Nobre Guedes convida Coimbra a "levantar à rua" contra Sócrates

05-02-2005
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Nobre Guedes Convida Coimbra a "Levantar à Rua" Contra Sócrates

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO E MARIA JOÃO LOPES

Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2005

O Ministro do Ambiente e cabeça de lista do CDS por Coimbra, Luís Nobre Guedes, provocou ontem a indignação dos socialistas e do social-democrata Carlos Encarnação, depois de, em declarações à Rádio Boa Nova, de Oliveira do Hospital, ter defendido, a propósito da posição do líder do PS sobre a co-incineração, que "Coimbra devia levantar à rua".

"Coimbra devia levantar à rua e esse senhor não devia cá entrar. Uma pessoa que, teimosamente, para sua afirmação política, quer sacrificar os interesses e a saúde da população deve ter uma manifestação de repúdio", insistiu, em declarações à rádio local.

O primeiro a reagir foi Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS, que sublinhou a "gravidade extrema" das afirmações de Nobre Guedes. "Não há memória de um ministro ainda em funções fazer verdadeiros apelos à perturbação da ordem pública. Isso não é próprio de um ministro nem de um democrata", enfatizou, em declarações à agência Lusa.

Considerando que o cabeça de lista do CDS por Coimbra "está, manifestamente, de cabeça perdida", o socialista frisou que "as opções políticas sobre o futuro do país não vão ser decididas nas ruas mas em eleições livres e democráticas". "Queira ou não queira o ainda ministro do Ambiente, José Sócrates vai entrar em Coimbra, vai ganhar as eleições em Coimbra e o senhor ministro é que vai sair do Governo", afirmou Silva Pereira, que considerou que "talvez" seja por isso que Nobre Guedes" está tão desesperado".

Mais brando, o líder da federação distrital de Coimbra do PS, Victor Baptista, optou pelo jogo de palavras para, numa referência ao apelo do CDS ao voto útil, afirmar que a candidatura de Nobre Guedes "se revela de uma grande inutilidade". "Quem se comporta assim não merece qualquer reconhecimento", defendeu, em comunicado, assegurando que no dia 20 "Coimbra vai, sem equívocos, mas democraticamente, responder a Nobre Guedes, impedindo a sua eleição como deputado".

Ministro reduz críticas a "politiquice"

Contactado pelo PÚBLICO, ao fim da tarde de ontem, Nobre Guedes mostrou-se indignado com a polémica gerada em torno das suas declarações. "Trata-se de uma expressão já mil vezes usada em política e que não merece uma interpretação literal", afirmou, assegurando que, "naturalmente", não pretende que "a população de Coimbra impeça José Sócrates de entrar na cidade". "Os cidadãos sabem isso, sabem que foi só uma imagem e já mil vezes usada em política. E perceberão que esta suposta indignação não passa de politiquice e de uma manobra do PS para fugir às questões essenciais, que são as que tenho lançado sobre o Ambiente", acusou.

Apesar de insistir em que as suas afirmações não podem ser entendidas como "um apelo, propriamente dito", Nobre Guedes admitiu ter defendido que "o direito à indignação tão caro a Mário Soares" se traduzisse "num protesto de rua, por exemplo". "Que mal tem se o povo se manifestar pacífica e ordeiramente? Isso não aconteceu já no passado?" questionou, adiantando que, se houver "uma manifestação desse género", estará "lá" e "certamente acompanhado [pelo socialista] Manuel Alegre".

Para além dos socialistas e do presidente da Câmara de Coimbra, que na sua perspectiva "quis tirar proveito partidário da situação gerada", Nobre Guedes criticou o interesse suscitado pela questão junto dos jornalistas. "A política tem riscos. Eu sei que a comunicação social vai durante três dias usar uma imagem normal e inofensiva para, como se ela tivesse sido usada pela primeira vez, fazer interpretações literais e impenitentes. Isso é fazer o jogo do PS que, só quer desviar a atenção do essencial", acusou. O essencial, na sua perspectiva, são as questões lançadas por si próprio sobre a actuação dos Governos PS na área do ambiente. E a "obstinação" de Sócrates que "persiste em querer uma má solução para os resíduos industriais perigosos, quando há uma boa solução", os centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos (CIRVER).

"Se a população de Coimbra não manifestar, de alguma forma, a sua indignação, terei de admitir que, ao contrário daquilo em que acredito, a maioria não está preocupada com a co-incineração", afirmou, recusando de novo que estivesse a fazer um apelo à manifestação popular.

Nobre Guedes Convida Coimbra a "Levantar à Rua" Contra Sócrates

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO E MARIA JOÃO LOPES

Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2005

O Ministro do Ambiente e cabeça de lista do CDS por Coimbra, Luís Nobre Guedes, provocou ontem a indignação dos socialistas e do social-democrata Carlos Encarnação, depois de, em declarações à Rádio Boa Nova, de Oliveira do Hospital, ter defendido, a propósito da posição do líder do PS sobre a co-incineração, que "Coimbra devia levantar à rua".

"Coimbra devia levantar à rua e esse senhor não devia cá entrar. Uma pessoa que, teimosamente, para sua afirmação política, quer sacrificar os interesses e a saúde da população deve ter uma manifestação de repúdio", insistiu, em declarações à rádio local.

O primeiro a reagir foi Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS, que sublinhou a "gravidade extrema" das afirmações de Nobre Guedes. "Não há memória de um ministro ainda em funções fazer verdadeiros apelos à perturbação da ordem pública. Isso não é próprio de um ministro nem de um democrata", enfatizou, em declarações à agência Lusa.

Considerando que o cabeça de lista do CDS por Coimbra "está, manifestamente, de cabeça perdida", o socialista frisou que "as opções políticas sobre o futuro do país não vão ser decididas nas ruas mas em eleições livres e democráticas". "Queira ou não queira o ainda ministro do Ambiente, José Sócrates vai entrar em Coimbra, vai ganhar as eleições em Coimbra e o senhor ministro é que vai sair do Governo", afirmou Silva Pereira, que considerou que "talvez" seja por isso que Nobre Guedes" está tão desesperado".

Mais brando, o líder da federação distrital de Coimbra do PS, Victor Baptista, optou pelo jogo de palavras para, numa referência ao apelo do CDS ao voto útil, afirmar que a candidatura de Nobre Guedes "se revela de uma grande inutilidade". "Quem se comporta assim não merece qualquer reconhecimento", defendeu, em comunicado, assegurando que no dia 20 "Coimbra vai, sem equívocos, mas democraticamente, responder a Nobre Guedes, impedindo a sua eleição como deputado".

Ministro reduz críticas a "politiquice"

Contactado pelo PÚBLICO, ao fim da tarde de ontem, Nobre Guedes mostrou-se indignado com a polémica gerada em torno das suas declarações. "Trata-se de uma expressão já mil vezes usada em política e que não merece uma interpretação literal", afirmou, assegurando que, "naturalmente", não pretende que "a população de Coimbra impeça José Sócrates de entrar na cidade". "Os cidadãos sabem isso, sabem que foi só uma imagem e já mil vezes usada em política. E perceberão que esta suposta indignação não passa de politiquice e de uma manobra do PS para fugir às questões essenciais, que são as que tenho lançado sobre o Ambiente", acusou.

Apesar de insistir em que as suas afirmações não podem ser entendidas como "um apelo, propriamente dito", Nobre Guedes admitiu ter defendido que "o direito à indignação tão caro a Mário Soares" se traduzisse "num protesto de rua, por exemplo". "Que mal tem se o povo se manifestar pacífica e ordeiramente? Isso não aconteceu já no passado?" questionou, adiantando que, se houver "uma manifestação desse género", estará "lá" e "certamente acompanhado [pelo socialista] Manuel Alegre".

Para além dos socialistas e do presidente da Câmara de Coimbra, que na sua perspectiva "quis tirar proveito partidário da situação gerada", Nobre Guedes criticou o interesse suscitado pela questão junto dos jornalistas. "A política tem riscos. Eu sei que a comunicação social vai durante três dias usar uma imagem normal e inofensiva para, como se ela tivesse sido usada pela primeira vez, fazer interpretações literais e impenitentes. Isso é fazer o jogo do PS que, só quer desviar a atenção do essencial", acusou. O essencial, na sua perspectiva, são as questões lançadas por si próprio sobre a actuação dos Governos PS na área do ambiente. E a "obstinação" de Sócrates que "persiste em querer uma má solução para os resíduos industriais perigosos, quando há uma boa solução", os centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos (CIRVER).

"Se a população de Coimbra não manifestar, de alguma forma, a sua indignação, terei de admitir que, ao contrário daquilo em que acredito, a maioria não está preocupada com a co-incineração", afirmou, recusando de novo que estivesse a fazer um apelo à manifestação popular.

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