas corporações vivem à sombra do estatuto herdado do tempo do fascismo. Aquilo que mudou nesta área, mudou para pior do que era no tempo do fascismo.

Toda a legislação parida no pós-revolução não passa de uma manta de retalhos sem nexo, parida a pensar exclusivamente nas negociatas e ineresses destas corporações.

Já não vou discutir a imoralidade das compras de equipamentos militares de que o País não precisa para nada, apenas porque geram comissões de milhões de contos para escritórios de advogados e amigos de ministros. Porque é que os Media não investigam quem são os beneficiários dessas comissões? Estarão os patrões dos Media tambem envolvidos nessas negociatas?

Os Tribunais, o ministério público e a PJ são controlados e manipuláveis pelo ministério da Justiça. Todos podem e têm sido manipulados, especialmente desde que este governo chegou ao poder, para investigar sobretudo figuras ligadas à oposição e fazer alarido (com fugas de informação e violação do segredo de justiça). Os métodos não são nada novos e foram extensivamente utilizados pelo semanário “O Independente” quando PP foi Director do dito pasquim.

A violação do segredo de justiça é um negócio de milhões. Segundo consta, os funcionários judiciais são os testas de ferro que violam o segredo de justiça, vendendo-o por muito dinheiro aos Media. Há quem diga que até têm um preçário para o efeito. Mas ao que parece não estão sós neste crime. Aparentemente, o muitíssimo dinheiro pago pelos Media para corromper os funcionários judiciais é depois distribuído pelos diverso intervenientes nos processos. Há funcionários judiciais que se gabam de ganhar muito mais dinheiro a vender o segredo de justiça do que de salário. O que não se sabe é se juízes e magistrados tambem recebem esse dinheiro sujo. Pela cumplicidade que aparentam ter tudo leva a crer que tambem estão metidos na corrupção. Os juízes/magistrados sabem quem conhece o quê dos processos. Quando há fugas nunca nenhum deles abre o inquérito para apurar responsabilidades, ora isto revela cumplicidade.

Os violadores do segredo de justiça contam ainda com a cumplicidade criminosa dos Media. É que os Media não podem obter informação a qualquer custo. Comprar informação que está em segredo de justiça é crime e devia ser punido com penas de prisão efectiva pesadas. Quando os Media publicam informação que está em segredo de justiça, deviam ser obrigados por lei a revelar as fontes.

Portugal está transformado numa república da Bimbahoca. Só passará a ser um País a sério quando puser esta canalhada do Direito toda na ordem.

Aramiuze 12:17 23 Julho 2003 Dois comentários sem importância.

1º comentário: A cabala até pode existir, mas aposto que terá a sua origem no próprio PS. O facto de que a débil liderança de Ferro não ser abertamente criticada no partido pode querer dizer que está a ser dinamitada de outras formas.

2º Comentário: Parece-me que os comentário feitos nestes foruns tentam quase sempre desvalorizar/criticar/ridiculalizar o artigo que lhes serviu de mote, e depois brilhar com uma tiradas fantásticas.

3º comentário: os factos que deram origem à prisão de Pedroso e às escutas telefónicas são muito graves. E o facto de esquecer as reais vítimas e inventar outras (Ferro Rodrigues) parece-me muito ligeiro. surpreso 11:50 23 Julho 2003 Sejamos claros: Ferro foi o "bom e honesto homem" que serviu de amortecedor ao flop guterrista e até se saiu muito bem.Agora veio ao de cima a sua pouca classe ,que começou na escolha dos lugares-tenentes.Não tem "pedigree"(pessoal,que é o que interessa) para o lugar.Mas,por favor não pensem no Vitorino!.Está um verdadeiro estadista... VCasanova 11:22 23 Julho 2003 Muito bem...

O escrito é seu, mas o pensamento é igual ao de milhares e milhares de cidadãos e socialistas que se não revê nas posições que o secretário geral de uma forma aligeirada e insensata arrasta o partido para o ridiculo e consequentemente para a lama, quando a solidariedade a Paulo Pedroso é particular, (de um amigo para um amigo, de camarada para camarada). Paulo Pedroso não é detido por defender ideais ou lutas do partido. - Para quê então ligar o Partido Socialista a um mero caso de policia ?

Obrigada e bem haja pela sua clarividencia. < anteriores

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Outra vez a cabala Quem são as forças que pretendem «decapitar a direcção e o secretário-geral do PS», contra as quais se indignou Ferro Rodrigues no último fim-de-semana? Estará o regime democrático «sob escuta» e o Estado de direito realmente «sequestrado», como sugere o líder socialista, só porque têm surgido notícias de que o seu telefone está ou esteve sob escuta? As suspeitas levantadas e a «doença» do país a que se referiu o secretário-geral do PS são tão graves que a explicação dos factos merecia bastante mais do que uma vaga e confusa referência a «forças não eleitas que muitas vezes conseguem fundir interesses que não podem ser representados - interesses mediáticos e financeiros - e fugas de informação». Ferro afirma ainda saber que essas «forças» são «contra a democracia e os partidos políticos». E mais não diz, pelo que nesta denúncia cabem tantos poderes e de tipos tão diversos que se torna difícil identificá-los. As suspeitas levantadas e a «doença» do país a que se referiu o secretário-geral do PS são tão graves que a explicação dos factos merecia bastante mais do que uma vaga e confusa referência a «forças não eleitas que muitas vezes conseguem fundir interesses que não podem ser representados - interesses mediáticos e financeiros - e fugas de informação». Ferro afirma ainda saber que essas «forças» são «contra a democracia e os partidos políticos». E mais não diz, pelo que nesta denúncia cabem tantos poderes e de tipos tão diversos que se torna difícil identificá-los. Que há, como sempre houve, fugas de informação da área da Justiça, tanto como da política, é uma evidência que nem precisa de ser assinalada. Que os jornais e os jornalistas - os agentes dos tais «interesses mediáticos» - são os destinatários dessas fugas também é óbvio. Daí a poder construir-se toda uma doutrina de «complot» contra o regime democrático que mete as tais forças não eleitas - serão os juízes os sequestradores do Estado de direito? - e ainda junta interesses financeiros sem objectivo que se perceba - será impedir que o PS defenda «o socialismo» e defina livremente o rumo que entender, como Ferro sugere? - vai uma grande distância. Que há, como sempre houve, fugas de informação da área da Justiça, tanto como da política, é uma evidência que nem precisa de ser assinalada. Que os jornais e os jornalistas - os agentes dos tais «interesses mediáticos» - são os destinatários dessas fugas também é óbvio. Daí a poder construir-se toda uma doutrina de «complot» contra o regime democrático que mete as tais forças não eleitas - serão os juízes os sequestradores do Estado de direito? - e ainda junta interesses financeiros sem objectivo que se perceba - será impedir que o PS defenda «o socialismo» e defina livremente o rumo que entender, como Ferro sugere? - vai uma grande distância. Mas, para todos os efeitos e na falta de uma explicação mais fundamentada, há uma conclusão que se retira e não oferece dúvidas: independentemente de existir ou não uma «ameaça» real ao regime e ao Estado de direito, como diz, o líder do maior partido da oposição sente-se ameaçado. Só isso explica que, tendo levado dois meses a libertar-se da tese da cabala, a reassuma agora em tom ainda mais dramático do que nos dias seguintes à detenção de Paulo Pedroso. Mas, para todos os efeitos e na falta de uma explicação mais fundamentada, há uma conclusão que se retira e não oferece dúvidas: independentemente de existir ou não uma «ameaça» real ao regime e ao Estado de direito, como diz, o líder do maior partido da oposição sente-se ameaçado. Só isso explica que, tendo levado dois meses a libertar-se da tese da cabala, a reassuma agora em tom ainda mais dramático do que nos dias seguintes à detenção de Paulo Pedroso. E o caso é este: um líder da oposição que se sente ameaçado é, por muito que grite, um líder diminuído. Para recuperar a sua força e vencer a batalha da sua vida, como lhe chamou há dois meses, Ferro Rodrigues tem de identificar claramente, primeiro, e de combater, depois, os poderes ocultos que o seu discurso pretende denunciar. Tem de falar de coisas concretas que toda a gente compreenda. E o caso é este: um líder da oposição que se sente ameaçado é, por muito que grite, um líder diminuído. Para recuperar a sua força e vencer a batalha da sua vida, como lhe chamou há dois meses, Ferro Rodrigues tem de identificar claramente, primeiro, e de combater, depois, os poderes ocultos que o seu discurso pretende denunciar. Tem de falar de coisas concretas que toda a gente compreenda. Se for o caso das escutas telefónicas - aparentemente intermináveis e, na realidade, bastante estranhas não sendo Ferro arguido nem suspeito -, deve pegar o toiro de caras e não de cernelha. Deve afrontar as decisões do juiz de todas as formas e em todas as instâncias, se se considera abusivamente escutado e perseguido, em lugar de vir a público com meias-palavras em linguagem cifrada. Mas esta é uma batalha que, embora possa ter, como Ferro proclama, contornos de natureza política, é sobretudo pessoal. Envolver nela o PS, mais do que ele fica automaticamente envolvido pelas suas funções de secretário-geral, não se afigura o melhor caminho. Por uma razão muito simples: não é por ser dirigente do PS ou por qualquer motivo político que Paulo Pedroso está detido. Nem foi por ser líder do partido, mas amigo de Paulo Pedroso, que Ferro Rodrigues teve - ou tem - o telefone sob escuta e prestou declarações no DIAP. Se for o caso das escutas telefónicas - aparentemente intermináveis e, na realidade, bastante estranhas não sendo Ferro arguido nem suspeito -, deve pegar o toiro de caras e não de cernelha. Deve afrontar as decisões do juiz de todas as formas e em todas as instâncias, se se considera abusivamente escutado e perseguido, em lugar de vir a público com meias-palavras em linguagem cifrada. Mas esta é uma batalha que, embora possa ter, como Ferro proclama, contornos de natureza política, é sobretudo pessoal. Envolver nela o PS, mais do que ele fica automaticamente envolvido pelas suas funções de secretário-geral, não se afigura o melhor caminho. Por uma razão muito simples: não é por ser dirigente do PS ou por qualquer motivo político que Paulo Pedroso está detido. Nem foi por ser líder do partido, mas amigo de Paulo Pedroso, que Ferro Rodrigues teve - ou tem - o telefone sob escuta e prestou declarações no DIAP. 23 Julho 2003

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141 a 151 de 151 CaragoNaoPorra 13:09 23 Julho 2003 Ao Bigsteel. Eu sei muito bem onde e a Fontes Pereira de Mello pois vivi mais de 15 anos a 2 minutos da FPM.

O engano nao e meu.

Nao fui eu que escrevi o artigo. O artigo e copiado do diario digital.

Bigsteel 13:03 23 Julho 2003 Não acredito em escutas... mas que as há...

Pelos vistos o "fornecedor" de noticias do Público confirma a existência de escutas a FR como se pode ler nesta própria edição do Expresso.

Dos tantos "experts" em assuntos de Justiça existentes neste forum ainda nenhum explicou aos leigos como é que a "perturbação do processo" levada a cabo pelo FR justifica a prisão preventiva do P.Pedroso? Pelos vistos o facto de se manter preso não impede a perturbação pelo que é-lhe imposto um castigo porque não podem castigar o perturbador. Expliquem lá, por favor.

CaragoNaoPorra 12:23 23 Julho 2003

Ou não é de Lisboa ou digitou mal o nome da Avenida Fontes Pereira de Mello. É que fica muito distante da actual Feira Popular; liga a Praça do Saldanha com a Praça Marquês do Pombal.

Al_Mansour 13:01 23 Julho 2003 O PÚBLICO volta a afirmar

Não sei se é verdade ou mentira, mas uma vez que as fugas ao segredo de justiça são proibidas, gostaria de ver o Ministério Público investgar seriamente de onde partem essas fugas de informação.

De qualquer modo acho lastimável que os colegas deste forum, só porque não gostam políticamente de Ferro Rodrigues ou do PS achem bem que ele esteja sob escuta, mesmo não sendo suspeito de qualquer ilícito.

Gostaria que se pronunciassem mais distanciadamente sobre este caso, porque a pedofilia não tem côr política.

Em qualquer outro país dito civilizado isso daria azo a um inquérito.

Não é frequente que líderes da oposição estejam sob escuta, a menos que se viva em estados totalitários.

Al_Mansour 12:55 23 Julho 2003 Durão Barroso

Ontem Durão Barroso repetiu pela enêsima vez que não comenta casos que estejam em justiça, o que é normal.

Mas acrescentou que tem muito respeito pelo PS e pelo seu líder.

Porque disse isso?

Porque sente a pressão, e esta não é de Ferro ou do PS, já que a comunicação social não está ao lado do PS, e são poucos os opinion maker que desconfiam da forma como o processo está a ser conduzido.

É porque percebe que junto da opinião pública este caso de justiça já começa inegavelmente a ter contornos de perseguição política.

E isso é um facto.

ariosto 12:51 23 Julho 2003 O artigo está bem escrito e lógico, direto. A única ressalva que faço, uma opinião pessoal, é que é muito difícil fazer-se a dissociação entre o ser humano e o ser político nestas situações. Joga-se sempre com o dilema de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha ? Com isto confunde-se a já perplexa população e atira-se areia aos olhos de quem não perde de vista o principal que é, custe a quem custar, pessoas ou instituições, a Justiça que deve ser feita às vítimas inocentes desta vilania, as crianças que estavam sob a tutela do Estado, não se esqueça, que estão condenadas para a vida toda. Deixem que ladrem os cães, mas conduza-se a caravana ao seu destino. Rapidamente, se possível. carvalho Negro 12:25 23 Julho 2003 Junte-se o seguinte:

"Ao JN, o porta-voz do PS, Vieira da Silva, garantiu que o partido, e o seu líder em particular, deixaram claro que os comentários eram baseados em hipóteses: "Falámos sempre no condicional. Se as escutas não existiram, então regressamos a uma situação de normalidade".

Vieira da Silva disse ainda, citado pela agência Lusa, que "quem tem a responsabilidade de esclarecer a questão das escutas, que esclareça". Uma interpelação dirigida à Procuradoria-Geral da República.

Já o porta-voz do PSD, Pedro Duarte, atribui aos socialistas "uma reacção extemporânea que deve ser evitada". "Não vamos oscilando de opinião, nem ziguezagueando em função de notícias de jornal. E era importante que o PS não demonstrasse tanto nervosismo", considera o dirigente social-democrata. "

P.S. Falaram sempre no condicional. Ou seja. Fartaram-se de fazer barulho sem confirmarem a veracidade das notícias.

Mais. Admitem mesmo o facto de estarem errados. É triste ver tanta "baixeza".

Quer-se dizer: "Se as escutas não existiram, então regressamos a uma situação de normalidade". --< como pode isto ser possível? Admitem fazer acusações graves à justiça e à democracia que podem não ser verdadeiras.

A situação ultrapassa o aceitável. Alguém devia acabar com esta vergonha. CaragoNaoPorra 12:23 23 Julho 2003 As negociatas do sr. Santana Lopes. Primeiro o Casino, agora um Hotel. Quanto e que ira receber em luvas?

Hotel vai nascer nos terrenos da Feira Popular

Os terrenos da Feira Popular vão alojar já em 2005 um hotel, torres de escritórios e um novo parque de diversões. O actual recinto encerra definitivamente a 5 de Outubro.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Correio da Manhã, o hotel vai ficar virado para a Avenida da República, enquanto as torres serão edificados junto à Avenida Fontes Pereira de Mello.

O parque de diversões ocupará apenas metade do actual terreno, sendo os restantes 22 mil metros reservados ao empreendimento.

O novo parque de diversões terá um estacionamento subterrâneo, e uma galeria comercial, bem como uma área reservada à restauração.

Ainda de acordo com o CM, o hotel, os escritórios e o parque são da responsabilidade dos proprietários do Parque Mayer, mediante a proposta de permuta de terrenos aprovada na terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa.

23-07-2003 8:03:23

______________________________

O sr. PP rouba nas comissoes de milhoes de contos da compra de equipamentos militares. O sr. Lopes contenta-se com umas luvazitas de um Casino e de um Hotel.

CaragoNaoPorra 12:17 23 Julho 2003 A violacao do segredo de justica e um negocio de centenas de milhares de contos que conta com a cumplicidade criminosa dos juizes/magistrados e dos Media

Juizes/magistrados, advogados e funcionários judiciais são três das corporações mais reaccionárias de que o País tem que se libertar urgentemente. Estas corporações vivem à sombra do estatuto herdado do tempo do fascismo. Aquilo que mudou nesta área, mudou para pior do que era no tempo do fascismo.

Toda a legislação parida no pós-revolução não passa de uma manta de retalhos sem nexo, parida a pensar exclusivamente nas negociatas e ineresses destas corporações.

Já não vou discutir a imoralidade das compras de equipamentos militares de que o País não precisa para nada, apenas porque geram comissões de milhões de contos para escritórios de advogados e amigos de ministros. Porque é que os Media não investigam quem são os beneficiários dessas comissões? Estarão os patrões dos Media tambem envolvidos nessas negociatas?

Os Tribunais, o ministério público e a PJ são controlados e manipuláveis pelo ministério da Justiça. Todos podem e têm sido manipulados, especialmente desde que este governo chegou ao poder, para investigar sobretudo figuras ligadas à oposição e fazer alarido (com fugas de informação e violação do segredo de justiça). Os métodos não são nada novos e foram extensivamente utilizados pelo semanário “O Independente” quando PP foi Director do dito pasquim.

A violação do segredo de justiça é um negócio de milhões. Segundo consta, os funcionários judiciais são os testas de ferro que violam o segredo de justiça, vendendo-o por muito dinheiro aos Media. Há quem diga que até têm um preçário para o efeito. Mas ao que parece não estão sós neste crime. Aparentemente, o muitíssimo dinheiro pago pelos Media para corromper os funcionários judiciais é depois distribuído pelos diverso intervenientes nos processos. Há funcionários judiciais que se gabam de ganhar muito mais dinheiro a vender o segredo de justiça do que de salário. O que não se sabe é se juízes e magistrados tambem recebem esse dinheiro sujo. Pela cumplicidade que aparentam ter tudo leva a crer que tambem estão metidos na corrupção. Os juízes/magistrados sabem quem conhece o quê dos processos. Quando há fugas nunca nenhum deles abre o inquérito para apurar responsabilidades, ora isto revela cumplicidade.

Os violadores do segredo de justiça contam ainda com a cumplicidade criminosa dos Media. É que os Media não podem obter informação a qualquer custo. Comprar informação que está em segredo de justiça é crime e devia ser punido com penas de prisão efectiva pesadas. Quando os Media publicam informação que está em segredo de justiça, deviam ser obrigados por lei a revelar as fontes.

Portugal está transformado numa república da Bimbahoca. Só passará a ser um País a sério quando puser esta canalhada do Direito toda na ordem.

Aramiuze 12:17 23 Julho 2003 Dois comentários sem importância.

1º comentário: A cabala até pode existir, mas aposto que terá a sua origem no próprio PS. O facto de que a débil liderança de Ferro não ser abertamente criticada no partido pode querer dizer que está a ser dinamitada de outras formas.

2º Comentário: Parece-me que os comentário feitos nestes foruns tentam quase sempre desvalorizar/criticar/ridiculalizar o artigo que lhes serviu de mote, e depois brilhar com uma tiradas fantásticas.

3º comentário: os factos que deram origem à prisão de Pedroso e às escutas telefónicas são muito graves. E o facto de esquecer as reais vítimas e inventar outras (Ferro Rodrigues) parece-me muito ligeiro. surpreso 11:50 23 Julho 2003 Sejamos claros: Ferro foi o "bom e honesto homem" que serviu de amortecedor ao flop guterrista e até se saiu muito bem.Agora veio ao de cima a sua pouca classe ,que começou na escolha dos lugares-tenentes.Não tem "pedigree"(pessoal,que é o que interessa) para o lugar.Mas,por favor não pensem no Vitorino!.Está um verdadeiro estadista... VCasanova 11:22 23 Julho 2003 Muito bem...

O escrito é seu, mas o pensamento é igual ao de milhares e milhares de cidadãos e socialistas que se não revê nas posições que o secretário geral de uma forma aligeirada e insensata arrasta o partido para o ridiculo e consequentemente para a lama, quando a solidariedade a Paulo Pedroso é particular, (de um amigo para um amigo, de camarada para camarada). Paulo Pedroso não é detido por defender ideais ou lutas do partido. - Para quê então ligar o Partido Socialista a um mero caso de policia ?

Obrigada e bem haja pela sua clarividencia. < anteriores

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