Estragou Tudo!
Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 Para quem não liga a futebol, como eu, e nem sequer gosta de ver televisão à hora da refeição, mas que ama rádio, ouvir um jogo de televisão enquanto se janta até pode ser um exercício tolerável. E era esse exercício de atenção auditiva que estava calmamente a fazer, na passada quinta-feira à noite, durante o jantar, quando, de repente, ouvi uma voz feminina, de uma repórter que dizia que estava atrás da baliza benfiquista, e que, bem posicionada para tal, comentava as manobras do banco de suplentes onde um jogador se preparava para entrar. Ora a voz de uma mulher a fazer reportagem dentro de um jogo de futebol é algo que me soou como música porque não é comum. Acho que já era altura de o ser. Um dia, um profissional destas coisas tentou explicar-me que as senhoras jornalistas não podem fazer jogos de futebol porque não podem entrar nos balneários ao final dos jogos para entrevistar os jogadores. Não sei se estava a gozar comigo. Pessoalmente não vejo qualquer tipo de problema nisso! Mas no fundo todos sabemos que a razão pela qual não há mais mulheres jornalistas a fazer jogos de futebol, salvo honrosas excepções que, em Portugal, se contam pelos dedos de uma mão, é porque há um complexo machista irracional contra as mulheres que entram num feudo que eles pensam ser exclusivamente macho. Estava eu ainda a gozar o prazer de ouvir aquela voz feminina e pensar nestas coisas todas quando, de repente, o meu contentamento se esvaiu ao ouvir a mesma senhora, a propósito de uma troca de jogadores dita duvidosa, comentar: "Isto, em linguagem feminina, é como fazer omeletas sem ovos!". Estragou tudo! Mas por que é que as omeletas são assunto de senhoras? Talvez pela mesma razão que os jogos de futebol são assuntos de homens: puro machismo. Ana Machado OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Director do "Monde" demitiu-se
"Libé" cobiçado por Rotschild e Bolloré
Ex-concorrentes da Quinta das Celebridades contestam votações
Vicente Jorge Silva
Estragou tudo!
A irregularidade de Herman José
DEBATE CASO CASA PIA
FUTEBOL VIT. SETÚBAL-FC PORTO
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Estragou Tudo!
Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 Para quem não liga a futebol, como eu, e nem sequer gosta de ver televisão à hora da refeição, mas que ama rádio, ouvir um jogo de televisão enquanto se janta até pode ser um exercício tolerável. E era esse exercício de atenção auditiva que estava calmamente a fazer, na passada quinta-feira à noite, durante o jantar, quando, de repente, ouvi uma voz feminina, de uma repórter que dizia que estava atrás da baliza benfiquista, e que, bem posicionada para tal, comentava as manobras do banco de suplentes onde um jogador se preparava para entrar. Ora a voz de uma mulher a fazer reportagem dentro de um jogo de futebol é algo que me soou como música porque não é comum. Acho que já era altura de o ser. Um dia, um profissional destas coisas tentou explicar-me que as senhoras jornalistas não podem fazer jogos de futebol porque não podem entrar nos balneários ao final dos jogos para entrevistar os jogadores. Não sei se estava a gozar comigo. Pessoalmente não vejo qualquer tipo de problema nisso! Mas no fundo todos sabemos que a razão pela qual não há mais mulheres jornalistas a fazer jogos de futebol, salvo honrosas excepções que, em Portugal, se contam pelos dedos de uma mão, é porque há um complexo machista irracional contra as mulheres que entram num feudo que eles pensam ser exclusivamente macho. Estava eu ainda a gozar o prazer de ouvir aquela voz feminina e pensar nestas coisas todas quando, de repente, o meu contentamento se esvaiu ao ouvir a mesma senhora, a propósito de uma troca de jogadores dita duvidosa, comentar: "Isto, em linguagem feminina, é como fazer omeletas sem ovos!". Estragou tudo! Mas por que é que as omeletas são assunto de senhoras? Talvez pela mesma razão que os jogos de futebol são assuntos de homens: puro machismo. Ana Machado OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Director do "Monde" demitiu-se
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