Um Parlamento com menos vedetas e menos veteranos

13-01-2005
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Um Parlamento com Menos Vedetas e Menos Veteranos

Por EUNICE LOURENÇO

Terça-feira, 11 de Janeiro de 2005 As listas de candidatos a deputados pelos 22 círculos eleitorais foram entregues ontem. Ainda antes de se saber qualquer resultado eleitoral, é possível antever um Parlamento com menos veteranos e sem vedetas de outras áreas mediáticas. Ao contrário do que sucedeu em eleições anteriores, desta vez os partidos não foram buscar vedetas ao jornalismo e à televisão - como, em 2002, fizeram o PS, com Vicente Jorge Silva, e o PSD, com Maria Elisa, ou em 1995 fez o CDS com Manuela Moura Guedes. Também não aparecem nomes do desporto, como já aconteceu em anos anteriores, com atletas, como Rosa Mota, a darem o seu nome para aparecerem nas listas, sem nunca assumirem o lugar na Assembleia da República. O único nome do desporto - e mesmo assim do dirigismo desportivo - que esteve para entrar foi o de Pôncio Monteiro, indicado para número dois do PSD pelo Porto e depois desconvidado. Num ano em que as listas dos dois principais partidos têm sido criticadas por não darem sinais de renovação, as novidades acabaram por ser mais os nomes dos que estão de saída do que as eventuais estreias parlamentares. No PSD saem muitos nomes com experiência parlamentar. Uns por iniciativa própria - como Manuela Ferreira Leite, que não aceitou integrar as listas do seu partido ou Leonor Beleza, que vai presidir à Fundação Champallimaud - outros porque não foram escolhidos pelas distritais ou pela direcção social-democrata. Há nomes conhecidos, como os dos ex-ministros David Justino e Pedro Roseta, e outros menos notórios, como os de Teresa Morais ou Francisco Martins, mas que, nos últimos anos, tinham assumido posições de responsabilidade, quer na direcção da bancada parlamentar, quer na coordenação dos deputados do PSD nas várias comissões parlamentares. Em dez coordenadores, quatro foram excluídos e dois podem não entrar. Também de saída da bancada laranja está o deputado Cruz Silva, acusado num processo de peculato e falsificação de documentos relacionado com a Câmara de Águeda. De fora, ficaram também os deputados dos chamados movimentos pró-vida ou anti-aborto: Pinheiro Torres e Isilda Pegado. No PS também estão de saída vários veteranos, como Almeida Santos (por vontade própria), Helena Roseta e Medeiros Ferreira. Mas nas listas socialistas também não houve lugar para Artur Penedos, um dos homens com mais experiência do funcionamento do Parlamento. Secretariou a Mesa da Assembleia enquanto Almeida Santos foi presidente e presidiu à subcomissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social na última legislatura. Entre os comunistas, confirma-se o já anunciado abandono de Carvalhas e regista-se a saída de Rodeia Machado, outro deputado com excelente conhecimento da AR, cujo conselho de administração integrou durante vários anos. Na chamada "zona cinzenta" - aqueles lugares em que os partidos não elegeram em 2002 ou elegeram muito à conta e, portanto, estão em risco nestas legislativas - estão actuais deputados, como Narana Coissoró, do CDS, que é candidato por Faro, onde o seu partido não costuma eleger, Sónia Fertuzinhos, a presidente das mulheres socialistas e Carlos Luís, que nos últimos anos tem sido o rosto do PS junto dos emigrantes. Mas também estão apostas, como a de Abílio Fernandes em Évora ou a de Fernando Rosas em Setúbal. Entre as entradas, haverá estreias - Manuel Pinho e Matilde Sousa Franco, pelo PS, Maria João Bustorff, pelo PSD -, mas também regressos - Duarte Lima (PSD) e Zita Seabra (que foi deputada pelo PCP e agora será pelo PSD). E haverá sobretudo muitos desconhecidos, até porque para antever a composição do novo Parlamento será preciso esperar por depois das eleições: pela formação do governo e pelas opções pessoais de muitos candidatos. É que entre os que sairão para serem ministros ou secretários de Estado e os que optarem por voltar às suas actividades privadas, muitos lugares ficarão vagos e, aí, subirão muitos terceiros, quartos ou vigésimos nomes. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Um Parlamento com menos vedetas e menos veteranos

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Terça-feira, 11 de Janeiro de 2005 As listas de candidatos a deputados pelos 22 círculos eleitorais foram entregues ontem. Ainda antes de se saber qualquer resultado eleitoral, é possível antever um Parlamento com menos veteranos e sem vedetas de outras áreas mediáticas. Ao contrário do que sucedeu em eleições anteriores, desta vez os partidos não foram buscar vedetas ao jornalismo e à televisão - como, em 2002, fizeram o PS, com Vicente Jorge Silva, e o PSD, com Maria Elisa, ou em 1995 fez o CDS com Manuela Moura Guedes. Também não aparecem nomes do desporto, como já aconteceu em anos anteriores, com atletas, como Rosa Mota, a darem o seu nome para aparecerem nas listas, sem nunca assumirem o lugar na Assembleia da República. O único nome do desporto - e mesmo assim do dirigismo desportivo - que esteve para entrar foi o de Pôncio Monteiro, indicado para número dois do PSD pelo Porto e depois desconvidado. Num ano em que as listas dos dois principais partidos têm sido criticadas por não darem sinais de renovação, as novidades acabaram por ser mais os nomes dos que estão de saída do que as eventuais estreias parlamentares. No PSD saem muitos nomes com experiência parlamentar. Uns por iniciativa própria - como Manuela Ferreira Leite, que não aceitou integrar as listas do seu partido ou Leonor Beleza, que vai presidir à Fundação Champallimaud - outros porque não foram escolhidos pelas distritais ou pela direcção social-democrata. Há nomes conhecidos, como os dos ex-ministros David Justino e Pedro Roseta, e outros menos notórios, como os de Teresa Morais ou Francisco Martins, mas que, nos últimos anos, tinham assumido posições de responsabilidade, quer na direcção da bancada parlamentar, quer na coordenação dos deputados do PSD nas várias comissões parlamentares. Em dez coordenadores, quatro foram excluídos e dois podem não entrar. Também de saída da bancada laranja está o deputado Cruz Silva, acusado num processo de peculato e falsificação de documentos relacionado com a Câmara de Águeda. De fora, ficaram também os deputados dos chamados movimentos pró-vida ou anti-aborto: Pinheiro Torres e Isilda Pegado. No PS também estão de saída vários veteranos, como Almeida Santos (por vontade própria), Helena Roseta e Medeiros Ferreira. Mas nas listas socialistas também não houve lugar para Artur Penedos, um dos homens com mais experiência do funcionamento do Parlamento. Secretariou a Mesa da Assembleia enquanto Almeida Santos foi presidente e presidiu à subcomissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social na última legislatura. Entre os comunistas, confirma-se o já anunciado abandono de Carvalhas e regista-se a saída de Rodeia Machado, outro deputado com excelente conhecimento da AR, cujo conselho de administração integrou durante vários anos. Na chamada "zona cinzenta" - aqueles lugares em que os partidos não elegeram em 2002 ou elegeram muito à conta e, portanto, estão em risco nestas legislativas - estão actuais deputados, como Narana Coissoró, do CDS, que é candidato por Faro, onde o seu partido não costuma eleger, Sónia Fertuzinhos, a presidente das mulheres socialistas e Carlos Luís, que nos últimos anos tem sido o rosto do PS junto dos emigrantes. Mas também estão apostas, como a de Abílio Fernandes em Évora ou a de Fernando Rosas em Setúbal. Entre as entradas, haverá estreias - Manuel Pinho e Matilde Sousa Franco, pelo PS, Maria João Bustorff, pelo PSD -, mas também regressos - Duarte Lima (PSD) e Zita Seabra (que foi deputada pelo PCP e agora será pelo PSD). E haverá sobretudo muitos desconhecidos, até porque para antever a composição do novo Parlamento será preciso esperar por depois das eleições: pela formação do governo e pelas opções pessoais de muitos candidatos. É que entre os que sairão para serem ministros ou secretários de Estado e os que optarem por voltar às suas actividades privadas, muitos lugares ficarão vagos e, aí, subirão muitos terceiros, quartos ou vigésimos nomes. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Um Parlamento com menos vedetas e menos veteranos

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