Suplemento Economia

01-05-2004
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Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2004

Causou surpresa a presença do ministro da Economia, Carlos Tavares, no jogo de futebol entre o Sporting e o Wolfsburgo, disputado numa quarta-feira à tarde num dos relvados da Academia do clube de Alvalade, em Alcochete. O encontro era de carácter particular (quer dizer, era a feijões), muitos dos craques do clube português nem entraram em campo e poucos adivinharam as razões da presença de tão ilustre convidado na bancada, durante a segunda parte. É verdade que o entusiasmo dos adeptos com a campanha do segundo classificado na SuperLiga levou a Alcochete umas duas mil pessoas, num dia útil, mas um ministro... Os jornalistas presentes acabaram por descobrir o óbvio: Carlos Tavares aceitou o convite da Volkswagen, proprietária do Wolfsburgo e da Autoeuropa, a fábrica de automóveis de tanta importância para o emprego na região e para as finanças nacionais, por via da sua capacidade exportadora. Mas poucos sabiam que o ministro tinha faltado dias antes a um concerto também promovido pela Volkswagen, onde a sua ausência foi notada. A presença em Alcochete seria assim uma compensação, uma espécia de acção de relações públicas. Compromisso cumprido, o ministro beneficiou dos batedores da GNR para conseguir sair da Academia por um "caminho" que liga à Estrada Nacional, enquanto os adeptos desesperavam mais de meia-hora para vencer dois penosos quilómetros. A VW terá ficado satisfeita, mas os adeptos-eleitores não gostaram de se ver ultrapassados pela comitiva ministerial.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais defendeu, na passada quinta-feira, num almoço da Associação Portuguesa de Management, que uma das novidades do Orçamento de Estado de 2004 é, precisamente, a da "estabilidade normativa". Ou seja, a de não aproveitar o texto para aprovar medidas legislativas. "O Orçamento não é o instrumento apropriado para alterações legislativas", disse. "É preciso que haja a mínima estabilidade", continuou. Portugal já tem "muitas leis boas e muitas más" e, como frisou, quanto mais se legisla, "a tendência para asnear e fazer asneiras é cada vez maior". O Governo decidiu então fechar a porta aos "lobbies", porque "não há razão de ser para fazer alterações legislativas avulsas por pressão de diversos sectores". Caiu bem. Não fica mal a nenhum governante a defesa destes princípios, mas é pena que se pretenda que a memória seja curta. Ainda no Orçamento de 2003, já apresentado pela equipa de Manuela Ferreira Leite, com Vasco Valdez a coordenar os Assuntos Fiscais, o articulado do Orçamento preencheu 150 páginas, em alterações diversas, desde as alterações naquilo que foi a reforma fiscal de Pina Moura, indo ao encontro de reivindicações antigas da banca, até às pequenas alterações de pormenor e de correcção da lei. Ele há princípios que mudam de ano para ano...

O Ministério da Economia decidiu este ano agraciar um reputado empresário do sector de turismo do Algarve com a medalha de ouro do mérito turístico, entregue no final da BTL, a principal feira portuguesa do sector. A entrega do prémio foi talvez para compensar as más relações entre o Ministério do Ambiente, a Câmara Municipal de Quarteira e este empresário, responsável por um dos mais conhecidos empreendimentos de luxo da região. O premiado deste ano perdeu no Verão passado a bandeira azul, por ter construído sem autorização uma esplanada em domínio público, mais concretamente em cima de uma falésia. Este ano pode içar a medalha...

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2004

Causou surpresa a presença do ministro da Economia, Carlos Tavares, no jogo de futebol entre o Sporting e o Wolfsburgo, disputado numa quarta-feira à tarde num dos relvados da Academia do clube de Alvalade, em Alcochete. O encontro era de carácter particular (quer dizer, era a feijões), muitos dos craques do clube português nem entraram em campo e poucos adivinharam as razões da presença de tão ilustre convidado na bancada, durante a segunda parte. É verdade que o entusiasmo dos adeptos com a campanha do segundo classificado na SuperLiga levou a Alcochete umas duas mil pessoas, num dia útil, mas um ministro... Os jornalistas presentes acabaram por descobrir o óbvio: Carlos Tavares aceitou o convite da Volkswagen, proprietária do Wolfsburgo e da Autoeuropa, a fábrica de automóveis de tanta importância para o emprego na região e para as finanças nacionais, por via da sua capacidade exportadora. Mas poucos sabiam que o ministro tinha faltado dias antes a um concerto também promovido pela Volkswagen, onde a sua ausência foi notada. A presença em Alcochete seria assim uma compensação, uma espécia de acção de relações públicas. Compromisso cumprido, o ministro beneficiou dos batedores da GNR para conseguir sair da Academia por um "caminho" que liga à Estrada Nacional, enquanto os adeptos desesperavam mais de meia-hora para vencer dois penosos quilómetros. A VW terá ficado satisfeita, mas os adeptos-eleitores não gostaram de se ver ultrapassados pela comitiva ministerial.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais defendeu, na passada quinta-feira, num almoço da Associação Portuguesa de Management, que uma das novidades do Orçamento de Estado de 2004 é, precisamente, a da "estabilidade normativa". Ou seja, a de não aproveitar o texto para aprovar medidas legislativas. "O Orçamento não é o instrumento apropriado para alterações legislativas", disse. "É preciso que haja a mínima estabilidade", continuou. Portugal já tem "muitas leis boas e muitas más" e, como frisou, quanto mais se legisla, "a tendência para asnear e fazer asneiras é cada vez maior". O Governo decidiu então fechar a porta aos "lobbies", porque "não há razão de ser para fazer alterações legislativas avulsas por pressão de diversos sectores". Caiu bem. Não fica mal a nenhum governante a defesa destes princípios, mas é pena que se pretenda que a memória seja curta. Ainda no Orçamento de 2003, já apresentado pela equipa de Manuela Ferreira Leite, com Vasco Valdez a coordenar os Assuntos Fiscais, o articulado do Orçamento preencheu 150 páginas, em alterações diversas, desde as alterações naquilo que foi a reforma fiscal de Pina Moura, indo ao encontro de reivindicações antigas da banca, até às pequenas alterações de pormenor e de correcção da lei. Ele há princípios que mudam de ano para ano...

O Ministério da Economia decidiu este ano agraciar um reputado empresário do sector de turismo do Algarve com a medalha de ouro do mérito turístico, entregue no final da BTL, a principal feira portuguesa do sector. A entrega do prémio foi talvez para compensar as más relações entre o Ministério do Ambiente, a Câmara Municipal de Quarteira e este empresário, responsável por um dos mais conhecidos empreendimentos de luxo da região. O premiado deste ano perdeu no Verão passado a bandeira azul, por ter construído sem autorização uma esplanada em domínio público, mais concretamente em cima de uma falésia. Este ano pode içar a medalha...

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