Quatro novos campeões portugueses

03-08-2004
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Quatro Novos Campeões Portugueses

Domingo, 01 de Agosto de 2004 %Marco Vaza Naide Gomes 24 anos Atletismo/Heptatlo Campeã mundial do pentatlo em 2004 nos Mundiais de Budapeste Em termos competitivos, Sydney não trouxe grandes recordações a Naide Gomes, mas deixou-lhe o desejo irreprimível de voltar aos Jogos Olímpicos. "Foi a partir daí que eu vi que tinha de treinar mais para chegar outra vez a uns Jogos Olímpicos em grande nível. Foi uma motivação para voltar a estar nos Jogos", recorda a atleta, que na Austrália representou o país onde nasceu, São Tomé e Príncipe, nos 100m barreiras, ficando-se pelas eliminatórias. Quatro anos depois, regressa ao palco da maior competição desportiva do planeta com as cores de Portugal, no heptatlo. Está com outro estatuto, o de campeã mundial de pentatlo em pista coberta, outra ambição e, certamente, com muita gente a acompanhar o seu comportamento durante os dois dias de competição da mais exigente das provas do programa atlético feminino. Pode dizer-se que Enezenaide do Rosário da Vera Cruz Gomes, nome de "guerra" Naide Gomes, teve dois nascimentos. O primeiro, o biológico, aconteceu a 20 de Novembro de 1979 em São Tomé. Por falta de tempo, não regressa tantas vezes como queria ao país que abandonou quando tinha dez anos de idade. Mas as memórias e o orgulho das origens mantêm-se. "Tenho muito boas recordações. Da natureza, das pessoas, da minha infância. É um paraíso." Aos dez anos, saiu de África com a irmã mais velha Ludmila para se juntarem à mãe, que tinha imigrado alguns anos antes. Já tinha a vida resolvida e chamou as duas filhas. Os primeiros tempos não foram fáceis, mas Naide levou pouco tempo a superá-los. "No início tivemos alguns problemas porque era um mundo novo. Era complicado a nível escolar. Passado um ano habituámo-nos." Em Maio de 2001, depois de um longo processo, foi-lhe concedida a cidadania portuguesa. O segundo nascimento, o desportivo, aconteceu em Portugal, país de adopção há 14 anos. "Nasci para o atletismo em Portugal", refere. Iniciou-se no atletismo na Escola Preparatória do Feijó, em Almada, por intervenção do seu professor de Educação Física, e foi ganhando várias competições como juvenil e júnior mas, até 2001, não era reconhecida como campeã portuguesa e os seus recordes eram são-tomenses e não portugueses. Chegou ao Sporting em 1998 e, um ano depois, ainda no clube "leonino", passou a ser treinada por Abreu Matos, uma relação que se mantém até hoje. Como pupila, diz Abreu Matos, Naide é o sonho de qualquer treinador. "Muito concentrada, muito cumpridora das horas a que se iniciam os treinos e dos conteúdos dos treinos. Faz o trabalho com muito empenho. É uma atleta modelo na presença física e na sua atitude mental", elogia o treinador sportinguista. Mais do que qualquer outra, o heptatlo (que irá desaparecer para dar lugar ao decatlo, até agora uma prova exclusivamente masculina) é a disciplina para atletas completos. Durante dois dias as atletas competem em sete provas (100m barreiras, altura, peso, 200m, comprimento, dardo e 800m) e têm de ser boas, ou pelo menos regulares (que é o mesmo que dizer, conseguir uma boa colheita de pontos), em todas, com o risco de nunca chegarem ao topo. O pesadelo de todos os atletas das provas combinadas é falhar uma das disciplinas, o que significa transformar em tempo perdido o que foi feito antes - é regra estes atletas desistirem quando não marcam pontos num evento. Para o fim do programa do heptatlo fica a prova mais difícil para estas atletas, os 800m, que, mais do que testarem as suas aptidões no meio-fundo, colocam à prova a sua resistência física e mental. "Não é tanto pelo cansaço, é mais pelo psicológico, de ainda ter de dar mais duas voltas à pista", refere Naide. A opção de Naide pelas provas combinadas acabou por ser natural devido à sua polivalência atlética. Para além de ser recordista portuguesa do heptatlo (6160 pontos) e do pentatlo (4759 p.), Naide detém ainda as melhores marcas portuguesas no salto em altura (1,88m) e no comprimento (6,57m), mas a aposta maior no heptatlo e no pentatlo justifica-se, diz Abreu Matos, por serem nestas que "tem mais êxito a nível internacional". Acrescenta Naide: "Como tinha jeito para quase tudo, e para não se tornar monótono, pensei, por que não?" Naide é uma atleta completa mas não perfeita. Os seus pontos fracos são os 200m - "falta-lhe velocidade de base" - e o lançamento do dardo - "falta de assimilação técnica do gesto para colocar aquele dardo a planar longe" - e os malditos 800m - "tem tido prestações com alguma vulgaridade" -, mas com possibilidades de evoluir. "Posso melhorar em quase tudo", afiança a atleta. Em Atenas, Naide precisa de fazer o seu melhor heptatlo de sempre para poder aspirar a um lugar entre as oito primeiras, que é o seu objectivo. Falar de medalhas é mais complicado, até porque, ao contrário do que aconteceu nos Mundiais de Budapeste em que conquistou o título do pentatlo em pista coberta, vai ter na Grécia a concorrência dos dois grandes nomes do heptatlo, a sueca Carolina Kluft e a francesa Eunice Barber. Por isso, é cautelosa nas palavras, rejeita favoritismos fáceis e sacode a pressão: "Tenho a noção que estão todos à espera que eu ganhe uma medalha, mas tenho também a noção que é muito complicado ganhá-la. Por isso não vou dizer que vou ganhar." Gustavo Lima 27 anos Vela/Laser Título mundial de 2003 em Cádiz Os barcos vão ser todos iguais no campo de regatas em Atenas. Ninguém terá a vantagem de tecnologia superior. Todos os navegadores solitários da classe Laser vão dirigir embarcações fornecidas pela organização. Gustavo Lima, que não gosta muito do seu próprio material, prefere que seja assim. "Apenas os cabos e a cana do leme são nossos e, como quase todos utilizam o mesmo material, a diferença vai estar no atleta", explica o velejador de Cascais. Olímpico pela segunda vez depois de um sexto lugar em Sydney, Gustavo Lima assume um discurso ambicioso para a sua prestação no campo de regatas de Atenas para dar seguimento à brilhante história da vela portuguesa nos Jogos Olímpicos - quatro medalhas, duas de prata e duas de bronze, perdendo apenas para as sete do atletismo. "Os meus objectivos para estes jogos são muito altos. Quero melhorar o resultado de Sydney e ambiciono uma medalha. Aquilo que vou fazer é tentar transcender-me no momento", garante o velejador do Sport Clube do Porto, campeão do mundo de Laser em 2003. Gustavo Lima é um homem diferente do que esteve na Austrália em 2000. As coisas até nem correram mal para uma primeira participação nos Jogos, em que era considerado um "outsider" na luta pelos primeiros lugares, mas não estava nas condições ideais, físicas e psicológicas. "Resultado com sabor a pouco" e "trabalho médio" são as palavras evocadas pelo velejador quando recorda Sydney. "Nem sequer tinha um preparador físico a tempo inteiro, não tinha apoio ao nível psicológico nem ao nível nutricional", acrescenta. Nos quatro anos que se passaram, "houve evolução", "houve mais trabalho" está "mais forte" e com "muito mais capacidades". Em suma, "muito melhor preparado". "Estou mais à vontade e vou estar muito mais maduro nestes Jogos Olímpicos. A pressão vai ser menor, já nada vai ser novidade. Apenas é necessário uma pessoa isolar-se daquilo que representam os Jogos Olímpicos para o mundo e tentar fazer um campeonato tranquilo." A confiança nas suas possibilidades leva Gustavo Lima a pensar já na presença em Pequim, "desde que o Laser continue como classe olímpica". O campo de regatas de Atenas, diz Gustavo Lima, beneficia as suas características. "É um campo muito especial, em que o vento varia bastante em termos de direcção. A velocidade do barco não é tão importante, mas sim a parte técnica e psicológica". Não se sentiria tão à vontade, por exemplo, num campo de regatas em velocidade: "Se um dia fizermos uns Jogos Olímpicos em Lisboa, com o campo em Cascais, não me favorecia porque seria em velocidade. Outro exemplo, se a Volta à França em bicicleta fosse sempre a direito, o Lance Armstrong [hexacampeão do Tour] não ganhava, mas, como existe montanha e contra-relógios, ele ganha." Por enquanto, segundo o próprio confessa, a época não tem corrido muito bem A defesa no título mundial na Turquia foi desastrosa (32º) e o Europeu (9º) não foi mais que uma boa preparação para os Jogos. O que correu mal já está identificado e os principais adversários também. O brasileiro Robert Scheidt, heptacampeão mundial e medalha de ouro em Sydney é o alvo a abater. Scheidt é habitual companheiro de treinos do português e, apesar da rivalidade, até têm uma relação relativamente tranquila fora de água. Mas, ressalva Gustavo Lima, não é assim tão fácil manter grandes amizades na comunidade Laser: "É um desporto individual. É um barco solitário, que faz com que as pessoas sejam adversárias directas. Tenho alguns amigos, mas não sou amigo da frota inteira." Para quem ganha a vida a viajar à volta do mundo, Gustavo Lima começou bem cedo a fazer travessias entre continentes. De nascimento é brasileiro e carioca porque os pais decidiram ir para o Brasil em busca de oportunidades e a sua mãe já ia grávida na viagem de ida. "Não posso afirmar que me sinta brasileiro. Tenho muita família lá, gosto muito do Brasil, mas as minhas cores são portuguesas e isso nunca vai mudar." Gustavo Lima pode ser considerado um bom exemplo de um atleta profissional. Para além de dedicar 90 por cento do seu tempo à vela, tem uma equipa completa, um site na Internet, muitos patrocínios e ainda mais projectos para o futuro, dos quais prefere não falar muito - um deles será chegar à "Fórmula 1 dos barcos", a America's Cup. Para trás ficam mais de 20 anos desde que Gustavo, aos seis anos, entrou pela primeira vez num barco à vela porque o pai queria que o filho praticasse um desporto de fim-de-semana. "Achei estranho. É um bicho que entra cá dentro. O contacto com a água, com o mar. Inexplicável." Vanessa Fernandes Idade: 18 anos Triatlo Título europeu de elites nos campeonatos de Valência em 2004 O triatlo tem poucas tradições olímpicas. Apesar de contar apenas com um quarto de século de existência, não precisou de passar pelo estágio de ser modalidade de exibição e entrou directamente para o programa dos Jogos de Sydney. Em 2000, Portugal não teve ninguém a competir numa prova que combina três modalidades diferentes (natação, ciclismo e atletismo) e Vanessa Fernandes ainda não tinha feito a sua primeira prova de triatlo. Em Atenas, a filha do antigo ciclista Venceslau Fernandes, vencedor de uma edição da Volta a Portugal em bicicleta, vai competir com o estatuto de campeã da Europa de elites. Aos 18 anos será a mais nova entre todas as que vão nadar 1500m, pedalar durante 40km e correr mais 10km. Uma presença surpreendente para uma atleta cuja preparação no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor apontava para a participação em Pequim 2008. Mas o talento antecipou-se aos prognósticos. "Nunca pensei que fosse tão cedo, mas ainda bem que foi porque agora posso ir a Atenas e ganhar experiência", confessa Vanessa, que, mesmo que não queira, tem muita gente à espera de outra surpresa, de outra vitória das suas capacidades sobre as projecções dos especialistas e dela própria. Pés bem assentes na terra e cautela no discurso. Medalhas? Vanessa diz que não. "Se ficasse nas dez primeiras era muito bom", refere a jovem triatleta, que sacode dos ombros o peso das expectativas e procura ser indiferente aos comentários que apontam para o sucesso imediato. "Vou a Atenas sem grandes pressões, mesmo que estas existam sempre. Mais que não seja porque os Jogos são um evento enorme, nós vamos estar em representação de Portugal e teremos muitos olhos postos em nós. É inevitável que exista pressão e ansiedade, mas vou tentar abstrair-me disso." Mesmo não querendo assumir a luta pelos primeiros lugares, Vanessa admite que o título europeu de elites conquistado este ano em Valência e o quinto lugar nos Mundiais da Madeira (melhor classificação de sempre de uma atleta júnior nesta competição) em Maio deste ano fazem de si um perigo a ter em conta pelo pelotão. "As adversárias vão olhar para mim com algum respeito, nomeadamente pelo quinto lugar no campeonato do mundo. E, como venci o Europeu de elite vou ser um bocado marcada", diz, mantendo, também ela, respeito pela concorrência: "As primeiras também são muito fortes." Para Vanessa, a descoberta do triatlo como vocação foi ocasional. Aos 14 anos, depois de já se ter iniciado na natação no Sporting de Espinho e no atletismo no FC Porto, seguiu a sugestão de um amigo do pai e participou pela primeira vez em Peniche numa competição. Foi segunda na geral feminina, venceu no seu escalão e foi ganhando visibilidade na modalidade, que se transformou numa actividade a tempo inteiro, obrigando-a a interromper os estudos. Aos 16 anos saiu da sua casa em Perosinho, Vila Nova de Gaia, para ir viver no CAR do Jamor. Os pais começaram por ser contra a ideia e Vanessa chegou a chorar por ter de morar em Lisboa, mas, sob a orientação de Sérgio Santos, Director Técnico Nacional (DTN), o sofrimento de seis horas de treino diário nestes últimos anos com muita competição pelo meio acabou por valer a pena, culminando no apuramento para os Jogos Olímpicos em Abril e a garantia de um final de época mais descansado. "A qualificação foi muito exigente. 2003 foi um ano muito desgastante mas valeu a pena porque este ano estive muito mais à vontade. O que me deu mais confiança foi o primeiro lugar do Europeu, que me deu o apuramento directo e a partir daí livrei-me de boa parte das provas", confessa a jovem atleta, que, na passada semana, juntou ao título europeu de elites a vitória no Europeu de sub-23 na Hungria, onde Bruno Pais (não apurado para Atenas, mas outra esperança portuguesa na modalidade) triunfou na prova masculina. No mundo do triatlo, Vanessa Fernandes é uma atleta precoce e não teve de esperar tanto tempo pelos títulos como o seu pai Venceslau, ciclista de eleição que só chegou ao triunfo na Volta a Portugal quando já rondava os 40 anos. Em Pequim 2008 a experiência acumulada com mais quatro anos em cima vai servir para alargar os horizontes e subir a fasquia. "Mas acho que ainda tenho muitos anos de competição pela frente e não devo querer as coisas rápido demais", acrescenta. João Neto 22 anos Judo/ -73kg Medalha de bronze em 2003 nos Mundiais de Osaka João Neto já sabe o que o espera quando terminar a sua participação em Atenas. Depois de alguns dias de férias, terá de regressar ao estudo intensivo, pois a preparação para o torneio olímpico de judo, onde vai participar na categoria de -73kg, atrasou o seu percurso académico no curso de farmácia na Universidade de Coimbra. "Este ano abdiquei de estudar. Estava quase a passar para o quarto ano, mas ainda não passei. Tenho-me dedicado só ao judo. A prioridade é tentar terminar o curso nos próximos dois anos", observa o judoca da Associação Cristã da Mocidade. Os "tatami" (tapetes de judo) do Pavilhão Olímpico de Ano Liossia, a norte de Atenas, estão cada vez mais perto e João Neto não escapa aos ataques da ansiedade, ele que vai sentir pela primeira vez as emoções do palco olímpico. A noite antes de cada combate promete ser mal dormida, como aliás acontece sempre que entra em competição. "Fico moderadamente nervoso. É aquela ansiedade normal, mas para os Jogos talvez fique um bocadinho mais. Normalmente não durmo bem antes de uma prova, mesmo nas provas normais." O bilhete para os Jogos conseguiu-o nos Mundiais de 2003 em Osaka, no Japão, onde conquistou uma medalha de bronze. João sabe que a concorrência é forte, mas o próprio reconhece que vai ser um adeversário forte para os outros, ou não fosse um dos melhores do mundo na sua categoria. "Eu próprio exijo mais de mim do que se não tivesse ganho a medalha de bronze no Mundial", frisa João Neto, que em 2001 teve de enfrentar três meses de suspensão por um controlo "anti doping" positivo ao esteróide nandrolona por consumo acidental de um suplemento com a composição adulterada. Introduzido no programa olímpico nos Jogos de Tóquio em 1964, o judo, arte marcial de origem japonesa, teve sempre a presença de, pelo menos, um judoca português e em Sydney deu o seu primeiro contributo para o medalheiro lusitano, com o bronze de Nuno Delgado (-81kg), o único sobrevivente da selecção que esteve há quatro anos na Austrália. Delgado é o mais experiente dos quatro judocas destacados para Atenas e, pelo seu estatuto e pelos seus títulos, tem assumido a luta pelas medalhas e não se cansa de dizer que qualquer um dos outros três também é candidato a lugares cimeiros. João Neto só pensa ficar no quadro de honra, que é figurar entre os sete primeiros. "Tudo o que vier acima é melhor, mas não sei se será possível", acautela. Num combate de judo, ganha quem conseguir imobilizar, projectar ou estrangular o adversário. Todo o cuidado é pouco, mas a estratégia é simples e nem há muito tempo para pensar (o tempo regulamentar de um combate é de cinco minutos). "Nos primeiros momentos tento conhecer o adversário. Depois tento ganhar o combate", sintetiza João Neto. E nem sequer há uma estratégia a longo prazo. "É pensar combate a combate." A história de João Neto no desporto de alta competição é igual a muitas outras. Começou novo, por influência de um familiar e, depois de experimentar, nunca mais largou. "Gosto porque é um desporto individual. Pratiquei outros desportos, mas fiquei pelo judo porque via a possibilidade de fazer alguma coisa importante", recorda João Neto, que agora, entre outros cuidados e sacrifícios, tem de estar especialmente atento ao seu peso, não podendo ultrapassar o limite da sua categoria sob a pena de não poder competir. Na verdade, como o próprio reconhece, a opção pelo judo não surgiu pelos motivos mais nobres. Na cabeça do pequeno João, de oito anos, não existiam propósitos de fazer coisas importantes. Era para ganhar vantagem nas brigas com os colegas da escola: "Quando era mais pequeno tinha um fascínio muito grande pelas lutas. Andava sempre à bulha com os outros miúdos. Gostava do judo por causa disso." OUTROS TÍTULOS EM PÚBLICA

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Domingo, 01 de Agosto de 2004 %Marco Vaza Naide Gomes 24 anos Atletismo/Heptatlo Campeã mundial do pentatlo em 2004 nos Mundiais de Budapeste Em termos competitivos, Sydney não trouxe grandes recordações a Naide Gomes, mas deixou-lhe o desejo irreprimível de voltar aos Jogos Olímpicos. "Foi a partir daí que eu vi que tinha de treinar mais para chegar outra vez a uns Jogos Olímpicos em grande nível. Foi uma motivação para voltar a estar nos Jogos", recorda a atleta, que na Austrália representou o país onde nasceu, São Tomé e Príncipe, nos 100m barreiras, ficando-se pelas eliminatórias. Quatro anos depois, regressa ao palco da maior competição desportiva do planeta com as cores de Portugal, no heptatlo. Está com outro estatuto, o de campeã mundial de pentatlo em pista coberta, outra ambição e, certamente, com muita gente a acompanhar o seu comportamento durante os dois dias de competição da mais exigente das provas do programa atlético feminino. Pode dizer-se que Enezenaide do Rosário da Vera Cruz Gomes, nome de "guerra" Naide Gomes, teve dois nascimentos. O primeiro, o biológico, aconteceu a 20 de Novembro de 1979 em São Tomé. Por falta de tempo, não regressa tantas vezes como queria ao país que abandonou quando tinha dez anos de idade. Mas as memórias e o orgulho das origens mantêm-se. "Tenho muito boas recordações. Da natureza, das pessoas, da minha infância. É um paraíso." Aos dez anos, saiu de África com a irmã mais velha Ludmila para se juntarem à mãe, que tinha imigrado alguns anos antes. Já tinha a vida resolvida e chamou as duas filhas. Os primeiros tempos não foram fáceis, mas Naide levou pouco tempo a superá-los. "No início tivemos alguns problemas porque era um mundo novo. Era complicado a nível escolar. Passado um ano habituámo-nos." Em Maio de 2001, depois de um longo processo, foi-lhe concedida a cidadania portuguesa. O segundo nascimento, o desportivo, aconteceu em Portugal, país de adopção há 14 anos. "Nasci para o atletismo em Portugal", refere. Iniciou-se no atletismo na Escola Preparatória do Feijó, em Almada, por intervenção do seu professor de Educação Física, e foi ganhando várias competições como juvenil e júnior mas, até 2001, não era reconhecida como campeã portuguesa e os seus recordes eram são-tomenses e não portugueses. Chegou ao Sporting em 1998 e, um ano depois, ainda no clube "leonino", passou a ser treinada por Abreu Matos, uma relação que se mantém até hoje. Como pupila, diz Abreu Matos, Naide é o sonho de qualquer treinador. "Muito concentrada, muito cumpridora das horas a que se iniciam os treinos e dos conteúdos dos treinos. Faz o trabalho com muito empenho. É uma atleta modelo na presença física e na sua atitude mental", elogia o treinador sportinguista. Mais do que qualquer outra, o heptatlo (que irá desaparecer para dar lugar ao decatlo, até agora uma prova exclusivamente masculina) é a disciplina para atletas completos. Durante dois dias as atletas competem em sete provas (100m barreiras, altura, peso, 200m, comprimento, dardo e 800m) e têm de ser boas, ou pelo menos regulares (que é o mesmo que dizer, conseguir uma boa colheita de pontos), em todas, com o risco de nunca chegarem ao topo. O pesadelo de todos os atletas das provas combinadas é falhar uma das disciplinas, o que significa transformar em tempo perdido o que foi feito antes - é regra estes atletas desistirem quando não marcam pontos num evento. Para o fim do programa do heptatlo fica a prova mais difícil para estas atletas, os 800m, que, mais do que testarem as suas aptidões no meio-fundo, colocam à prova a sua resistência física e mental. "Não é tanto pelo cansaço, é mais pelo psicológico, de ainda ter de dar mais duas voltas à pista", refere Naide. A opção de Naide pelas provas combinadas acabou por ser natural devido à sua polivalência atlética. Para além de ser recordista portuguesa do heptatlo (6160 pontos) e do pentatlo (4759 p.), Naide detém ainda as melhores marcas portuguesas no salto em altura (1,88m) e no comprimento (6,57m), mas a aposta maior no heptatlo e no pentatlo justifica-se, diz Abreu Matos, por serem nestas que "tem mais êxito a nível internacional". Acrescenta Naide: "Como tinha jeito para quase tudo, e para não se tornar monótono, pensei, por que não?" Naide é uma atleta completa mas não perfeita. Os seus pontos fracos são os 200m - "falta-lhe velocidade de base" - e o lançamento do dardo - "falta de assimilação técnica do gesto para colocar aquele dardo a planar longe" - e os malditos 800m - "tem tido prestações com alguma vulgaridade" -, mas com possibilidades de evoluir. "Posso melhorar em quase tudo", afiança a atleta. Em Atenas, Naide precisa de fazer o seu melhor heptatlo de sempre para poder aspirar a um lugar entre as oito primeiras, que é o seu objectivo. Falar de medalhas é mais complicado, até porque, ao contrário do que aconteceu nos Mundiais de Budapeste em que conquistou o título do pentatlo em pista coberta, vai ter na Grécia a concorrência dos dois grandes nomes do heptatlo, a sueca Carolina Kluft e a francesa Eunice Barber. Por isso, é cautelosa nas palavras, rejeita favoritismos fáceis e sacode a pressão: "Tenho a noção que estão todos à espera que eu ganhe uma medalha, mas tenho também a noção que é muito complicado ganhá-la. Por isso não vou dizer que vou ganhar." Gustavo Lima 27 anos Vela/Laser Título mundial de 2003 em Cádiz Os barcos vão ser todos iguais no campo de regatas em Atenas. Ninguém terá a vantagem de tecnologia superior. Todos os navegadores solitários da classe Laser vão dirigir embarcações fornecidas pela organização. Gustavo Lima, que não gosta muito do seu próprio material, prefere que seja assim. "Apenas os cabos e a cana do leme são nossos e, como quase todos utilizam o mesmo material, a diferença vai estar no atleta", explica o velejador de Cascais. Olímpico pela segunda vez depois de um sexto lugar em Sydney, Gustavo Lima assume um discurso ambicioso para a sua prestação no campo de regatas de Atenas para dar seguimento à brilhante história da vela portuguesa nos Jogos Olímpicos - quatro medalhas, duas de prata e duas de bronze, perdendo apenas para as sete do atletismo. "Os meus objectivos para estes jogos são muito altos. Quero melhorar o resultado de Sydney e ambiciono uma medalha. Aquilo que vou fazer é tentar transcender-me no momento", garante o velejador do Sport Clube do Porto, campeão do mundo de Laser em 2003. Gustavo Lima é um homem diferente do que esteve na Austrália em 2000. As coisas até nem correram mal para uma primeira participação nos Jogos, em que era considerado um "outsider" na luta pelos primeiros lugares, mas não estava nas condições ideais, físicas e psicológicas. "Resultado com sabor a pouco" e "trabalho médio" são as palavras evocadas pelo velejador quando recorda Sydney. "Nem sequer tinha um preparador físico a tempo inteiro, não tinha apoio ao nível psicológico nem ao nível nutricional", acrescenta. Nos quatro anos que se passaram, "houve evolução", "houve mais trabalho" está "mais forte" e com "muito mais capacidades". Em suma, "muito melhor preparado". "Estou mais à vontade e vou estar muito mais maduro nestes Jogos Olímpicos. A pressão vai ser menor, já nada vai ser novidade. Apenas é necessário uma pessoa isolar-se daquilo que representam os Jogos Olímpicos para o mundo e tentar fazer um campeonato tranquilo." A confiança nas suas possibilidades leva Gustavo Lima a pensar já na presença em Pequim, "desde que o Laser continue como classe olímpica". O campo de regatas de Atenas, diz Gustavo Lima, beneficia as suas características. "É um campo muito especial, em que o vento varia bastante em termos de direcção. A velocidade do barco não é tão importante, mas sim a parte técnica e psicológica". Não se sentiria tão à vontade, por exemplo, num campo de regatas em velocidade: "Se um dia fizermos uns Jogos Olímpicos em Lisboa, com o campo em Cascais, não me favorecia porque seria em velocidade. Outro exemplo, se a Volta à França em bicicleta fosse sempre a direito, o Lance Armstrong [hexacampeão do Tour] não ganhava, mas, como existe montanha e contra-relógios, ele ganha." Por enquanto, segundo o próprio confessa, a época não tem corrido muito bem A defesa no título mundial na Turquia foi desastrosa (32º) e o Europeu (9º) não foi mais que uma boa preparação para os Jogos. O que correu mal já está identificado e os principais adversários também. O brasileiro Robert Scheidt, heptacampeão mundial e medalha de ouro em Sydney é o alvo a abater. Scheidt é habitual companheiro de treinos do português e, apesar da rivalidade, até têm uma relação relativamente tranquila fora de água. Mas, ressalva Gustavo Lima, não é assim tão fácil manter grandes amizades na comunidade Laser: "É um desporto individual. É um barco solitário, que faz com que as pessoas sejam adversárias directas. Tenho alguns amigos, mas não sou amigo da frota inteira." Para quem ganha a vida a viajar à volta do mundo, Gustavo Lima começou bem cedo a fazer travessias entre continentes. De nascimento é brasileiro e carioca porque os pais decidiram ir para o Brasil em busca de oportunidades e a sua mãe já ia grávida na viagem de ida. "Não posso afirmar que me sinta brasileiro. Tenho muita família lá, gosto muito do Brasil, mas as minhas cores são portuguesas e isso nunca vai mudar." Gustavo Lima pode ser considerado um bom exemplo de um atleta profissional. Para além de dedicar 90 por cento do seu tempo à vela, tem uma equipa completa, um site na Internet, muitos patrocínios e ainda mais projectos para o futuro, dos quais prefere não falar muito - um deles será chegar à "Fórmula 1 dos barcos", a America's Cup. Para trás ficam mais de 20 anos desde que Gustavo, aos seis anos, entrou pela primeira vez num barco à vela porque o pai queria que o filho praticasse um desporto de fim-de-semana. "Achei estranho. É um bicho que entra cá dentro. O contacto com a água, com o mar. Inexplicável." Vanessa Fernandes Idade: 18 anos Triatlo Título europeu de elites nos campeonatos de Valência em 2004 O triatlo tem poucas tradições olímpicas. Apesar de contar apenas com um quarto de século de existência, não precisou de passar pelo estágio de ser modalidade de exibição e entrou directamente para o programa dos Jogos de Sydney. Em 2000, Portugal não teve ninguém a competir numa prova que combina três modalidades diferentes (natação, ciclismo e atletismo) e Vanessa Fernandes ainda não tinha feito a sua primeira prova de triatlo. Em Atenas, a filha do antigo ciclista Venceslau Fernandes, vencedor de uma edição da Volta a Portugal em bicicleta, vai competir com o estatuto de campeã da Europa de elites. Aos 18 anos será a mais nova entre todas as que vão nadar 1500m, pedalar durante 40km e correr mais 10km. Uma presença surpreendente para uma atleta cuja preparação no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor apontava para a participação em Pequim 2008. Mas o talento antecipou-se aos prognósticos. "Nunca pensei que fosse tão cedo, mas ainda bem que foi porque agora posso ir a Atenas e ganhar experiência", confessa Vanessa, que, mesmo que não queira, tem muita gente à espera de outra surpresa, de outra vitória das suas capacidades sobre as projecções dos especialistas e dela própria. Pés bem assentes na terra e cautela no discurso. Medalhas? Vanessa diz que não. "Se ficasse nas dez primeiras era muito bom", refere a jovem triatleta, que sacode dos ombros o peso das expectativas e procura ser indiferente aos comentários que apontam para o sucesso imediato. "Vou a Atenas sem grandes pressões, mesmo que estas existam sempre. Mais que não seja porque os Jogos são um evento enorme, nós vamos estar em representação de Portugal e teremos muitos olhos postos em nós. É inevitável que exista pressão e ansiedade, mas vou tentar abstrair-me disso." Mesmo não querendo assumir a luta pelos primeiros lugares, Vanessa admite que o título europeu de elites conquistado este ano em Valência e o quinto lugar nos Mundiais da Madeira (melhor classificação de sempre de uma atleta júnior nesta competição) em Maio deste ano fazem de si um perigo a ter em conta pelo pelotão. "As adversárias vão olhar para mim com algum respeito, nomeadamente pelo quinto lugar no campeonato do mundo. E, como venci o Europeu de elite vou ser um bocado marcada", diz, mantendo, também ela, respeito pela concorrência: "As primeiras também são muito fortes." Para Vanessa, a descoberta do triatlo como vocação foi ocasional. Aos 14 anos, depois de já se ter iniciado na natação no Sporting de Espinho e no atletismo no FC Porto, seguiu a sugestão de um amigo do pai e participou pela primeira vez em Peniche numa competição. Foi segunda na geral feminina, venceu no seu escalão e foi ganhando visibilidade na modalidade, que se transformou numa actividade a tempo inteiro, obrigando-a a interromper os estudos. Aos 16 anos saiu da sua casa em Perosinho, Vila Nova de Gaia, para ir viver no CAR do Jamor. Os pais começaram por ser contra a ideia e Vanessa chegou a chorar por ter de morar em Lisboa, mas, sob a orientação de Sérgio Santos, Director Técnico Nacional (DTN), o sofrimento de seis horas de treino diário nestes últimos anos com muita competição pelo meio acabou por valer a pena, culminando no apuramento para os Jogos Olímpicos em Abril e a garantia de um final de época mais descansado. "A qualificação foi muito exigente. 2003 foi um ano muito desgastante mas valeu a pena porque este ano estive muito mais à vontade. O que me deu mais confiança foi o primeiro lugar do Europeu, que me deu o apuramento directo e a partir daí livrei-me de boa parte das provas", confessa a jovem atleta, que, na passada semana, juntou ao título europeu de elites a vitória no Europeu de sub-23 na Hungria, onde Bruno Pais (não apurado para Atenas, mas outra esperança portuguesa na modalidade) triunfou na prova masculina. No mundo do triatlo, Vanessa Fernandes é uma atleta precoce e não teve de esperar tanto tempo pelos títulos como o seu pai Venceslau, ciclista de eleição que só chegou ao triunfo na Volta a Portugal quando já rondava os 40 anos. Em Pequim 2008 a experiência acumulada com mais quatro anos em cima vai servir para alargar os horizontes e subir a fasquia. "Mas acho que ainda tenho muitos anos de competição pela frente e não devo querer as coisas rápido demais", acrescenta. João Neto 22 anos Judo/ -73kg Medalha de bronze em 2003 nos Mundiais de Osaka João Neto já sabe o que o espera quando terminar a sua participação em Atenas. Depois de alguns dias de férias, terá de regressar ao estudo intensivo, pois a preparação para o torneio olímpico de judo, onde vai participar na categoria de -73kg, atrasou o seu percurso académico no curso de farmácia na Universidade de Coimbra. "Este ano abdiquei de estudar. Estava quase a passar para o quarto ano, mas ainda não passei. Tenho-me dedicado só ao judo. A prioridade é tentar terminar o curso nos próximos dois anos", observa o judoca da Associação Cristã da Mocidade. Os "tatami" (tapetes de judo) do Pavilhão Olímpico de Ano Liossia, a norte de Atenas, estão cada vez mais perto e João Neto não escapa aos ataques da ansiedade, ele que vai sentir pela primeira vez as emoções do palco olímpico. A noite antes de cada combate promete ser mal dormida, como aliás acontece sempre que entra em competição. "Fico moderadamente nervoso. É aquela ansiedade normal, mas para os Jogos talvez fique um bocadinho mais. Normalmente não durmo bem antes de uma prova, mesmo nas provas normais." O bilhete para os Jogos conseguiu-o nos Mundiais de 2003 em Osaka, no Japão, onde conquistou uma medalha de bronze. João sabe que a concorrência é forte, mas o próprio reconhece que vai ser um adeversário forte para os outros, ou não fosse um dos melhores do mundo na sua categoria. "Eu próprio exijo mais de mim do que se não tivesse ganho a medalha de bronze no Mundial", frisa João Neto, que em 2001 teve de enfrentar três meses de suspensão por um controlo "anti doping" positivo ao esteróide nandrolona por consumo acidental de um suplemento com a composição adulterada. Introduzido no programa olímpico nos Jogos de Tóquio em 1964, o judo, arte marcial de origem japonesa, teve sempre a presença de, pelo menos, um judoca português e em Sydney deu o seu primeiro contributo para o medalheiro lusitano, com o bronze de Nuno Delgado (-81kg), o único sobrevivente da selecção que esteve há quatro anos na Austrália. Delgado é o mais experiente dos quatro judocas destacados para Atenas e, pelo seu estatuto e pelos seus títulos, tem assumido a luta pelas medalhas e não se cansa de dizer que qualquer um dos outros três também é candidato a lugares cimeiros. João Neto só pensa ficar no quadro de honra, que é figurar entre os sete primeiros. "Tudo o que vier acima é melhor, mas não sei se será possível", acautela. Num combate de judo, ganha quem conseguir imobilizar, projectar ou estrangular o adversário. Todo o cuidado é pouco, mas a estratégia é simples e nem há muito tempo para pensar (o tempo regulamentar de um combate é de cinco minutos). "Nos primeiros momentos tento conhecer o adversário. Depois tento ganhar o combate", sintetiza João Neto. E nem sequer há uma estratégia a longo prazo. "É pensar combate a combate." A história de João Neto no desporto de alta competição é igual a muitas outras. Começou novo, por influência de um familiar e, depois de experimentar, nunca mais largou. "Gosto porque é um desporto individual. Pratiquei outros desportos, mas fiquei pelo judo porque via a possibilidade de fazer alguma coisa importante", recorda João Neto, que agora, entre outros cuidados e sacrifícios, tem de estar especialmente atento ao seu peso, não podendo ultrapassar o limite da sua categoria sob a pena de não poder competir. Na verdade, como o próprio reconhece, a opção pelo judo não surgiu pelos motivos mais nobres. Na cabeça do pequeno João, de oito anos, não existiam propósitos de fazer coisas importantes. Era para ganhar vantagem nas brigas com os colegas da escola: "Quando era mais pequeno tinha um fascínio muito grande pelas lutas. Andava sempre à bulha com os outros miúdos. Gostava do judo por causa disso." OUTROS TÍTULOS EM PÚBLICA

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