Teresa Caeiro, "Girl" do CDS, secretária do Estado

30-08-2004
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Teresa Caeiro, "Girl" do CDS, Secretária do Estado

Domingo, 01 de Agosto de 2004 %Texto de Eunice Lourenço O ministro da Defesa apresentou-a como "filha e neta de militares" para justificar a sua escolha para uma pasta de secretária de Estado da Defesa e dos Ex-Combatentes que não chegou a ocupar. A imprensa cor-de-rosa e os tablóides falam dela como "a namorada de Piet Hein", o ex-marido da actriz Alexandra Lencastre e patrão da Endemol em Portugal, com quem entretanto até já não namora. Poucos saberão que também é sobrinha-neta de Mário Cesariny e grande amiga de Maria Rueff. Felizmente, para ela, ninguém usou esse argumento para justificar a sua ida para a Cultura. Teresa Margarida Figueiredo de Vasconcelos Caeiro, 35 anos, loura, bonita, solteira, é a nova secretária de Estado das Artes e Espectáculos e foi o centro das atenções na tomada de posse dos secretários de Estado, devido às trocas de pastas que atrasaram a cerimónia. Para quem não a conhecia, ficou a imagem de uma "girl" do CDS que acabou por sobressair por entre muitos "boys" laranja. Quem a conhece trata-a por "Tegui", reconhece-lhe o carácter esforçado e desculpa-lhe as inseguranças. Filha e neta de almirantes, mas também com uma mãe bióloga e um avô médico, Teresa Caeiro estudou num colégio inglês, em Lisboa, passou a adolescência em Bruxelas, devido a uma nomeação do pai para um cargo na NATO, e acabou por licenciar-se em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa. Estagiou no Grupo Legar Português (GPL) e trabalhou num dos maiores escritórios de advogados da capital, o de António Maria Pereira e José Miguel Júdice. Seria através de um dos advogados com que trabalhou no GPL - Luís Nobre Guedes - que chegaria ao CDS. "Chego ao CDS primeiro como mera técnica, como jurista, quando fui convidada para integrar o gabinete jurídico do grupo parlamentar do CDS/PP, em 1995, quando se dá aquele salto do grupo do táxi [com quatro deputados] para os 15 deputados", explicou à PÚBLICA em Abril. "Depois, penso que há qualquer coisa dentro de nós que, estando naquele ambiente tão propício e tão politizado como é a Assembleia da República, desperta. Foi assim que, em 96 ou 97, me filiei no CDS/PP na sequência de um convite do dr. Jorge Ferreira para integrar a comissão política distrital de Lisboa." Não foi, contudo, Jorge Ferreira, um monteirista que, entretanto, já saiu do CDS que a motivou. "Penso que se conjugaram dois factores: o partilhar as ideias do CDS/PP, os ideais democratas-cristãos e dar-se o caso de admirar o actual presidente, Paulo Portas". As ideias do CDS que a atraem são, sobretudo, as que se conjugam com as suas preocupações sociais. "Há uma grande preocupação na democracia-cristã e no CDS de tratar o ser humano com todas as suas características, não como fazendo parte de uma generalidade. Algo que a nós nos choca um bocado é a forma como o PS tratava a questão por exemplo do idoso, a criança. Não é a criança, há crianças em concreto, há idosos em concreto. O CDS mantém essa preocupação, uma grande preocupação preferencial pelos mais fracos. Ao contrário do que normalmente sobressai, é um partido muito inovador. Já na altura da fundação surgiram ideias que mantêm uma actualidade extraordinária e que só recentemente se vieram concretizar, como o apoio à maternidade, o apoio à possibilidade de conciliar a vida familiar e profissional, gabinetes de apoio à inserção de imigrantes. O CDS hoje é isso: uma enorme preocupação com o ser humano, o afastamento de políticas liberais, liberais no sentido económico, de deixar que o curso normal da economia tome conta do curso da vida e em sociedade." Se há ideias do CDS em que se revê, há, contudo, "dogmas" do partido com que não comunga. É o caso do aborto. Embora respeite o acordo de coligação entre PSD e CDS, segundo o qual esta questão não pode ser reaberta até ao fim da legislatura, Teresa Caeiro tem opinião pessoal sobre o assunto, defendendo a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez. "Não acho que as mulheres que cometem aborto devam ser presas", diz, ressalvando que, para si, "é um ser humano que está ali", mas que é preciso "ter a humildade de não querer julgar situações que não conhecemos". Posições como esta, assim como um namoro com o socialista Sérgio Sousa Pinto, em finais dos anos 90, valem-lhe ser, por vezes, olhada de lado ou mesmo como "um submarino" por algum militante do CDS mais tradicional. Mas conta com o apoio de Paulo Portas, que fez da sua "Tegui" uma das "rising stars" do seu CDS, junto com nomes como Nuno Magalhães (secretário de Estado da Administração Interna), Diogo Feio (secretário de Estado da Educação) e Luís Pedro Mota Soares (secretário-geral do CDS). Entre os democratas-cristãos que a admiram, é uma formiguinha trabalhadora, esforçada, dedicada. Como jurista do grupo parlamentar, redigiu ou ajudou a redigir muitos projectos de lei. Quando Paulo Portas assumiu a liderança do seu grupo parlamentar, em 1999, escolheu-a para chefe de gabinete. Por vezes, tinha de esperar e desesperar para "ir a despacho" com o líder do partido, mas ele sabia que podia contar com o trabalho feito. Um dos temas em que se empenhou, por essa altura, foi o combate aos "graffiti". Redigiu um projecto de lei com vista a criminalizar quem fizesse pinturas em locais públicos, especialmente monumentos. E, indignada com o ponto a que as coisas tinham chegado, decidiu que era preciso mostrar do que falava. Andou por Lisboa a tirar fotografias, emoldurou-as e organizou uma exposição no Instituto Adelino Amaro da Costa. Em 2002, Portas vai para o Governo. Telmo Correia torna-se líder da bancada e Teresa Caeiro continua como chefe de gabinete, mas não muito contente. Será por pouco tempo. Rapidamente, Paulo Portas resolve que é preciso promovê-la e as calças de ganga e calçado confortável com que andava pelos corredores de São Bento são trocados pelos "tailleurs" e saltos altos de governadora civil de Lisboa. No seu cargo de "governanta", como a própria chegava a designar-se, percorreu o distrito, visitou lares e creches, quartéis de bombeiros e esquadras de polícia, entregou ambulâncias e donativos, assinou passaportes. Não havia fim-de-semana que não tivesse almoço em colectividade, inauguração de capela ou espectáculo de beneficência. Também teve de tratar assuntos de segurança e provocou polémica quando resolveu proibir uma manifestação de estudantes, invocando uma lei que existia, mas a que ninguém tinha ligado nos últimos anos. Quando foi conhecida a sua nomeação para o Governo Civil da capital, Marcelo Rebelo de Sousa, no Jornal Nacional da TVI, chamou-lhe "girl do CDS". Meses depois, o ex-líder do PSD teve de ir tratar do passaporte. Avisada, Teresa Caeiro desceu do seu gabinete e apresentou-se: "Eu é que sou a 'girl'. Muito prazer". E voltou a subir, deixando o professor sem quaisquer privilégios de tratamento. Na semana passada, o comentador da TVI foi brando com as trapalhadas que a envolveram na formação do Governo e até elogiou a sua passagem pela secretaria de Estado da Segurança Social, onde estava desde Setembro. Naquele lugar, continuou as visitas por lares e creches, agora por todo o país e com um bocadinho mais de poder. Mas também com muita impotência perante o que considera serem problemas estruturais do país. "Isto é um trabalho que nunca tem fim", dizia então. E, confrontada com dados sobre a fome e a pobreza em Portugal, respondia: " As pessoas não são pobres porque têm pouco dinheiro na conta bancária. A pobreza e a exclusão são muito mais complexos do que isso. São questões geracionais. São heranças de falta de estruturação familiar, de total desagregação emocional. A pobreza prende-se, essencialmente, com não conseguir estar dentro do sistema e conseguir ter uma vida estruturada de acordo com a realidade actual. Muitas vezes as pessoas em situação de pobreza não conseguem sequer aproveitar os mecanismos que o Estado põe ao seu dispor. Todas as políticas têm de ser duradouras. O que é feito agora, muito provavelmente, só vai ter efeitos daqui a uma geração." Da Segurança Social, ficou com uma enorme admiração por Bagão Félix, alguma polémica por causa da lei de cruzamento de dados com o fisco e uma certa imagem de "loura" junto de alguns que com ela tiveram de negociar. No CDS, "Tegui" também foi subindo. No congresso de Setembro, subiu à comissão executiva, a direcção do partido. Já este ano, Portas escolheu-a para, com João Rebelo, ser coordenadora da campanha para as eleições europeias. Entretanto, deixou a direcção da distrital de Lisboa, liderada por Nobre Guedes. Se não fosse para o governo - onde chegou mesmo a ser dada como ministra -, iria ocupar o lugar de deputada, voltando para uma casa onde foi feliz, mas que olha com outros olhos depois de passar pelo poder executivo. Hoje, vê o Parlamento como um sítio onde se discute muito, mas se faz pouco. Parece estar na política para ficar, apesar de a mãe lhe fazer sentir que está na política por ter falhado outra vida profissional. Aceitou ir para a Defesa porque Portas lhe pediu e foi para as Artes e Espectáculos, que preferia à partida, porque foi isso que o líder do CDS acabou por acertar com Santana Lopes. Como Portas, gosta de cinema e são muitas vezes vistos juntos nas sessões da meia-noite do Corte Inglés. No que o ministro da Defesa e dos Assuntos do Mar já não a acompanha é no seu apetite por "junk food". Teresa Caeiro é uma profunda apreciadora da "cozinha MacDonald's". É contra as quotas para a participação de mulheres na política, mas reconhece que não há vida familiar que resista ao ritmo da vida partidária. "O exercício da política é hoje em dia dificilmente conciliável com a vida familiar. As reuniões partidárias duram até muito tarde. Os fins-de-semana são ocupados com actividades políticas e, esse sim, penso que pode ser um factor para que as mulheres não entrem para a política activa", diz Teresa Caeiro. "Nunca, em momento algum, me senti prejudicada ou diminuída no meu trabalho pelo facto de ser mulher. Penso que os partidos já têm consciência da mais valia que constitui a presença de mulheres nas suas listas e nos seus órgãos executivos", dizia em Abril. Continua a pensar o mesmo. OUTROS TÍTULOS EM PÚBLICA

Quatro novos campeões portugueses

Atenas 2004 Os desenhos de Calatrava

Proezas e fracassos nas Olimpíadas

De onde é Viriato?

Excertos de textos antigos sobre Viriato

Os jovens gostam de frequentar a discoteca do vigário?

Teresa Caeiro, "Girl" do CDS, secretária do Estado

Rui Ramos:A crise política não passou de uma carga de energia no sistema

A política à distância

Arménia

O Índex

Estilo de vida contribui para a demência

Consumo Perigo, há crianças na água

Cemitério de gelados

Salada de sapateira

CARTAS DA MAYA

Cartas da Maya

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Domingo, 01 de Agosto de 2004 %Texto de Eunice Lourenço O ministro da Defesa apresentou-a como "filha e neta de militares" para justificar a sua escolha para uma pasta de secretária de Estado da Defesa e dos Ex-Combatentes que não chegou a ocupar. A imprensa cor-de-rosa e os tablóides falam dela como "a namorada de Piet Hein", o ex-marido da actriz Alexandra Lencastre e patrão da Endemol em Portugal, com quem entretanto até já não namora. Poucos saberão que também é sobrinha-neta de Mário Cesariny e grande amiga de Maria Rueff. Felizmente, para ela, ninguém usou esse argumento para justificar a sua ida para a Cultura. Teresa Margarida Figueiredo de Vasconcelos Caeiro, 35 anos, loura, bonita, solteira, é a nova secretária de Estado das Artes e Espectáculos e foi o centro das atenções na tomada de posse dos secretários de Estado, devido às trocas de pastas que atrasaram a cerimónia. Para quem não a conhecia, ficou a imagem de uma "girl" do CDS que acabou por sobressair por entre muitos "boys" laranja. Quem a conhece trata-a por "Tegui", reconhece-lhe o carácter esforçado e desculpa-lhe as inseguranças. Filha e neta de almirantes, mas também com uma mãe bióloga e um avô médico, Teresa Caeiro estudou num colégio inglês, em Lisboa, passou a adolescência em Bruxelas, devido a uma nomeação do pai para um cargo na NATO, e acabou por licenciar-se em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa. Estagiou no Grupo Legar Português (GPL) e trabalhou num dos maiores escritórios de advogados da capital, o de António Maria Pereira e José Miguel Júdice. Seria através de um dos advogados com que trabalhou no GPL - Luís Nobre Guedes - que chegaria ao CDS. "Chego ao CDS primeiro como mera técnica, como jurista, quando fui convidada para integrar o gabinete jurídico do grupo parlamentar do CDS/PP, em 1995, quando se dá aquele salto do grupo do táxi [com quatro deputados] para os 15 deputados", explicou à PÚBLICA em Abril. "Depois, penso que há qualquer coisa dentro de nós que, estando naquele ambiente tão propício e tão politizado como é a Assembleia da República, desperta. Foi assim que, em 96 ou 97, me filiei no CDS/PP na sequência de um convite do dr. Jorge Ferreira para integrar a comissão política distrital de Lisboa." Não foi, contudo, Jorge Ferreira, um monteirista que, entretanto, já saiu do CDS que a motivou. "Penso que se conjugaram dois factores: o partilhar as ideias do CDS/PP, os ideais democratas-cristãos e dar-se o caso de admirar o actual presidente, Paulo Portas". As ideias do CDS que a atraem são, sobretudo, as que se conjugam com as suas preocupações sociais. "Há uma grande preocupação na democracia-cristã e no CDS de tratar o ser humano com todas as suas características, não como fazendo parte de uma generalidade. Algo que a nós nos choca um bocado é a forma como o PS tratava a questão por exemplo do idoso, a criança. Não é a criança, há crianças em concreto, há idosos em concreto. O CDS mantém essa preocupação, uma grande preocupação preferencial pelos mais fracos. Ao contrário do que normalmente sobressai, é um partido muito inovador. Já na altura da fundação surgiram ideias que mantêm uma actualidade extraordinária e que só recentemente se vieram concretizar, como o apoio à maternidade, o apoio à possibilidade de conciliar a vida familiar e profissional, gabinetes de apoio à inserção de imigrantes. O CDS hoje é isso: uma enorme preocupação com o ser humano, o afastamento de políticas liberais, liberais no sentido económico, de deixar que o curso normal da economia tome conta do curso da vida e em sociedade." Se há ideias do CDS em que se revê, há, contudo, "dogmas" do partido com que não comunga. É o caso do aborto. Embora respeite o acordo de coligação entre PSD e CDS, segundo o qual esta questão não pode ser reaberta até ao fim da legislatura, Teresa Caeiro tem opinião pessoal sobre o assunto, defendendo a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez. "Não acho que as mulheres que cometem aborto devam ser presas", diz, ressalvando que, para si, "é um ser humano que está ali", mas que é preciso "ter a humildade de não querer julgar situações que não conhecemos". Posições como esta, assim como um namoro com o socialista Sérgio Sousa Pinto, em finais dos anos 90, valem-lhe ser, por vezes, olhada de lado ou mesmo como "um submarino" por algum militante do CDS mais tradicional. Mas conta com o apoio de Paulo Portas, que fez da sua "Tegui" uma das "rising stars" do seu CDS, junto com nomes como Nuno Magalhães (secretário de Estado da Administração Interna), Diogo Feio (secretário de Estado da Educação) e Luís Pedro Mota Soares (secretário-geral do CDS). Entre os democratas-cristãos que a admiram, é uma formiguinha trabalhadora, esforçada, dedicada. Como jurista do grupo parlamentar, redigiu ou ajudou a redigir muitos projectos de lei. Quando Paulo Portas assumiu a liderança do seu grupo parlamentar, em 1999, escolheu-a para chefe de gabinete. Por vezes, tinha de esperar e desesperar para "ir a despacho" com o líder do partido, mas ele sabia que podia contar com o trabalho feito. Um dos temas em que se empenhou, por essa altura, foi o combate aos "graffiti". Redigiu um projecto de lei com vista a criminalizar quem fizesse pinturas em locais públicos, especialmente monumentos. E, indignada com o ponto a que as coisas tinham chegado, decidiu que era preciso mostrar do que falava. Andou por Lisboa a tirar fotografias, emoldurou-as e organizou uma exposição no Instituto Adelino Amaro da Costa. Em 2002, Portas vai para o Governo. Telmo Correia torna-se líder da bancada e Teresa Caeiro continua como chefe de gabinete, mas não muito contente. Será por pouco tempo. Rapidamente, Paulo Portas resolve que é preciso promovê-la e as calças de ganga e calçado confortável com que andava pelos corredores de São Bento são trocados pelos "tailleurs" e saltos altos de governadora civil de Lisboa. No seu cargo de "governanta", como a própria chegava a designar-se, percorreu o distrito, visitou lares e creches, quartéis de bombeiros e esquadras de polícia, entregou ambulâncias e donativos, assinou passaportes. Não havia fim-de-semana que não tivesse almoço em colectividade, inauguração de capela ou espectáculo de beneficência. Também teve de tratar assuntos de segurança e provocou polémica quando resolveu proibir uma manifestação de estudantes, invocando uma lei que existia, mas a que ninguém tinha ligado nos últimos anos. Quando foi conhecida a sua nomeação para o Governo Civil da capital, Marcelo Rebelo de Sousa, no Jornal Nacional da TVI, chamou-lhe "girl do CDS". Meses depois, o ex-líder do PSD teve de ir tratar do passaporte. Avisada, Teresa Caeiro desceu do seu gabinete e apresentou-se: "Eu é que sou a 'girl'. Muito prazer". E voltou a subir, deixando o professor sem quaisquer privilégios de tratamento. Na semana passada, o comentador da TVI foi brando com as trapalhadas que a envolveram na formação do Governo e até elogiou a sua passagem pela secretaria de Estado da Segurança Social, onde estava desde Setembro. Naquele lugar, continuou as visitas por lares e creches, agora por todo o país e com um bocadinho mais de poder. Mas também com muita impotência perante o que considera serem problemas estruturais do país. "Isto é um trabalho que nunca tem fim", dizia então. E, confrontada com dados sobre a fome e a pobreza em Portugal, respondia: " As pessoas não são pobres porque têm pouco dinheiro na conta bancária. A pobreza e a exclusão são muito mais complexos do que isso. São questões geracionais. São heranças de falta de estruturação familiar, de total desagregação emocional. A pobreza prende-se, essencialmente, com não conseguir estar dentro do sistema e conseguir ter uma vida estruturada de acordo com a realidade actual. Muitas vezes as pessoas em situação de pobreza não conseguem sequer aproveitar os mecanismos que o Estado põe ao seu dispor. Todas as políticas têm de ser duradouras. O que é feito agora, muito provavelmente, só vai ter efeitos daqui a uma geração." Da Segurança Social, ficou com uma enorme admiração por Bagão Félix, alguma polémica por causa da lei de cruzamento de dados com o fisco e uma certa imagem de "loura" junto de alguns que com ela tiveram de negociar. No CDS, "Tegui" também foi subindo. No congresso de Setembro, subiu à comissão executiva, a direcção do partido. Já este ano, Portas escolheu-a para, com João Rebelo, ser coordenadora da campanha para as eleições europeias. Entretanto, deixou a direcção da distrital de Lisboa, liderada por Nobre Guedes. Se não fosse para o governo - onde chegou mesmo a ser dada como ministra -, iria ocupar o lugar de deputada, voltando para uma casa onde foi feliz, mas que olha com outros olhos depois de passar pelo poder executivo. Hoje, vê o Parlamento como um sítio onde se discute muito, mas se faz pouco. Parece estar na política para ficar, apesar de a mãe lhe fazer sentir que está na política por ter falhado outra vida profissional. Aceitou ir para a Defesa porque Portas lhe pediu e foi para as Artes e Espectáculos, que preferia à partida, porque foi isso que o líder do CDS acabou por acertar com Santana Lopes. Como Portas, gosta de cinema e são muitas vezes vistos juntos nas sessões da meia-noite do Corte Inglés. No que o ministro da Defesa e dos Assuntos do Mar já não a acompanha é no seu apetite por "junk food". Teresa Caeiro é uma profunda apreciadora da "cozinha MacDonald's". É contra as quotas para a participação de mulheres na política, mas reconhece que não há vida familiar que resista ao ritmo da vida partidária. "O exercício da política é hoje em dia dificilmente conciliável com a vida familiar. As reuniões partidárias duram até muito tarde. Os fins-de-semana são ocupados com actividades políticas e, esse sim, penso que pode ser um factor para que as mulheres não entrem para a política activa", diz Teresa Caeiro. "Nunca, em momento algum, me senti prejudicada ou diminuída no meu trabalho pelo facto de ser mulher. Penso que os partidos já têm consciência da mais valia que constitui a presença de mulheres nas suas listas e nos seus órgãos executivos", dizia em Abril. Continua a pensar o mesmo. OUTROS TÍTULOS EM PÚBLICA

Quatro novos campeões portugueses

Atenas 2004 Os desenhos de Calatrava

Proezas e fracassos nas Olimpíadas

De onde é Viriato?

Excertos de textos antigos sobre Viriato

Os jovens gostam de frequentar a discoteca do vigário?

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Rui Ramos:A crise política não passou de uma carga de energia no sistema

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