Atenas 2004 Os desenhos de Calatrava

15-09-2004
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Atenas 2004 Os Desenhos de Calatrava

Domingo, 01 de Agosto de 2004

%Carlos Filipe

Já se disse que parte dos atrasos na finalização do complexo olímpico de Maroussi, uma área de intervenção de 1,6km de comprimento por 600m de largura, são culpa do génio de Santiago Calatrava, o arquitecto e engenheiro de Valência, também responsável pela concepção da gare do Oriente, em Lisboa, um dos "ex-libris" da Expo-98. Mas os atrasos, que preocuparam o mundo olímpico e os atenienses, são fruto das suas obras de arte, assim entende Calatrava a sua profissão, incapaz de as concluir sem deixar o seu cunho, uma marca, como um pintor ou escultor.

Adepto do estilo popular, Calatrava não se diz inventor de uma arquitectura extremista e autonómica, mas admite que a perfilha, advogando a restituição de carácter a zonas deprimidas e deterioradas. As suas obras em Atenas, novas ou reformulações das estruturas já existentes, como o estádio olímpico e o velódromo, são exemplos de modernidade e funcionalidade, como as zonas pedonais e as zonas de sombra criadas para o efeito, o interface rodoviário, as pontes no tecido urbano.

As obras-primas serão mesmo as coberturas do estádio olímpico e do velódromo, grandes estruturas de aço e vidro laminado, ligadas por enormes arcos, e cobertura de materiais translúcidos. E sobre a peça central do complexo, que tanta polémica tem gerado, pelos anedóticos e consecutivos atrasos na sua colocação, a posição de Calatrava sempre foi inflexível, quando lhe foram propostas alterações de concepção para minimizar atrasos: nem uma peça a menos, nem uma alteração ao projecto. O certo é que os trabalhos ainda não estão concluídos, sendo que 12 de Agosto, véspera da cerimónia de abertura, é a data prevista para a retirada de máquinas e homens da obra. "As coisas custam o tempo e os meios que custam. Em outros tempos, com estruturas de impacto semelhante, não havia tanta urgência. Agora, tudo tem que ser feito à velocidade da luz. E tratando-se de Jogos Olímpicos, estamos todos expostos a uma maior pressão, a que os media são muito sensíveis, às vezes injustamente", explicou o arquitecto ao "El País".

Só a intervenção no Estádio Olímpico orça em 187 milhões de euros, e se Calatrava não se cansa de afirmar que as obras de arte são caras, sublinha que "valem a pena" e que "permanecerão por muito tempo para serem vistas".

Atenas 2004 Os Desenhos de Calatrava

Domingo, 01 de Agosto de 2004

%Carlos Filipe

Já se disse que parte dos atrasos na finalização do complexo olímpico de Maroussi, uma área de intervenção de 1,6km de comprimento por 600m de largura, são culpa do génio de Santiago Calatrava, o arquitecto e engenheiro de Valência, também responsável pela concepção da gare do Oriente, em Lisboa, um dos "ex-libris" da Expo-98. Mas os atrasos, que preocuparam o mundo olímpico e os atenienses, são fruto das suas obras de arte, assim entende Calatrava a sua profissão, incapaz de as concluir sem deixar o seu cunho, uma marca, como um pintor ou escultor.

Adepto do estilo popular, Calatrava não se diz inventor de uma arquitectura extremista e autonómica, mas admite que a perfilha, advogando a restituição de carácter a zonas deprimidas e deterioradas. As suas obras em Atenas, novas ou reformulações das estruturas já existentes, como o estádio olímpico e o velódromo, são exemplos de modernidade e funcionalidade, como as zonas pedonais e as zonas de sombra criadas para o efeito, o interface rodoviário, as pontes no tecido urbano.

As obras-primas serão mesmo as coberturas do estádio olímpico e do velódromo, grandes estruturas de aço e vidro laminado, ligadas por enormes arcos, e cobertura de materiais translúcidos. E sobre a peça central do complexo, que tanta polémica tem gerado, pelos anedóticos e consecutivos atrasos na sua colocação, a posição de Calatrava sempre foi inflexível, quando lhe foram propostas alterações de concepção para minimizar atrasos: nem uma peça a menos, nem uma alteração ao projecto. O certo é que os trabalhos ainda não estão concluídos, sendo que 12 de Agosto, véspera da cerimónia de abertura, é a data prevista para a retirada de máquinas e homens da obra. "As coisas custam o tempo e os meios que custam. Em outros tempos, com estruturas de impacto semelhante, não havia tanta urgência. Agora, tudo tem que ser feito à velocidade da luz. E tratando-se de Jogos Olímpicos, estamos todos expostos a uma maior pressão, a que os media são muito sensíveis, às vezes injustamente", explicou o arquitecto ao "El País".

Só a intervenção no Estádio Olímpico orça em 187 milhões de euros, e se Calatrava não se cansa de afirmar que as obras de arte são caras, sublinha que "valem a pena" e que "permanecerão por muito tempo para serem vistas".

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