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26-10-2002
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EXPRESSO Marcelo Rebelo de Sousa aconselha silêncio

Manifestação foi «prova de fraqueza»

Marcelo Rebelo de Sousa classificou domingo de «prova de fraqueza» a manifestação de apoio a Paulo Portas convocada pelo CDS-PP e aconselhou os democrata-cristãos e o ministro de Estado e da Defesa a ficarem calados, a bem da estabilidade governativa. «O ideal será que, no futuro, o PP e o dr. Paulo Portas se calem», afirmou o antecessor de Durão Barroso na liderança do PSD, no seu habitual comentário de domingo na TVI. Recorrendo a uma crónica, no «Diário de Notícias», em que Vasco Pulido Valente classifica o CDS-PP de «manicómio» e a estratégia de apoio a Portas de «suicida», Marcelo não poupou críticas à manifestação do Largo do Caldas, que acabou momentos antes de o professor iniciar o seu comentário dominical na TVI. Recorrendo a uma crónica, no «Diário de Notícias», em que Vasco Pulido Valente classifica o CDS-PP de «manicómio» e a estratégia de apoio a Portas de «suicida», Marcelo não poupou críticas à manifestação do Largo do Caldas, que acabou momentos antes de o professor iniciar o seu comentário dominical na TVI. «Uma manifestação de desagravo é sempre uma prova de fraqueza», defendeu o antigo presidente do PSD. «Uma manifestação de desagravo é sempre uma prova de fraqueza», defendeu o antigo presidente do PSD. O comentador previu que, «se Paulo Portas sai do Governo porque Durão Barroso lhe pede, o Governo cai». O comentador previu que, «se Paulo Portas sai do Governo porque Durão Barroso lhe pede, o Governo cai». Para Marcelo, «o PP é Paulo Portas» e, por isso, para o País, «é mais importante que o Governo não caia, embora fique com um elemento diminuído». Para Marcelo, «o PP é Paulo Portas» e, por isso, para o País, «é mais importante que o Governo não caia, embora fique com um elemento diminuído». «Mas o dr. Durão Barroso tem de chamar o dr. Paulo Portas e o PP e pedir-lhes que ajudem, que não convoquem manifestações, porque não pode ser só o PSD a apelar à serenidade», argumentou. «Mas o dr. Durão Barroso tem de chamar o dr. Paulo Portas e o PP e pedir-lhes que ajudem, que não convoquem manifestações, porque não pode ser só o PSD a apelar à serenidade», argumentou. Rebelo de Sousa, que se demitiu da liderança do PSD após desentendimentos com o PP de Paulo Portas, que ditara o fim da estratégia de reedição da AD (Aliança Democrática), não poupou críticas à actuação do seu antigo aliado relativamente ao caso da Universidade Moderna. Rebelo de Sousa, que se demitiu da liderança do PSD após desentendimentos com o PP de Paulo Portas, que ditara o fim da estratégia de reedição da AD (Aliança Democrática), não poupou críticas à actuação do seu antigo aliado relativamente ao caso da Universidade Moderna. «Ele perdeu a cabeça», comentou Marcelo, referindo-se às declarações de Portas na residência oficial do ministro da Defesa, no Forte de S. Julião da Barra, sobre matérias relativas à sua situação fiscal de 1997 e 98, quando era gerente da empresa Amostra. «Ele perdeu a cabeça», comentou Marcelo, referindo-se às declarações de Portas na residência oficial do ministro da Defesa, no Forte de S. Julião da Barra, sobre matérias relativas à sua situação fiscal de 1997 e 98, quando era gerente da empresa Amostra. Embora considere que Portas não tinha obrigação de prestar esclarecimentos sobre o caso Moderna no Parlamento, devendo «fazê-lo à Sá Carneiro», com uma «declaração seca e clara» e com a bandeira nacional atrás, Marcelo criticou a estratégia seguida pelo ministro da Defesa nos últimos dias, com excepção para as explicações dadas na entrevista à TVI. Embora considere que Portas não tinha obrigação de prestar esclarecimentos sobre o caso Moderna no Parlamento, devendo «fazê-lo à Sá Carneiro», com uma «declaração seca e clara» e com a bandeira nacional atrás, Marcelo criticou a estratégia seguida pelo ministro da Defesa nos últimos dias, com excepção para as explicações dadas na entrevista à TVI. Na opinião de Marcelo, Portas «cometeu três erros» e foi «sempre a reboque dos acontecimentos». Na opinião de Marcelo, Portas «cometeu três erros» e foi «sempre a reboque dos acontecimentos». «Primeiro erro: ter envolvido o Presidente da República no caso», ao mostrar uma fotografia em que Jorge Sampaio cumprimenta o ex-reitor da Universidade Moderna, José Júlio Gonçalves. «Primeiro erro: ter envolvido o Presidente da República no caso», ao mostrar uma fotografia em que Jorge Sampaio cumprimenta o ex-reitor da Universidade Moderna, José Júlio Gonçalves. O segundo erro, segundo o professor, foi Paulo Portas ter falado de «lobbies» na área da defesa, quando o único contrato que rescindiu como ministro foi com uma empresa que deveria fornecer helicópteros para o Exército e que está a ser representada actualmente pelo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice. O segundo erro, segundo o professor, foi Paulo Portas ter falado de «lobbies» na área da defesa, quando o único contrato que rescindiu como ministro foi com uma empresa que deveria fornecer helicópteros para o Exército e que está a ser representada actualmente pelo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice. «Alguém está a ver o dr. Júdice a fazer esta campanha? Paulo Portas não pode atirar isso para o ar porque isso pode cair-lhe em cima», afirmou. «Alguém está a ver o dr. Júdice a fazer esta campanha? Paulo Portas não pode atirar isso para o ar porque isso pode cair-lhe em cima», afirmou. Na opinião de Marcelo, o terceiro erro foi Portas ter revelado que dirigiu, simultaneamente, em 1998, o CDS-PP e a empresa de sondagens «Amostra». Na opinião de Marcelo, o terceiro erro foi Portas ter revelado que dirigiu, simultaneamente, em 1998, o CDS-PP e a empresa de sondagens «Amostra». «Se há coisa que é imoral é ver um líder de um partido que é ao mesmo tempo gestor de uma empresa que faz sondagens que incluem esse mesmo partido», realçou. «Se há coisa que é imoral é ver um líder de um partido que é ao mesmo tempo gestor de uma empresa que faz sondagens que incluem esse mesmo partido», realçou. No comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda fortemente a intenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, de reabilitar o Parque Mayer, designadamente, com a instalação de um casino. No comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda fortemente a intenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, de reabilitar o Parque Mayer, designadamente, com a instalação de um casino. «É um escândalo. É evidentemente um ovo de Colombo transformar o país num casino, mas será essa a solução», sobretudo numa altura em que o país atravessa dificuldades financeiras e que é preciso dar sinais com vista à poupança das famílias?, questionou. E concluindo: «Espero que o dr. Durão Barroso tenha a sensatez de dizer ao dr. Santana Lopes 'tenho muita pena, mas não quero'». «É um escândalo. É evidentemente um ovo de Colombo transformar o país num casino, mas será essa a solução», sobretudo numa altura em que o país atravessa dificuldades financeiras e que é preciso dar sinais com vista à poupança das famílias?, questionou. E concluindo: «Espero que o dr. Durão Barroso tenha a sensatez de dizer ao dr. Santana Lopes 'tenho muita pena, mas não quero'». 11:06 23 Setembro 2002

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Comentários

1 a 20 de 137 Paulo Pedroso 16:12 27 Setembro 2002 Vamos já todos exigir as responsabilidades políticas a todos os senhores da esquerda portuguesa que, dutante anos e anos, foram MERAS TESTEMUNHAS em muitos julamentos. Os factos são antigos (e já foram julgados em tribunal) mas importa dar a conhecê-los à opinião pública e fazer já o julgamento na praça pública de senhores como Mário Soares, Almeida Santos, Ferro Rodrigues, António Costa, Francisco Louçã, Carlos Carvalhas e muitos outros.

Voltemos, como eles claramente querem, à Idade Média e passemos a fazer julgamento pela populaça e ao sabor das paixões da turba. Paulo Pedroso 16:08 27 Setembro 2002 Gostaria de deixar ao forum um pequeno problema para resolver: se um político fosse arguido num processo (como, por exemplo, o da Moderna), mas este fosse realizado apenas dentro dos tribunais, sem qualquer conhecimento por parte da opinião pública (imaginemos que a comunicação social não lhe dava relevância), e o referido político fosse ilibado.

Pergunto eu: será que se, passados dois ou três anos, a comunicação social viesse apresentar à opinião pública os dados do julgamento, o referido político teria de ser novamente julgado na praça pública?

Teria de responder politicamente por um assunto em que já tinha sido absolvido? Ainda por cima na instância competente, os tribunais? Quem é que teria coragem para se atirar a esse político? Ninguém. E porquê? Porque já tinha sido julgado e inocentado. A não ser que surgisses factos novos. E, no caso Portas, não é isso que sucede.

Ora, o que dizer então de um político que é apenas TESTEMUNHA? Não andará a esqerda completamente desorientada.

merces 13:29 27 Setembro 2002 Ao

Ao GUE de 25 Setembro às 15.05h

Engana-se o amigo Gue, que não sou jornalista, nem intolerante.

A esquerda, se exceptuarmos os mais extremistas, inspirados pelas revoluções de Mao ou Estaline, é por essência tolerante.

Não disse que as pessoas de direira fossem racistas, ou anti-democráticas.

O que disse e repito, é que Paulo Portas é racista, e é anti-democrático, já que exige aos outros aquilo que não pratica.

A direita não é o CDS ou Paulo Portas. Nem as centenas de pessoas que foram à manifestação do Caldas (que continuo a achar ser inspirada em rituais do temnpo do Estado Novo)representam toda a direita ou o cento da sociedade portuguesa.

Aliás, neste fórum há de tudo, mas o único companheiro que encontro absolutamente intolerante e obsecado é o nosso amigo Palitinho, sempre com os socialistas na ponta da lingua, ou dos dedos, e esse é claramente de direita, e com teorias de conspiração.

Somos todos portugueses, e penso é que a direita democrática e tolerante, que também existe, devia ter vergonha de um ministro e líder de um partido de 8% de votos se andar a comportar com tal arrogância.

E repito o que disse antes:

O problema para alguns direitistas foi que se tivesse descoberto esta vergonha, pela mão de jornalistas. Não que os factos existam, e isso é que se torna vergonhoso e triste, reflecte a mentalidade de certas pessoas conotadas com a direita.

Quase sem erros.

O Ardina 11:55 27 Setembro 2002 Cheques de Portas continuam por explicar

O semanário “O Independente” avança ainda que a justificação de Paulo Portas sobre os cheques de cinco mil contos recebidos da Dinensino não é exacta. O ministro de Estado e da Defesa afirmou que os cheques eram relativos ao pagamento de um projecto de um curso de Comunicação Social, executado por si e pela sua mãe, a jornalista Helena Sacadura Cabral. Afinal, avança o jornal, a quantia foi paga à empresa Condor, Comunicação, Publicidade e Imagem, Lda., que tinha como sócios Helena Sacadura Cabral, com 75 por cento do capital, e os filhos Paulo e Miguel Portas (cada um com 12,5 por cento. O semanário questiona ainda o facto de Paulo Portas afirmar ter participado na elaboração do projecto encomendado pela Dinensino, quando o advogado da empresa afirma que nem ele, nem o irmão Miguel, tiveram quaisquer actividades naquela empresa, “não tendo sequer assinado ou recebido um único cheque”.

PUBLICO.PT

O Ardina 11:47 26 Setembro 2002 Louve-se a Vida de Paulo Portas

Por LUÍS COSTA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

destaque: O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio

O meu cepticismo em relação ao universo espírita deixou de fazer sentido desde o passado domingo. Perante centenas de pessoas reunidas num largo de Lisboa, Luís Nobre Guedes, dirigente do CDS-PP, conseguiu estabelecer uma conversa com o falecido Adelino Amaro da Costa, que lhe disse, a ele e ao povo bem formado que acorreu ao comício, que não são imbecis, fizeram muito bem em resistir e, se necessário (como ele próprio terá feito, ao ser supostamente vítima de um atentado), em dar a vida pela causa que abraçou.

Eis a tese do atentado na sua máxima expressão: "Nós estamos aqui para louvar a vida de Adelino Amaro da Costa e não esquecer a sua morte", o que equivale a dizer, no contexto em que as declarações foram proferidas, "Nós estamos aqui para louvar a vida de Paulo Portas e não esquecer a sua morte, que infelizmente pode acontecer perante a sanha assassina dos tremendos 'lobbies' que montaram esta monstruosa campanha contra o corajoso ministro da Defesa". Depois de testada a opinião pública, dias antes, com a divulgação de informações que punham Paulo Portas a correr risco de vida, a "revelação mediúnica" era a cereja que faltava em cima deste bolo. E assim chegámos à brilhante ideia de uma "conversa imaginária" com o novo topónimo do Largo do Caldas.

Confesso que, à medida que se arrasta a polémica em torno das relações pouco recomendáveis entre Paulo Portas e o outrora faustoso mundo da Universidade Moderna, me afasto cada vez mais dos argumentos de natureza jurídica, política ou jornalística com os quais tem sido esgrimido o assunto. E, para evitar incómodos processos judiciais por eventual ofensa ao bom nome dos visados, sublinho desde já estar apenas a perfilhar a tese do mesmo Ministério Público que não acusou criminalmente o actual ministro da Defesa, quando concluiu, apesar de tudo, que "grande parte do orçamento da Amostra", empresa gerida por Portas, "foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto".

O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio. Assim sempre seremos poupados ao evidente decréscimo de qualidade das suas tiradas (que tocaram no fundo com a já célebre trilogia da "pauta", da "malta" e "o que falta") e que nos fazem ter ainda mais saudades da escrita cuidada do jornalista ético-justiceiro, que defendia que, "em política, a presunção de inocência funciona de modo muito diferente do que sucede na vida jurídica". O mesmo Portas que se espantava, vejam bem, perante o paradoxo de se querer ter uma opinião pública, ao mesmo tempo que se lhe negava o interesse por processos políticos.

Costuma dizer-se que o ridículo mata. Por isso, sou levado a admitir que Paulo Portas corre mesmo risco de vida, essencialmente se desrespeitar os estritos limites do solene voto de silêncio ora formulado. Mas, ainda que venha a ser vítima de tão ridículo desfecho fatal, já tem assegurado que haverá sempre Luís Nobre Guedes, ou qualquer outro dirigente do CDS-PP, para servir de intermediário entre os vivos e a alma dos mortos que é, como todos sabem, a definição clássica das pessoas com poderes mediúnicos. No pior dos cenários, pode estar aqui a solução para evitar a queda do Governo, mesmo sem Portas no elenco ministerial.

E, já que estamos no universo da transcendência, despeço-me por hoje com uma apropriada frase de Adelino Amaro da Costa, que cito de uma citação feita domingo passado por Telmo Correia, com a vénia devida aos cânones da boa educação: "Que Deus nos ajude e guarde Portugal."

O Ardina 11:41 26 Setembro 2002 Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Por JOSÉ PACHECO PEREIRA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas

Numa das suas elegias, Camões fala da memória. O "Poeta Simonides", "um dia" disse ao "capitão Temistocles" que estava a trabalhar numa "arte singular"

"que lhe ensinasse

a se lembrar de tudo o que fazia;

onde tão sutis regras lhe mostrasse

que nunca lhe passasse da memória

em nenhum tempo as cousas que passasse..."

O pobre capitão não partilhava do entusiasmo do poeta em tal projecto. O que ele queria era esquecer-se, "porque havia / as passadas lembranças por tormento", e pedia ao seu amigo que lhe desse

"... üa arte que em meus dias

me não lembrasse nada do passado,

oh! quanto milhor obra me farias!"

O Simonides camoneano trabalhava em vão, porque no seu tempo não havia tal "engenho", nem para lembrar, nem para esquecer. Como se narra em toda a elegia, a propósito de Temistocles, não havia fuga da memória, nem guerra que a apagasse, nem mar que a afogasse. O valente capitão bem podia ter vivido todas as fortes sensações de "fero Marte", que, quanto mais ele queria esquecer-se, mais se lembrava. Ele bem se perguntava:

"de que serve às pessoas alembrar-se

do que se passou já, pois tudo passa,

senão de entristecer-se e magoar-se?"

Camões fala da memória no amor, na tristeza, nas desventuras e como a memória é, ao mesmo tempo, permanência indesejada e ruptura desejada do presente face ao passado. Mas se passasse do individual ao colectivo, nos dias de hoje, o "Poeta Simonides" já deteria a "arte singular" de fazer ou esquecer ou lembrar tudo. Amor, guerra, tudo. A "arte singular", capaz de conseguir esquecer tudo, faz-se pelo "downgrade" da memória para o espectáculo e o "upgrade" da "fama", para um ciclo sempre repetível de "quinze minutos", parecendo sempre novo aos olhos do povo, preso nos ecrãs televisivos. O resultado é efemerização da memória ao imediato, e os "media" são o instrumento que Simonides não detinha na longínqua Grécia mítica de Camões.

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas. Vivendo num mundo banhado em enormes quantidades de informação, o nosso espírito segue a linha de espectáculo, numa espécie de lei do menor esforço da mente, alimentada pelo poderoso sentido da visão. Aí a memória é uma das primeiras vítimas do ascenso da demagogia, obliterando tudo o que não seja o mais imediato.

Como a ocasião faz o ladrão, com o ascenso do efémero mediático, um novo tipo de populismo emerge. Esse populismo tem todos os traços do passado, mas tem uma vantagem suplementar: existe e reforça-se através dos meios de comunicação de massas, em sociedades onde existe uma cultura de massas. Consegue assim o ideal de garantir as massas sem precisar de as mobilizar. Não precisa de marchas, nem de formaturas, nem fanfarras, nem do perigoso espectáculo das pessoas nas ruas - embora ainda ceda por inexperiência à tentação de o fazer, sempre com resultados muito mais imperfeitos do que se se ficasse apenas com os telespectadores. O seu discurso reduz-se apenas ao "sound byte", ao título de jornal, ao vocabulário dos programas desportivos e da "casa dos famosos". A continuidade deste populismo com os mundos adjacentes do futebol, dos "reality-shows", dos artigos doces sobre as peripécias das férias no Algarve e dos romances multicoloridos, faz com que subliminarmente tudo seja como uma "telenovela", do Jardel, ao Herman SIC, ao Big Brother dos "famosos", à "Caras" e à... política.

A produção do consenso já não precisa de sistema de valores, nem de tradição, nem de cultura, nem dessas coisas incómodas que a memória transporta. O poder desloca-se subtilmente dos intelectuais, que no passado eram fonte de legitimação, para um contínuo dos artistas de variedades, da telenovela, da vida nocturna e do "jet-set" e encontra aí os parceiros que lhe dão um crescente efeito mobilizador. É aí que se fabricam as maiorias políticas, que depois se encontram nas urnas.

O mundo político português ainda está em transição e velhos hábitos do "cursus honorum" da política ainda sobrevivem. Daí que seja preciso os políticos populistas ajudarem-se uns aos outros. Eles ainda precisam de impor definitivamente o seu estilo, varrerem quem se lhes opõe para depois mandarem sem limitações. Claro que as características do populismo não permitem a partilha do Top 1, e, a prazo, o choque entre os políticos populistas fará todas as "telenovelas" do presente parecerem histórias da carochinha, junto ao duelo gigantesco de Narciso "versus" Narciso que se travará!

Para este tipo de política, para que é que é precisa a memória? A memória é uma maçada e uma limitação, impede a liberdade dos gestos e das palavras, dizer hoje uma coisa e amanhã outra, insinuar sem provas, ameaçar, meter tudo no mesmo saco. Não é esse o discurso dominante do futebol televisivo, talvez o mais próximo nos nossos dias da política populista? Por isso o combate à memória e a favor do esquecimento é um instrumento básico do populismo.

Na mitologia clássica, uma das etapas da entrada no Inferno era a travessia do rio Letes, cujas águas nos faziam esquecer, nos davam um "longae somnum", deixando para trás a identidade. É por isso que se pode ouvir dizer, sem sentido do ridículo, que "em oitocentos anos de história nunca houve...", "nunca se viu em Portugal...", "não há memória de...". Pois é, não há memória, nem precisa de haver.

O Ardina 10:49 26 Setembro 2002 Cheque de 2.500 Contos para Obras na Sede do PP Ainda É Um Mistério

Por ISABEL BRAGA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

Público

Julgamento da Moderna

Juiz questionou ex-revisor de contas da Moderna sobre o cheque justificado com a inscrição "PP-obras sede" e ficou claro que a despesa está mal esclarecida

O presidente da Dinensino, Rui Albuquerque, disse ontem ao tribunal que "os documentos justificativos" para a emissão de cheques para a Amostra - "eventualmente, 159 mil contos", segundo afirmou - eram elaborados "por indicação directa de José Braga Gonçalves", o principal arguido no processo. As suas explicações foram muito evasivas e não aclararam nada sobre as diferenças de 56 mil contos registadas, segundo a acusação, entre as contabilidades da Dinensino e da empresa gerida por Paulo Portas.

O juiz Ricardo Cardoso perguntou: "A Dinensino reclamou a importância entregue a José Braga Gonçalves?". E sublinhou: "Essa verba só está imputada à Amostra porque o Dr. José Braga Gonçalves o dizia." Logo a seguir, o mesmo magistrado, de forma muito discreta, levantou a questão mais polémica da tarde, ao referir "uma despesa de 2.500 contos", paga por um cheque que situou, sem mais explicações, no respectivo apenso processual. A tarefa de acompanhar este julgamento não é, realmente, fácil.

Mas, quem vai todos os dias a Monsanto, entendeu que o juiz se referia ao cheque encontrado numa busca às instalações do ex-revisor oficial de contas da universidade, Manuel Vaz. Este, chamado a depor, disse que o cheque tinha "uma indicação manuscrita": "PP-obras sede", que não estava datado, sendo sua "convicção" que datava de "Setembro de 1998" e fora incluído num documento de reconciliação bancária datado de Março de 1999, "elaborado à posteriori" por uma colaboradora da sua firma, Cláudia Pinto Rodrigues. O cheque foi apreendido em buscas da PJ às instalações da Dinensino no mesmo mês de Março de 1999, já escândalo em torno da Moderna rebentara.

Ao tribunal, Manuel Vaz explicou que não teve conhecimento dessa reconciliação bancária, que "PP-obras sede" é uma entidade abstrata, não uma entidade a quem se pudesse emitir um cheque nominativo, e que teria "censurado" um documento que "não estava elaborado de acordo com as normas técnicas". E disse mais, que a sua colaboradora "esteve duas vezes convocada para prestar declarações" na Polícia Judiciária sobre a matéria, "mas não prestou", nem ele próprio foi inquirido sobre o assunto.

Segundo uma fonte ligada ao processo contactada pelo PÚBLICO, Cláudia Pinto Rodrigues "foi convocada e desconvocada por duas vezes para ir à PJ". "Se lá tivesse ido, teria dito quem lhe deu indicação para escrever aquilo que escreveu no referido cheque, obviamente alguém dentro da Dinensino".

Rui Albuquerque também causou sensação ao admitir em tribunal que a Moderna pagou viagens a elementos da loja maçónica Grande Loja Regular de Portugal, e que ele próprio participara numa, com destino ao Chile, viagem essa que, na véspera, justificara como "uma compensação" pelo salário baixo que auferia.

Albuquerque referiu-se ainda às ligações do ex-inspector da PJ, Moita Flores, à Moderna, afirmando que fora ele que negociara, por conta da cooperativa, a "transformação" em publicidade do investimento de "50 mil contos" desta no grupo de comunicação social "Pró Diário". Classificou Moita Flores, que coordenou um curso de pós-graduação em ciência criminal na Moderna, como alguém "próximo da reitoria, uma pessoa da confiança de José Júlio Gonçalves e dos filhos".

A propósito disto, Ricardo Cardoso leu, no tribunal, escutas telefónicas da PJ, uma delas em que Albuquerque fala com José Braga Gonçalves de uma "visita do presidente do sindicato da PJ" e lhe explica que esta era "para fazer um protocolo connosco". Ao que o filho mais velho do reitor comenta: "Isso são coisas do Moita, o que é que eles querem?" E o presidente da Dinensino responde: "Descontos nas propinas."

Antes de ler as escutas, Ricardo Cardoso explicara: "É para ver que não são só os juizes que dão aulas." O Ardina 10:40 26 Setembro 2002 Carta aberta a Paulo Portas = 1 =

Carta aberta a Paulo Portas

Por Vicente Jorge Silva

Você conquistou n’“O Independente” uma tal aura de intocabilidade, de majestade, como supremo acusador do regime, que isso lhe forneceu a ilusão de estar protegido para sempre por um escudo mágico

Caro Paulo:

Confesso-lhe que comecei por hesitar se deveria dirigir-me a si enquanto ministro de Estado e da Defesa, líder do Partido Popular, ex-director de “O Independente” ou, mais simplesmente, na sua qualidade de cidadão e meu velho conhecido Paulo Portas. Preferi esta via mais directa e familiar por várias razões: precisamente porque não somos estranhos um ao outro, porque tivemos ocasião de conversar e discutir um razoável número de vezes, e porque julgo que, apesar do calor das nossas controvérsias, sempre soubemos manter uma relação de respeito e apreço um pelo outro (e digo isto, pelo menos no que me cabe, sem sombra de hipocrisia). É certo que nunca fomos amigos, pelo menos na acepção genuína que ambos atribuiremos à palavra, mas esse é um privilégio da convivência humana que deve ser extremamente difícil partilhar consigo. Em todo o caso, e conhecendo todo o imenso mundo que nos separava e nos separa – à excepção porventura de uma forte cumplicidade cinéfila e alguns afectos comuns nessa matéria –, não deixa de ser extraordinário como foi possível manter consigo uma relação que sobreviveu aos múltiplos episódios de crispação que se nos atravessaram no caminho e à ambivalência de sentimentos que você sempre despertou em mim.

Apropósito de ambivalência, “O Independente” que você criou com o nosso velho amigo Miguel Esteves Cardoso estava nos antípodas daquilo que eu entendia e entendo ser o jornalismo: não o instrumento de uma causa ou um combate político mas uma actividade com a sua ética própria e que se justifica a si mesma (é por isso que considero incompatível o exercício de funções jornalísticas com um papel político activo). Só que você tinha, inegavelmente, através desse seu lado ínvio de agitador e provocador político, que não olha a meios para atingir os fins, um sentido de criatividade jornalística que ultrapassava tantas vezes, de forma quase prodigiosa, as fronteiras ideológicas de um mero órgão aguerrido da direita portuguesa. Mas era uma direita que então se propunha – e, de algum modo, ainda que transitoriamente, conseguiu – casar um conservadorismo e um nacionalismo agressivos com uma sensibilidade irreverente, iconoclasta, de referências culturais e comportamentais exuberantemente modernas. Isso explica o sucesso e o fascínio que “O Independente” suscitou entre uma nova geração de leitores e o papel histórico que teve na renovação e arejamento de temas e estilos da imprensa portuguesa (embora, permita-se-me a precisão, no âmbito de um movimento iniciado pela Revista do “Expresso” e retomado, anos mais tarde, pelo “Público”).

Evidentemente, a marca do imediatismo político acabou por condicionar o papel de “O Independente” a uma conjuntura específica. Verdadeiro dono e senhor de “O Independente”, você elegeu o cavaquismo como alvo a abater. E através dos “escândalos” com que foi dinamitando os governos de Cavaco, você semeou o terreno a partir do qual se tornaria irresistível a sua ascensão directa do protagonismo jornalístico ao protagonismo político (quando o seu alter-ego Manuel Monteiro se revelou excedentário e prejudicial ao projecto de direita que você acalentava). “O Independente” confundira-se a tal ponto consigo e ficara a tal ponto refém da sua estratégia política pessoal que, a partir de certo momento, o veneno político destilado pelo jornal reduziu a uma expressão puramente decorativa e supérflua o que nele era mais estimulante e criativo. Como se sabe, “O Independente” dos primeiros tempos de glória e inovação jornalística não sobreviveu a si, caro Paulo, e foi mergulhando em sucessivas e penosas crises. Porque você ocupara nele todo o território disponível, todo o espaço vital, ninguém se atrevia a contestar-lhe o estatuto de príncipe perfeito, e quando você trocou o falso estatuto de espectador pelo de actor de primeiro plano na cena política deixara para trás um navio sem bússola e ameaçado pelo naufrágio.

O Ardina 10:39 26 Setembro 2002 Carta aberta a Paulo Portas = 2 =

Carta aberta a Paulo Portas

Por Vicente Jorge Silva

Se recordo longamente “O Independente” não é por nostalgia mórbida de um tempo jornalístico que passou (e que passou, infelizmente, não apenas para “O Independente” dos primeiros anos mas para outras sagas jornalísticas que, entretanto, viram desvanecer-se a sua alma primitiva). Recordo-o porque o agora chamado “caso Paulo Portas” começa verdadeiramente aí, nesse jornal inventado por si. Foi aí que você teve o seu baptismo de fogo do poder e foi aí que saboreou as primeiras experiências de embriaguez voluptuosa que o poder proporciona, à medida que ministros e outros notáveis do regime iam soçobrando sob a sua sanha justiceira. Você conquistou uma tal aura de intocabilidade, de impunidade, de majestade, em suma, como supremo acusador do regime, que isso lhe forneceu a ilusão, como acontece nas fábulas, de estar protegido para sempre por um escudo mágico (que o tornaria invulnerável a todos os riscos e a todas as ameaças). Não creio sinceramente que seja sobretudo por cinismo que você recusa a constatação óbvia de que não pode fugir hoje às mesmas responsabilidades que antes exigia aos outros ou ao pagamento das culpas que reclamava deles. Acredito que há em si uma espécie de insustentável ligeireza (ou leviandade) do ser e que é nesse espaço que você vem pairando desde os tempos de “O Independente”. É por isso que é incapaz de ver que aquilo com que hoje se confronta não é mais do que a réplica, o efeito de “boomerang”, dos feitiços que você engendrou. Você é a prova provada de que o feitiço se volta sempre contra o feiticeiro.

Éóbvio que muitos dos que o acusam e gostariam de vê-lo morder o pó são inspirados por sentimentos mesquinhos, desprezíveis, de vingança e retaliação. Mas, caro Paulo, você já tem idade para saber que essa é uma das pulsões mais antigas que habitam as profundezas da alma humana. Como já tem idade para saber que não bastam ridículas teorias de conspiração e patéticas manifestações de desagravo para limpar a atmosfera das nuvens da suspeita que você foi deixando avolumar-se à sua volta porque se considerava (e persiste, aliás, em considerar, o que me parece bem pior) protegido pelo seu escudo mágico, pelo seu estatuto de demiurgo sem o qual não existiria o PP (o que é rigorosamente verdadeiro) e sem o qual acabará por finar-se a actual coligação que nos governa (o que é mais provável do que muitos admitem). A propósito, e entre parêntesis, quero dizer-lhe que aquilo que você conseguiu fazer com o PP – um partido que é uma pura criação do seu voluntarismo – e a sua aposta triunfante numa coligação governativa de direita – em que pouca gente, além de si, verdadeiramente apostava – relevam do domínio dos prodígios políticos e são dignos de admiração. Confesso-o, caro Paulo, sem nenhuma espécie de reserva mental e independentemente do mundo de diferenças políticas que nos separam.

Mas, precisamente, você é um mago político solitário, deslumbrado por si mesmo e que julgava poder passar incólume, com o seu escudo e a sua varinha de condão, através das misérias da vida política, das amizades equívocas e das ligações perigosas que sustentam tantas vezes o funcionamento das máquinas partidárias ou as mordomias dos seus líderes (como é o caso das conexões que manteve com a família Braga Gonçalves e a Universidade Moderna). Ora, caro Paulo, numa democracia não há cidadãos acima de qualquer suspeita, tal como proclamava nos seus tempos de “O Independente”. Você deveria ter sido o primeiro a lembrar-se disso, a assumir as suas responsabilidades de homem de Estado e a tomar a iniciativa de depor perante a instituição que é o coração da legitimidade do poder democrático: o Parlamento. Não o fez – e não o fez invocando o privilégio régio do silêncio, como se também aí, tocado pela sua varinha mágica, o silêncio valesse ouro. Infelizmente para si, caro cidadão Portas, já não vale.

O Ardina 10:17 26 Setembro 2002 Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Santana e Durão elogiaram coesão da coligação com o PP

Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Por PUBLICO.PT

Apesar dos elogios à coligação PSD/CDS-PP por parte de Durão Barroso e Santana Lopes, no rescaldo da reunião do conselho nacional social-democrata de ontem, um dos históricos do partido, Miguel Veiga, abalou o novo e frágil consenso e criticou a “flagrante incoerência” da conduta de Paulo Portas entre a sua passagem pelo jornalismo e a sua conduta política.

À saída da reunião de ontem, em que o vice-presidente do PSD, Santana Lopes, elogiou a coesão e sobrevivência da coligação governamental, Miguel Veiga não conseguiu evitar a crise trazida pelo caso Moderna e denunciou a “flagrante incoerência entre aquilo que escreveu e o comportamento que teve. É uma conclusão lógica, silogística e inquestionável a qualquer leitura”, postulou, referindo-se à prática moralizadora e de denúncia que Paulo Portas encetou e defendeu quando à frente do semanário ”O Independente” e que levou à queda de alguns membros dos governos de Cavaco Silva.

Falando aos jornalistas após o encontro social-democrata, o histórico juntou-se assim a vozes críticas que emanam do interior do PSD contra Paulo Portas, como a do eurodeputado Pacheco Pereira, do ex-ministro Duarte Lima e do também histórico Marcelo Rebelo de Sousa. O dirigente social-democrata não quis, ainda assim, chegar tão longe como os seus antecessores e recusou comentar uma possível demissão do ministro de Estado e da Defesa.

“Respeito-o suficientemente para não lhe dar normas de valores, mas na apreciação dos factos e do que entendo ser um código de responsabilidade política, o melhor julgador de Paulo Portas é o que ele escreveu durante muitas e muitas páginas”, explicou.

Apesar de uma noite longa de análise, os sociais-democratas falaram sem nunca referir o caso Moderna ou o nome do polémico ministro da Defesa e ex-jornalista. As polémicas foram passadas para a oposição, fortemente criticada pela prática de "terrorismo parlamentar nunca vista desde o 25 de Abril", numa referência à insistência do PS em esclarecer o envolvimento de Portas no caso Moderna.

Avestruz 23:19 25 Setembro 2002 Tudo em família!

Por uma vez o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa tem razão: quem viu a manifestação do Caldas não põde deixar de vir de imediato à memória a manifestações de desagravo que se faziam ao seu padrinho quando lá fora se punha em causa a política colonial portuguesa. O Ardina 17:48 25 Setembro 2002 A honra perdida

José Saraiva

Tinha-me convencido de que não voltaria a este assunto - o das ligações perigosas do dr. Paulo Portas ao "caso Moderna". Escrevi aqui, em 9 de Setembro, um texto intitulado "Mãos sujas", no qual dava conta das perplexidades desencadeadas por notícias acerca do processo que está em fase de julgamento. Disse, então – e repito agora –, que nada de pessoal me movia. Tenho elevada consideração e estima pessoal pelo dr. Paulo Portas, testemunhada já e que sei, também, ser recíproca. Devo, aliás, dizer aos leitores que o ministro da Defesa teve a gentileza de me contactar, e por escrito, me revelar o seu estado de alma. Acrescento o que esse gesto, corajoso!, revela na apreciação que faço do dr. Paulo Portas. Movo-me por valores de que não abdico, oriento a minha vida por princípios que não distorço. Talvez porque o dr. Paulo Portas saiba isso mesmo teve a atenção de me retorquir... e de protestar a sua inocência.

Só que a "fogueira" crepita em lume brando e o que vier a suceder... ocorrerá. Estou certo de que o percurso até ao Calvário será muito penoso. Ninguém, neste momento, pode vaticinar o desfecho de um imbróglio que tem trazido à tona da água velhos ressentimentos e alguns ódios. Alguns pretendem ajustar contas do passado com Paulo Portas. Outros remetem-se simplesmente ao silêncio.

Porém, no meio das labaredas surgiram opiniões verdadeiramente alarmantes: antes de todos, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, em declarações a "O Diabo" lançou algumas achas para o fogo, apontando a eventualidade de neste incêndio político outras pessoas poderem vir a ser queimadas... O sr. dr. António Pires de Lima não é um qualquer personagem de "Ópera-bufa". É, sim!, pelo contrário, um cidadão com altas responsabilidades na vida portuguesa. Se sabe o que diz – e, logicamente, sabe! – tem o dever de comunicar a quem de direito. Neste caso, as insinuações (?) são demasiado graves para passarem à margem de quem tem o dever de tornar transparente a vida portuguesa. Não compreendo que quem tem o dever de investigação não dê sinais de preocupação. Provavelmente estarei enganado.

Numa outra perspectiva, o sr. dr. Luís Nobre Guedes afirmou, publicamente, que seria a acção do ministro da Defesa, enquanto tal, que teria feito desencadear toda esta tempestade. No Forte de S. Julião, o ministro da Defesa estaria a desempenhar uma acção que contraria objectivamente os lóbis da indústria militar. Toda a gente sabe que as Forças Armadas precisam de se reequipar. São negócios de milhões, de muitos milhões, que estão sobre a mesa e é natural que à volta deles se movam os mais variados interesses. Qualquer decisão – helicópteros, aviões de transporte, submarinos, etc. – constitui pesadíssimas facturas... e todo o cuidado é pouco. Sabe-se que lá fora (em outros países-membros da OTAN) se têm sucedido escândalos tão graves que, até, já fizeram cair um secretário-geral da OTAN...

Ora, se o sr. dr. Luís Nobre Guedes, braço-direito do líder do PP, disse o que disse é porque tem informação clara. Tem, por isso, o dever de o revelar (no mínimo, à Comissão de Defesa). Todos ficamos à espera. Oxalá não se furtem com afirmações sinuosas.

Finalmente: o que pensam as Forças Armadas? Qual o sentimento que atravessa os generais e almirantes, sempre tão pressurosos, como "corpo do Estado", em defender a honra desses baluartes? Todos se recordam, certamente, de nos primeiros meses deste ano se multiplicarem alguns generais e almirantes em proclamações sobre o "estado das Forças Armadas". Que se mantêm, e até por mais algum tempo, já que o Governo suspendeu a Lei de Programação Militar (que o dr. Paulo Portas tinha aprovado...) e adiou a aquisição do indispensável e tão reclamado material. A que se deve o silêncio? Qual é o preço?

Ninguém pense que após o desagravo do "povo do CDS", no último domingo, tudo acabou. Pensar assim é pura ilusão. Não será verdade que uns e outros – se tudo ficar sob a neblina de suspeição ou de silêncio – perdem a honra?

carvalho Negro 17:29 25 Setembro 2002 Cuidado com a MOderna

"O médico legista Pinto da Costa nega ter alguma vez beneficiado de viagens pagas pela Universidade Moderna, e disse ter deixado hoje mesmo a colaboração com a universidade, que era gratuita.

«Até hoje colaborei graciosamente com a universidade, mas foi hoje o último dia pois não quero ver o meu nome enxovalhado e misturado com gente duvidosa», disse o Prof. Pinto da Costa à Agência Lusa.

«Estou muito chocado. Desde que existe Medicina Legal no curso de Direito da universidade Moderna no Porto que colaboro, gratuitamente. Nunca recebi um tostão, nem beneficiei de qualquer viagem, para Congressos ou outro fim, paga pela universidade», acrescentou o médico do Instituto Nacional de Medicina Legal do Porto.

Pinto da Costa lecciona a Medicina Legal no curso de Direito na Moderna do Porto desde a criação do curso, em 1989/90, e desde então já formou cerca de 1.500 alunos em Medicina Legal, «de graça».

«Hoje foi o último dia. Acabou», disse o Professor, salientando que essa colaboração foi sempre gratuita «pela satisfação de ensinar Medicina Legal em Direito».

E Pinto da Costa recorda: «Viagens? Uma vez pedi à Universidade um subsídio para ir a um congresso à África do Sul, mas nem sequer me responderam».

Na sessão de hoje do julgamento do caso Moderna, o presidente da cooperativa Dinensino, Rui Albuquerque, reconheceu haver alguns casos, de magistrados e médicos, entre outros que davam aulas naquela universidade, que beneficiaram de viagens a Congressos, pagas pela universidade Moderna, citando entre outros o médico legista Pinto da Costa.

«É totalmente falso. E vou exigir a apresentação de provas», disse Pinto da Costa à Agência Lusa. "

O Ardina 12:40 25 Setembro 2002 "Paulo Portas já não é líder ou guia de coisa alguma: está mantido a prazo, por conveniência de serviço, na contagem decrescente, até ao dia em que vão livrar-se dele. "

Oscar Mascarenhas

Diário de Notícias

Também junto a minha voz aos que consideram que já chega de discutir Paulo Portas, se fica ou se sai. Assunto arrumado. Desde domingo. Por pudor da cidadania. Ou, no mínimo, por caridade. Custa ver Paulo Portas espadanar tanto no charco que ele próprio escavou, encheu e revolveu.

De tanto frequentar as feiras, por lá aprendeu e fez-se mestre nos truques e ardis de fugir ao fiscal. Lança chistes e remoques em todos os sentidos, a todos quer juntar na bagunça em que escape de fininho. Perdeu, em suma, a vergonha. E a quem perde a vergonha, não se pede que a tenha para sair ou deixar-se estar. Não se lhe liga.

O espectáculo de domingo e os preparativos psicológicos para a sua mobilização foram um cozinhado bem à portuguesa: com todos! À farta! Um pouco de Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, quando os fiéis do futuro rei saíram à rua clamando que «matavam o Mestre!». Uma pitada da Estratégia da Aranha, de Bernardo Bertolucci, prenunciando atentados que, no tragicómico caso presente, é coisa para, durando até ao Carnaval, levar para o calabouço o primeiro que rebente um estalinho nas imediações do Forte de São Julião da Barra. Uma boa dose de bolor de tempos de antanho e das suas manifestações «espontâneas» de desagravo ao Chefe com um caldinho de Juramento da Brigada do Reumático. E ainda um razoável q.b. de uma versão pós-moderna de um Capuchinho Azul ameaçado pelos lóbis maus...

... Tudo isto servido no mais espaventoso aparato de burlesco, onde só faltou que a TVI, em gratidão pelo exclusivo da memorável entrevista das fotografias, concedesse uma licença precária à Admiradora Número Um, temporariamente em missão na Casa Famosa.

José Luís Arnaut foi bem escolhido para representar o primeiro-ministro. Estando, como se ouve dizer, todo o Governo a trabalhar, ora a fazer decretos para a frente, ora a corrigi-los para trás, só podia dispensar um ministro que, tirando os futebóis, não se sabe o que faz – e nos futebóis pouco faz, e ainda bem. Lá foi ele, um pouco destreinado destas coisas, levar a «solaridade» (sic) ao colega, como se alguém tivesse pedido que o pusessem – à sombra!

Um momento roçou a obscenidade: foi quando Paulo Portas, forçando desesperadamente os sacos lacrimais, quis mostrar-se condoído com os supostos ataques à «sua» ministra da Justiça. A farsa resultou deprimente.

A caricatura ficou completa com a escolha do lugar para a representação: um beco com duas saídas, uma para a lacrimosa Madalena, a outra para o Poço – do Borratém.

Enfim, Paulo Portas teve ali a sua Alameda, a sua Fonte Luminosa, à dimensão do político e estadista em que se transformou por culpa e vaidade próprias.

«Não tenham medo, que eu não tenho medo deles!», fanfarronou, estentóreo, chegando-se à frente no palco cheio. Alguma alma de boa vontade deveria dizer-lhe que olhasse para trás. Dali é que lhe vem o perigo. Paulo Portas já não é líder ou guia de coisa alguma: está mantido a prazo, por conveniência de serviço, na contagem decrescente, até ao dia em que vão livrar-se dele. Não há-de ser a oposição a apeá-lo: será defenestrado pelos seus.

E há-de, então, lamentar-se de não ter saído pelo seu pé ou empurrado pela esquerda. É que a direita, como todos sabem, é muito menos caridosa quando corre algum dos seus a pontapé. Espezinha a seguir, até esborrachar.

O Ardina 10:28 25 Setembro 2002 José Braga Gonçalves foi visto no Congresso do CDS-PP em Braga acompanhado por José João Zoio

Rui Albuquerque lembra presença de principal arguido no caso Moderna em 1998

José Braga Gonçalves foi visto no Congresso do CDS-PP em Braga

Por Lusa

Rui Albuquerque, actual presidente da cooperativa Dinensino, disse hoje na sessão de julgamento do caso Moderna ter visto o principal arguido do processo, José Braga Gonçalves, no Congresso do CDS-PP de Braga, em 1998.

Rui Albuquerque, que respondia a uma questão levantada pelo juiz Ricardo Cardoso, afirmou ter estado "dez minutos" com Braga Gonçalves que se fazia acompanhar pelo ex-cavaleiro tauromáquico José João Zoio, na altura relações públicas da Moderna, mas "não saber a que título é que ele [arguido] lá se encontrava".

O também assistente no caso Moderna foi questionado em seguida quanto a duas facturas que a empresa de segurança "Charon" cobrou à universidade por serviços prestados no Congresso do CDS-PP em Braga, uma delas tendo como referência Paulo Portas, líder democrata-cristão e actual ministro da Defesa.

Rui Albuquerque alegou nada saber sobre as facturas, apreendidas numa busca da Polícia Judiciária na sede da "Charon" e que terão sido pagas no âmbito das despesas correntes da Dinensino, mas admitiu que a universidade suportou essas mesmas despesas.

Durante o seu testemunho, o presidente da Dinensino avançou que três elementos da "Charon" que prestavam serviço no pólo do Porto e outros doze em Lisboa acabaram por ser integrados nos quadros da universidade, ao que sabe por decisão de José Braga Gonçalves, com a concordância da direcção.

O depoimento de Rui Albuquerque tornou-se também complicado para o jornalista e arguido Pedro Garcia Rosado, acusado de corrupção passiva, pois lembrou que José Braga Gonçalves ter-lhe-á dito que o ex- assessor de imprensa do ministro da Educação Marçal Grilo era um "avençado" da Moderna desde os tempos do gestor Vieira Machado.

O presidente da Dinensino reconheceu ainda que alguns magistrados que davam aulas na Moderna, impossibilitados de auferir salário ou vencimento pelo estatuto dos magistrados, tinham viagens pagas a congressos, em representação da Moderna.

Assegurou desconhecer quem ordenou ou proporcionou tais viagens aos magistrados, dizendo saber, a título de exemplo, que dois conjuntos de despesas foram pagas ao juiz conselheiro Sousa Brito, do Tribunal Constitucional, situação que já foi, segundo comunicada ao TC.

Ficou ainda a acusação de que o médico legista Pinto da Costa, do Instituto Nacional de Medicina Legal do Porto, à data professor no pólo do Porto, também beneficiou de viagens a congressos pagas pela universidade, havendo outros casos.

Pinto da Costa já negou a acusação. "Até hoje colaborei graciosamente com a universidade, mas foi hoje o último dia pois não quero ver o meu nome enxovalhado e misturado com gente duvidosa", afirmou o médico legista.

"Nunca recebi um tostão, nem beneficiei de qualquer viagem, para congressos ou outro fim, paga pela universidade", garantiu o professor da Moderna.

Pinto da Costa lecciona a Medicina Legal no curso de Direito na Moderna do Porto desde a criação do curso, em 1989/90.

O julgamento do caso Moderna, que conta com 13 arguidos acusados de crimes que vão desde associação criminosa a gestão danosa, passando por apropriação ilícita, burla, falsificação de documentos e corrupção, prossegue quinta-feira.

boaparte 04:04 25 Setembro 2002 Uma MOSCANOCUDOGREGO

No cú não deve ser no cérebro. da galinha mais que choca do cu do grego só sai ranho peninsular boaparte 04:01 25 Setembro 2002 moscardogrego 10:06 24 Setembro 2002 Comose pode ser tão básico e mercenário. Porra que você até parece pago. Mesmo que o fosse exigir-se-ia mais inteligência, ou se preferir muito menos burrice a defender coisa nem causa nenhuma. Bibó Portas e o Benfica e a Quinta da Farfalheira.

Não tenha um pensamento tão livre que ainda lhe cai o cérebro.

E nop cuzinho, pelos vistos gosta , né?

Paulo Pedroso 16:06 24 Setembro 2002 Minha cara merces 14:35 24 Setembro 2002,

Deixe-me dizer-lhe algumas coisas. Tenho 35 anos, tenho formação superior na área das ciências sociais e adoro política (enquanto debate de ideias, troca de argumentos, discussão). Mas, apesar de tudo, nunca me envolvi na política, nunca fui a manifestações, nunca fui um militante político, nunca necessitei de me envolver com forças políticas, nunca precisei do jogo político para nada.

Digo-lhe tudo isto a si, e ao forum, para que saiba que eu, pela primeira vez na minha vida fui a uma manifestação. E saiba que fui lá com todas as minhas convicções, liberdades, direitos e, também, deveres (porque, para mim, foi um dever).

Acredito que, para si, Paulo Portas não lhe diga nada. Tem esse direito. Estamos numa democracia. E AINDA BEM! O que a senhora não tem é o direito é de me insultar insinuando que eu fui arregimentado. Fui lá com TODA A LIBERDADE, E POR INICIATIVA PRÓPRIA.

E deixe-me dizer-lhe mais: sou da Covilhã e resido no Porto. Fui, de propósito a Lisboa porque quis, sem que ninguém me tivesse pedido e, repare bem, para participar pela primeira vez numa manifestação. Repare que, quer na Covilhã, quer no Porto, já tive muitas oportunidades de dar o meu apoio a Paulo Poras. Já podia ter ido aos jantares de apoio, aos comícios das eleições, às reuniões partidárias, etc, etc...

O que você e muitos não compreendem e, desculpe que lhe diga, parece que não querem compreender, é a razão porque eu, e tantos outros que nunca sentiram a necessidade de se afirmarem politicamente de forma pública, tiveram, desta vez, a necessidade de se manisfestar.

Eu posso dar-lhe uma pista: a indignação é força suficiente para mover muitas vontades.

Mas, será que isso lhe diz alguma coisa? merces 14:35 24 Setembro 2002 Manifestação de Desagravo a favor da Nação Portuguesa e dos portugueses trabalhadores, os que não têm tempo de andar em manifestações.

Manifestação de repúdio pela agressão comunista e a favor da política sensata e sábia do do Prof. Dr. Oliveira...perdão Paulo Portas que ali juntou o verdadeiro Portugal:

Dos reformados, retornados, legionários e antigos combatentes, pensionistas, peixeiras e outros artistas, de empresários de sucesso, e de falidos, de monárquicos e fadistas, de sudosistas e alguns tachistas, de benfiquistas, todo o povo apoiou o Prof. Dr. Oliveira Salazar, ou seria o Paulo Portas?

Mas todo o povo???

Não seriam apenas uns pensionistas trazidos de excursão a Lisboa, mais uns reformados, umas peixeiras, e dois conhecidos benfiquistas no palanque? Mais rádios, televisões e jornalistas? merces 14:16 24 Setembro 2002 Mainifestação de Desagravo a favor da Nação Portuguesa e dos portugueses trabalhadores, os que não têm tempo de andar em manifestações.

Manifestação de repúdio pela agressão comunista e a favor da política sensata e sábia do do Prof. Dr. Oliveira...perdão Paulo Portas que ali juntou o verdadeiro Portugal:

Dos reformados, retornados, legionários e antigos combatentes, pensionistas, peixeiras e outros artistas, de empresários de sucesso, e de falidos, de monárquicos e fadistas, de sudosistas e alguns tachistas, de benfiquistas, todo o povo apoiou o Prof. Dr. Oliveira Salazar, ou seria o Paulo Portas?

Mas todo o povo???

Não seriam apenas uns pensionistas trazidos de excursão a Lisboa, mais uns reformados, umas peixeiras, e dois conhecidos benfiquistas no palanque? Mais rádios, televisões e jornalistas? seguintes >

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EXPRESSO Marcelo Rebelo de Sousa aconselha silêncio

Manifestação foi «prova de fraqueza»

Marcelo Rebelo de Sousa classificou domingo de «prova de fraqueza» a manifestação de apoio a Paulo Portas convocada pelo CDS-PP e aconselhou os democrata-cristãos e o ministro de Estado e da Defesa a ficarem calados, a bem da estabilidade governativa. «O ideal será que, no futuro, o PP e o dr. Paulo Portas se calem», afirmou o antecessor de Durão Barroso na liderança do PSD, no seu habitual comentário de domingo na TVI. Recorrendo a uma crónica, no «Diário de Notícias», em que Vasco Pulido Valente classifica o CDS-PP de «manicómio» e a estratégia de apoio a Portas de «suicida», Marcelo não poupou críticas à manifestação do Largo do Caldas, que acabou momentos antes de o professor iniciar o seu comentário dominical na TVI. Recorrendo a uma crónica, no «Diário de Notícias», em que Vasco Pulido Valente classifica o CDS-PP de «manicómio» e a estratégia de apoio a Portas de «suicida», Marcelo não poupou críticas à manifestação do Largo do Caldas, que acabou momentos antes de o professor iniciar o seu comentário dominical na TVI. «Uma manifestação de desagravo é sempre uma prova de fraqueza», defendeu o antigo presidente do PSD. «Uma manifestação de desagravo é sempre uma prova de fraqueza», defendeu o antigo presidente do PSD. O comentador previu que, «se Paulo Portas sai do Governo porque Durão Barroso lhe pede, o Governo cai». O comentador previu que, «se Paulo Portas sai do Governo porque Durão Barroso lhe pede, o Governo cai». Para Marcelo, «o PP é Paulo Portas» e, por isso, para o País, «é mais importante que o Governo não caia, embora fique com um elemento diminuído». Para Marcelo, «o PP é Paulo Portas» e, por isso, para o País, «é mais importante que o Governo não caia, embora fique com um elemento diminuído». «Mas o dr. Durão Barroso tem de chamar o dr. Paulo Portas e o PP e pedir-lhes que ajudem, que não convoquem manifestações, porque não pode ser só o PSD a apelar à serenidade», argumentou. «Mas o dr. Durão Barroso tem de chamar o dr. Paulo Portas e o PP e pedir-lhes que ajudem, que não convoquem manifestações, porque não pode ser só o PSD a apelar à serenidade», argumentou. Rebelo de Sousa, que se demitiu da liderança do PSD após desentendimentos com o PP de Paulo Portas, que ditara o fim da estratégia de reedição da AD (Aliança Democrática), não poupou críticas à actuação do seu antigo aliado relativamente ao caso da Universidade Moderna. Rebelo de Sousa, que se demitiu da liderança do PSD após desentendimentos com o PP de Paulo Portas, que ditara o fim da estratégia de reedição da AD (Aliança Democrática), não poupou críticas à actuação do seu antigo aliado relativamente ao caso da Universidade Moderna. «Ele perdeu a cabeça», comentou Marcelo, referindo-se às declarações de Portas na residência oficial do ministro da Defesa, no Forte de S. Julião da Barra, sobre matérias relativas à sua situação fiscal de 1997 e 98, quando era gerente da empresa Amostra. «Ele perdeu a cabeça», comentou Marcelo, referindo-se às declarações de Portas na residência oficial do ministro da Defesa, no Forte de S. Julião da Barra, sobre matérias relativas à sua situação fiscal de 1997 e 98, quando era gerente da empresa Amostra. Embora considere que Portas não tinha obrigação de prestar esclarecimentos sobre o caso Moderna no Parlamento, devendo «fazê-lo à Sá Carneiro», com uma «declaração seca e clara» e com a bandeira nacional atrás, Marcelo criticou a estratégia seguida pelo ministro da Defesa nos últimos dias, com excepção para as explicações dadas na entrevista à TVI. Embora considere que Portas não tinha obrigação de prestar esclarecimentos sobre o caso Moderna no Parlamento, devendo «fazê-lo à Sá Carneiro», com uma «declaração seca e clara» e com a bandeira nacional atrás, Marcelo criticou a estratégia seguida pelo ministro da Defesa nos últimos dias, com excepção para as explicações dadas na entrevista à TVI. Na opinião de Marcelo, Portas «cometeu três erros» e foi «sempre a reboque dos acontecimentos». Na opinião de Marcelo, Portas «cometeu três erros» e foi «sempre a reboque dos acontecimentos». «Primeiro erro: ter envolvido o Presidente da República no caso», ao mostrar uma fotografia em que Jorge Sampaio cumprimenta o ex-reitor da Universidade Moderna, José Júlio Gonçalves. «Primeiro erro: ter envolvido o Presidente da República no caso», ao mostrar uma fotografia em que Jorge Sampaio cumprimenta o ex-reitor da Universidade Moderna, José Júlio Gonçalves. O segundo erro, segundo o professor, foi Paulo Portas ter falado de «lobbies» na área da defesa, quando o único contrato que rescindiu como ministro foi com uma empresa que deveria fornecer helicópteros para o Exército e que está a ser representada actualmente pelo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice. O segundo erro, segundo o professor, foi Paulo Portas ter falado de «lobbies» na área da defesa, quando o único contrato que rescindiu como ministro foi com uma empresa que deveria fornecer helicópteros para o Exército e que está a ser representada actualmente pelo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice. «Alguém está a ver o dr. Júdice a fazer esta campanha? Paulo Portas não pode atirar isso para o ar porque isso pode cair-lhe em cima», afirmou. «Alguém está a ver o dr. Júdice a fazer esta campanha? Paulo Portas não pode atirar isso para o ar porque isso pode cair-lhe em cima», afirmou. Na opinião de Marcelo, o terceiro erro foi Portas ter revelado que dirigiu, simultaneamente, em 1998, o CDS-PP e a empresa de sondagens «Amostra». Na opinião de Marcelo, o terceiro erro foi Portas ter revelado que dirigiu, simultaneamente, em 1998, o CDS-PP e a empresa de sondagens «Amostra». «Se há coisa que é imoral é ver um líder de um partido que é ao mesmo tempo gestor de uma empresa que faz sondagens que incluem esse mesmo partido», realçou. «Se há coisa que é imoral é ver um líder de um partido que é ao mesmo tempo gestor de uma empresa que faz sondagens que incluem esse mesmo partido», realçou. No comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda fortemente a intenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, de reabilitar o Parque Mayer, designadamente, com a instalação de um casino. No comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda fortemente a intenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, de reabilitar o Parque Mayer, designadamente, com a instalação de um casino. «É um escândalo. É evidentemente um ovo de Colombo transformar o país num casino, mas será essa a solução», sobretudo numa altura em que o país atravessa dificuldades financeiras e que é preciso dar sinais com vista à poupança das famílias?, questionou. E concluindo: «Espero que o dr. Durão Barroso tenha a sensatez de dizer ao dr. Santana Lopes 'tenho muita pena, mas não quero'». «É um escândalo. É evidentemente um ovo de Colombo transformar o país num casino, mas será essa a solução», sobretudo numa altura em que o país atravessa dificuldades financeiras e que é preciso dar sinais com vista à poupança das famílias?, questionou. E concluindo: «Espero que o dr. Durão Barroso tenha a sensatez de dizer ao dr. Santana Lopes 'tenho muita pena, mas não quero'». 11:06 23 Setembro 2002

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Comentários

1 a 20 de 137 Paulo Pedroso 16:12 27 Setembro 2002 Vamos já todos exigir as responsabilidades políticas a todos os senhores da esquerda portuguesa que, dutante anos e anos, foram MERAS TESTEMUNHAS em muitos julamentos. Os factos são antigos (e já foram julgados em tribunal) mas importa dar a conhecê-los à opinião pública e fazer já o julgamento na praça pública de senhores como Mário Soares, Almeida Santos, Ferro Rodrigues, António Costa, Francisco Louçã, Carlos Carvalhas e muitos outros.

Voltemos, como eles claramente querem, à Idade Média e passemos a fazer julgamento pela populaça e ao sabor das paixões da turba. Paulo Pedroso 16:08 27 Setembro 2002 Gostaria de deixar ao forum um pequeno problema para resolver: se um político fosse arguido num processo (como, por exemplo, o da Moderna), mas este fosse realizado apenas dentro dos tribunais, sem qualquer conhecimento por parte da opinião pública (imaginemos que a comunicação social não lhe dava relevância), e o referido político fosse ilibado.

Pergunto eu: será que se, passados dois ou três anos, a comunicação social viesse apresentar à opinião pública os dados do julgamento, o referido político teria de ser novamente julgado na praça pública?

Teria de responder politicamente por um assunto em que já tinha sido absolvido? Ainda por cima na instância competente, os tribunais? Quem é que teria coragem para se atirar a esse político? Ninguém. E porquê? Porque já tinha sido julgado e inocentado. A não ser que surgisses factos novos. E, no caso Portas, não é isso que sucede.

Ora, o que dizer então de um político que é apenas TESTEMUNHA? Não andará a esqerda completamente desorientada.

merces 13:29 27 Setembro 2002 Ao

Ao GUE de 25 Setembro às 15.05h

Engana-se o amigo Gue, que não sou jornalista, nem intolerante.

A esquerda, se exceptuarmos os mais extremistas, inspirados pelas revoluções de Mao ou Estaline, é por essência tolerante.

Não disse que as pessoas de direira fossem racistas, ou anti-democráticas.

O que disse e repito, é que Paulo Portas é racista, e é anti-democrático, já que exige aos outros aquilo que não pratica.

A direita não é o CDS ou Paulo Portas. Nem as centenas de pessoas que foram à manifestação do Caldas (que continuo a achar ser inspirada em rituais do temnpo do Estado Novo)representam toda a direita ou o cento da sociedade portuguesa.

Aliás, neste fórum há de tudo, mas o único companheiro que encontro absolutamente intolerante e obsecado é o nosso amigo Palitinho, sempre com os socialistas na ponta da lingua, ou dos dedos, e esse é claramente de direita, e com teorias de conspiração.

Somos todos portugueses, e penso é que a direita democrática e tolerante, que também existe, devia ter vergonha de um ministro e líder de um partido de 8% de votos se andar a comportar com tal arrogância.

E repito o que disse antes:

O problema para alguns direitistas foi que se tivesse descoberto esta vergonha, pela mão de jornalistas. Não que os factos existam, e isso é que se torna vergonhoso e triste, reflecte a mentalidade de certas pessoas conotadas com a direita.

Quase sem erros.

O Ardina 11:55 27 Setembro 2002 Cheques de Portas continuam por explicar

O semanário “O Independente” avança ainda que a justificação de Paulo Portas sobre os cheques de cinco mil contos recebidos da Dinensino não é exacta. O ministro de Estado e da Defesa afirmou que os cheques eram relativos ao pagamento de um projecto de um curso de Comunicação Social, executado por si e pela sua mãe, a jornalista Helena Sacadura Cabral. Afinal, avança o jornal, a quantia foi paga à empresa Condor, Comunicação, Publicidade e Imagem, Lda., que tinha como sócios Helena Sacadura Cabral, com 75 por cento do capital, e os filhos Paulo e Miguel Portas (cada um com 12,5 por cento. O semanário questiona ainda o facto de Paulo Portas afirmar ter participado na elaboração do projecto encomendado pela Dinensino, quando o advogado da empresa afirma que nem ele, nem o irmão Miguel, tiveram quaisquer actividades naquela empresa, “não tendo sequer assinado ou recebido um único cheque”.

PUBLICO.PT

O Ardina 11:47 26 Setembro 2002 Louve-se a Vida de Paulo Portas

Por LUÍS COSTA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

destaque: O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio

O meu cepticismo em relação ao universo espírita deixou de fazer sentido desde o passado domingo. Perante centenas de pessoas reunidas num largo de Lisboa, Luís Nobre Guedes, dirigente do CDS-PP, conseguiu estabelecer uma conversa com o falecido Adelino Amaro da Costa, que lhe disse, a ele e ao povo bem formado que acorreu ao comício, que não são imbecis, fizeram muito bem em resistir e, se necessário (como ele próprio terá feito, ao ser supostamente vítima de um atentado), em dar a vida pela causa que abraçou.

Eis a tese do atentado na sua máxima expressão: "Nós estamos aqui para louvar a vida de Adelino Amaro da Costa e não esquecer a sua morte", o que equivale a dizer, no contexto em que as declarações foram proferidas, "Nós estamos aqui para louvar a vida de Paulo Portas e não esquecer a sua morte, que infelizmente pode acontecer perante a sanha assassina dos tremendos 'lobbies' que montaram esta monstruosa campanha contra o corajoso ministro da Defesa". Depois de testada a opinião pública, dias antes, com a divulgação de informações que punham Paulo Portas a correr risco de vida, a "revelação mediúnica" era a cereja que faltava em cima deste bolo. E assim chegámos à brilhante ideia de uma "conversa imaginária" com o novo topónimo do Largo do Caldas.

Confesso que, à medida que se arrasta a polémica em torno das relações pouco recomendáveis entre Paulo Portas e o outrora faustoso mundo da Universidade Moderna, me afasto cada vez mais dos argumentos de natureza jurídica, política ou jornalística com os quais tem sido esgrimido o assunto. E, para evitar incómodos processos judiciais por eventual ofensa ao bom nome dos visados, sublinho desde já estar apenas a perfilhar a tese do mesmo Ministério Público que não acusou criminalmente o actual ministro da Defesa, quando concluiu, apesar de tudo, que "grande parte do orçamento da Amostra", empresa gerida por Portas, "foi delapidado com a realização de despesas que nada teriam a ver com o seu objecto".

O que mais me incomoda neste caso, desde há algumas semanas, é mesmo a vertente estética, a deriva de mau gosto. Vá lá que, do mal o menos, Paulo Portas prometeu o silêncio. Assim sempre seremos poupados ao evidente decréscimo de qualidade das suas tiradas (que tocaram no fundo com a já célebre trilogia da "pauta", da "malta" e "o que falta") e que nos fazem ter ainda mais saudades da escrita cuidada do jornalista ético-justiceiro, que defendia que, "em política, a presunção de inocência funciona de modo muito diferente do que sucede na vida jurídica". O mesmo Portas que se espantava, vejam bem, perante o paradoxo de se querer ter uma opinião pública, ao mesmo tempo que se lhe negava o interesse por processos políticos.

Costuma dizer-se que o ridículo mata. Por isso, sou levado a admitir que Paulo Portas corre mesmo risco de vida, essencialmente se desrespeitar os estritos limites do solene voto de silêncio ora formulado. Mas, ainda que venha a ser vítima de tão ridículo desfecho fatal, já tem assegurado que haverá sempre Luís Nobre Guedes, ou qualquer outro dirigente do CDS-PP, para servir de intermediário entre os vivos e a alma dos mortos que é, como todos sabem, a definição clássica das pessoas com poderes mediúnicos. No pior dos cenários, pode estar aqui a solução para evitar a queda do Governo, mesmo sem Portas no elenco ministerial.

E, já que estamos no universo da transcendência, despeço-me por hoje com uma apropriada frase de Adelino Amaro da Costa, que cito de uma citação feita domingo passado por Telmo Correia, com a vénia devida aos cânones da boa educação: "Que Deus nos ajude e guarde Portugal."

O Ardina 11:41 26 Setembro 2002 Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Que Nunca Lhe Passasse da Memória as Coisas Que Passasse

Por JOSÉ PACHECO PEREIRA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas

Numa das suas elegias, Camões fala da memória. O "Poeta Simonides", "um dia" disse ao "capitão Temistocles" que estava a trabalhar numa "arte singular"

"que lhe ensinasse

a se lembrar de tudo o que fazia;

onde tão sutis regras lhe mostrasse

que nunca lhe passasse da memória

em nenhum tempo as cousas que passasse..."

O pobre capitão não partilhava do entusiasmo do poeta em tal projecto. O que ele queria era esquecer-se, "porque havia / as passadas lembranças por tormento", e pedia ao seu amigo que lhe desse

"... üa arte que em meus dias

me não lembrasse nada do passado,

oh! quanto milhor obra me farias!"

O Simonides camoneano trabalhava em vão, porque no seu tempo não havia tal "engenho", nem para lembrar, nem para esquecer. Como se narra em toda a elegia, a propósito de Temistocles, não havia fuga da memória, nem guerra que a apagasse, nem mar que a afogasse. O valente capitão bem podia ter vivido todas as fortes sensações de "fero Marte", que, quanto mais ele queria esquecer-se, mais se lembrava. Ele bem se perguntava:

"de que serve às pessoas alembrar-se

do que se passou já, pois tudo passa,

senão de entristecer-se e magoar-se?"

Camões fala da memória no amor, na tristeza, nas desventuras e como a memória é, ao mesmo tempo, permanência indesejada e ruptura desejada do presente face ao passado. Mas se passasse do individual ao colectivo, nos dias de hoje, o "Poeta Simonides" já deteria a "arte singular" de fazer ou esquecer ou lembrar tudo. Amor, guerra, tudo. A "arte singular", capaz de conseguir esquecer tudo, faz-se pelo "downgrade" da memória para o espectáculo e o "upgrade" da "fama", para um ciclo sempre repetível de "quinze minutos", parecendo sempre novo aos olhos do povo, preso nos ecrãs televisivos. O resultado é efemerização da memória ao imediato, e os "media" são o instrumento que Simonides não detinha na longínqua Grécia mítica de Camões.

A memória é um elemento fundamental da vida pública. Sem memória não há democracia, sem memória não se aprende nada. Mas a memória, a memória colectiva, com a soma de experiência que vem do que é colectivo para as memórias individuais, está hoje em risco nas sociedades ocidentais mediatizadas. Vivendo num mundo banhado em enormes quantidades de informação, o nosso espírito segue a linha de espectáculo, numa espécie de lei do menor esforço da mente, alimentada pelo poderoso sentido da visão. Aí a memória é uma das primeiras vítimas do ascenso da demagogia, obliterando tudo o que não seja o mais imediato.

Como a ocasião faz o ladrão, com o ascenso do efémero mediático, um novo tipo de populismo emerge. Esse populismo tem todos os traços do passado, mas tem uma vantagem suplementar: existe e reforça-se através dos meios de comunicação de massas, em sociedades onde existe uma cultura de massas. Consegue assim o ideal de garantir as massas sem precisar de as mobilizar. Não precisa de marchas, nem de formaturas, nem fanfarras, nem do perigoso espectáculo das pessoas nas ruas - embora ainda ceda por inexperiência à tentação de o fazer, sempre com resultados muito mais imperfeitos do que se se ficasse apenas com os telespectadores. O seu discurso reduz-se apenas ao "sound byte", ao título de jornal, ao vocabulário dos programas desportivos e da "casa dos famosos". A continuidade deste populismo com os mundos adjacentes do futebol, dos "reality-shows", dos artigos doces sobre as peripécias das férias no Algarve e dos romances multicoloridos, faz com que subliminarmente tudo seja como uma "telenovela", do Jardel, ao Herman SIC, ao Big Brother dos "famosos", à "Caras" e à... política.

A produção do consenso já não precisa de sistema de valores, nem de tradição, nem de cultura, nem dessas coisas incómodas que a memória transporta. O poder desloca-se subtilmente dos intelectuais, que no passado eram fonte de legitimação, para um contínuo dos artistas de variedades, da telenovela, da vida nocturna e do "jet-set" e encontra aí os parceiros que lhe dão um crescente efeito mobilizador. É aí que se fabricam as maiorias políticas, que depois se encontram nas urnas.

O mundo político português ainda está em transição e velhos hábitos do "cursus honorum" da política ainda sobrevivem. Daí que seja preciso os políticos populistas ajudarem-se uns aos outros. Eles ainda precisam de impor definitivamente o seu estilo, varrerem quem se lhes opõe para depois mandarem sem limitações. Claro que as características do populismo não permitem a partilha do Top 1, e, a prazo, o choque entre os políticos populistas fará todas as "telenovelas" do presente parecerem histórias da carochinha, junto ao duelo gigantesco de Narciso "versus" Narciso que se travará!

Para este tipo de política, para que é que é precisa a memória? A memória é uma maçada e uma limitação, impede a liberdade dos gestos e das palavras, dizer hoje uma coisa e amanhã outra, insinuar sem provas, ameaçar, meter tudo no mesmo saco. Não é esse o discurso dominante do futebol televisivo, talvez o mais próximo nos nossos dias da política populista? Por isso o combate à memória e a favor do esquecimento é um instrumento básico do populismo.

Na mitologia clássica, uma das etapas da entrada no Inferno era a travessia do rio Letes, cujas águas nos faziam esquecer, nos davam um "longae somnum", deixando para trás a identidade. É por isso que se pode ouvir dizer, sem sentido do ridículo, que "em oitocentos anos de história nunca houve...", "nunca se viu em Portugal...", "não há memória de...". Pois é, não há memória, nem precisa de haver.

O Ardina 10:49 26 Setembro 2002 Cheque de 2.500 Contos para Obras na Sede do PP Ainda É Um Mistério

Por ISABEL BRAGA

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2002

Público

Julgamento da Moderna

Juiz questionou ex-revisor de contas da Moderna sobre o cheque justificado com a inscrição "PP-obras sede" e ficou claro que a despesa está mal esclarecida

O presidente da Dinensino, Rui Albuquerque, disse ontem ao tribunal que "os documentos justificativos" para a emissão de cheques para a Amostra - "eventualmente, 159 mil contos", segundo afirmou - eram elaborados "por indicação directa de José Braga Gonçalves", o principal arguido no processo. As suas explicações foram muito evasivas e não aclararam nada sobre as diferenças de 56 mil contos registadas, segundo a acusação, entre as contabilidades da Dinensino e da empresa gerida por Paulo Portas.

O juiz Ricardo Cardoso perguntou: "A Dinensino reclamou a importância entregue a José Braga Gonçalves?". E sublinhou: "Essa verba só está imputada à Amostra porque o Dr. José Braga Gonçalves o dizia." Logo a seguir, o mesmo magistrado, de forma muito discreta, levantou a questão mais polémica da tarde, ao referir "uma despesa de 2.500 contos", paga por um cheque que situou, sem mais explicações, no respectivo apenso processual. A tarefa de acompanhar este julgamento não é, realmente, fácil.

Mas, quem vai todos os dias a Monsanto, entendeu que o juiz se referia ao cheque encontrado numa busca às instalações do ex-revisor oficial de contas da universidade, Manuel Vaz. Este, chamado a depor, disse que o cheque tinha "uma indicação manuscrita": "PP-obras sede", que não estava datado, sendo sua "convicção" que datava de "Setembro de 1998" e fora incluído num documento de reconciliação bancária datado de Março de 1999, "elaborado à posteriori" por uma colaboradora da sua firma, Cláudia Pinto Rodrigues. O cheque foi apreendido em buscas da PJ às instalações da Dinensino no mesmo mês de Março de 1999, já escândalo em torno da Moderna rebentara.

Ao tribunal, Manuel Vaz explicou que não teve conhecimento dessa reconciliação bancária, que "PP-obras sede" é uma entidade abstrata, não uma entidade a quem se pudesse emitir um cheque nominativo, e que teria "censurado" um documento que "não estava elaborado de acordo com as normas técnicas". E disse mais, que a sua colaboradora "esteve duas vezes convocada para prestar declarações" na Polícia Judiciária sobre a matéria, "mas não prestou", nem ele próprio foi inquirido sobre o assunto.

Segundo uma fonte ligada ao processo contactada pelo PÚBLICO, Cláudia Pinto Rodrigues "foi convocada e desconvocada por duas vezes para ir à PJ". "Se lá tivesse ido, teria dito quem lhe deu indicação para escrever aquilo que escreveu no referido cheque, obviamente alguém dentro da Dinensino".

Rui Albuquerque também causou sensação ao admitir em tribunal que a Moderna pagou viagens a elementos da loja maçónica Grande Loja Regular de Portugal, e que ele próprio participara numa, com destino ao Chile, viagem essa que, na véspera, justificara como "uma compensação" pelo salário baixo que auferia.

Albuquerque referiu-se ainda às ligações do ex-inspector da PJ, Moita Flores, à Moderna, afirmando que fora ele que negociara, por conta da cooperativa, a "transformação" em publicidade do investimento de "50 mil contos" desta no grupo de comunicação social "Pró Diário". Classificou Moita Flores, que coordenou um curso de pós-graduação em ciência criminal na Moderna, como alguém "próximo da reitoria, uma pessoa da confiança de José Júlio Gonçalves e dos filhos".

A propósito disto, Ricardo Cardoso leu, no tribunal, escutas telefónicas da PJ, uma delas em que Albuquerque fala com José Braga Gonçalves de uma "visita do presidente do sindicato da PJ" e lhe explica que esta era "para fazer um protocolo connosco". Ao que o filho mais velho do reitor comenta: "Isso são coisas do Moita, o que é que eles querem?" E o presidente da Dinensino responde: "Descontos nas propinas."

Antes de ler as escutas, Ricardo Cardoso explicara: "É para ver que não são só os juizes que dão aulas." O Ardina 10:40 26 Setembro 2002 Carta aberta a Paulo Portas = 1 =

Carta aberta a Paulo Portas

Por Vicente Jorge Silva

Você conquistou n’“O Independente” uma tal aura de intocabilidade, de majestade, como supremo acusador do regime, que isso lhe forneceu a ilusão de estar protegido para sempre por um escudo mágico

Caro Paulo:

Confesso-lhe que comecei por hesitar se deveria dirigir-me a si enquanto ministro de Estado e da Defesa, líder do Partido Popular, ex-director de “O Independente” ou, mais simplesmente, na sua qualidade de cidadão e meu velho conhecido Paulo Portas. Preferi esta via mais directa e familiar por várias razões: precisamente porque não somos estranhos um ao outro, porque tivemos ocasião de conversar e discutir um razoável número de vezes, e porque julgo que, apesar do calor das nossas controvérsias, sempre soubemos manter uma relação de respeito e apreço um pelo outro (e digo isto, pelo menos no que me cabe, sem sombra de hipocrisia). É certo que nunca fomos amigos, pelo menos na acepção genuína que ambos atribuiremos à palavra, mas esse é um privilégio da convivência humana que deve ser extremamente difícil partilhar consigo. Em todo o caso, e conhecendo todo o imenso mundo que nos separava e nos separa – à excepção porventura de uma forte cumplicidade cinéfila e alguns afectos comuns nessa matéria –, não deixa de ser extraordinário como foi possível manter consigo uma relação que sobreviveu aos múltiplos episódios de crispação que se nos atravessaram no caminho e à ambivalência de sentimentos que você sempre despertou em mim.

Apropósito de ambivalência, “O Independente” que você criou com o nosso velho amigo Miguel Esteves Cardoso estava nos antípodas daquilo que eu entendia e entendo ser o jornalismo: não o instrumento de uma causa ou um combate político mas uma actividade com a sua ética própria e que se justifica a si mesma (é por isso que considero incompatível o exercício de funções jornalísticas com um papel político activo). Só que você tinha, inegavelmente, através desse seu lado ínvio de agitador e provocador político, que não olha a meios para atingir os fins, um sentido de criatividade jornalística que ultrapassava tantas vezes, de forma quase prodigiosa, as fronteiras ideológicas de um mero órgão aguerrido da direita portuguesa. Mas era uma direita que então se propunha – e, de algum modo, ainda que transitoriamente, conseguiu – casar um conservadorismo e um nacionalismo agressivos com uma sensibilidade irreverente, iconoclasta, de referências culturais e comportamentais exuberantemente modernas. Isso explica o sucesso e o fascínio que “O Independente” suscitou entre uma nova geração de leitores e o papel histórico que teve na renovação e arejamento de temas e estilos da imprensa portuguesa (embora, permita-se-me a precisão, no âmbito de um movimento iniciado pela Revista do “Expresso” e retomado, anos mais tarde, pelo “Público”).

Evidentemente, a marca do imediatismo político acabou por condicionar o papel de “O Independente” a uma conjuntura específica. Verdadeiro dono e senhor de “O Independente”, você elegeu o cavaquismo como alvo a abater. E através dos “escândalos” com que foi dinamitando os governos de Cavaco, você semeou o terreno a partir do qual se tornaria irresistível a sua ascensão directa do protagonismo jornalístico ao protagonismo político (quando o seu alter-ego Manuel Monteiro se revelou excedentário e prejudicial ao projecto de direita que você acalentava). “O Independente” confundira-se a tal ponto consigo e ficara a tal ponto refém da sua estratégia política pessoal que, a partir de certo momento, o veneno político destilado pelo jornal reduziu a uma expressão puramente decorativa e supérflua o que nele era mais estimulante e criativo. Como se sabe, “O Independente” dos primeiros tempos de glória e inovação jornalística não sobreviveu a si, caro Paulo, e foi mergulhando em sucessivas e penosas crises. Porque você ocupara nele todo o território disponível, todo o espaço vital, ninguém se atrevia a contestar-lhe o estatuto de príncipe perfeito, e quando você trocou o falso estatuto de espectador pelo de actor de primeiro plano na cena política deixara para trás um navio sem bússola e ameaçado pelo naufrágio.

O Ardina 10:39 26 Setembro 2002 Carta aberta a Paulo Portas = 2 =

Carta aberta a Paulo Portas

Por Vicente Jorge Silva

Se recordo longamente “O Independente” não é por nostalgia mórbida de um tempo jornalístico que passou (e que passou, infelizmente, não apenas para “O Independente” dos primeiros anos mas para outras sagas jornalísticas que, entretanto, viram desvanecer-se a sua alma primitiva). Recordo-o porque o agora chamado “caso Paulo Portas” começa verdadeiramente aí, nesse jornal inventado por si. Foi aí que você teve o seu baptismo de fogo do poder e foi aí que saboreou as primeiras experiências de embriaguez voluptuosa que o poder proporciona, à medida que ministros e outros notáveis do regime iam soçobrando sob a sua sanha justiceira. Você conquistou uma tal aura de intocabilidade, de impunidade, de majestade, em suma, como supremo acusador do regime, que isso lhe forneceu a ilusão, como acontece nas fábulas, de estar protegido para sempre por um escudo mágico (que o tornaria invulnerável a todos os riscos e a todas as ameaças). Não creio sinceramente que seja sobretudo por cinismo que você recusa a constatação óbvia de que não pode fugir hoje às mesmas responsabilidades que antes exigia aos outros ou ao pagamento das culpas que reclamava deles. Acredito que há em si uma espécie de insustentável ligeireza (ou leviandade) do ser e que é nesse espaço que você vem pairando desde os tempos de “O Independente”. É por isso que é incapaz de ver que aquilo com que hoje se confronta não é mais do que a réplica, o efeito de “boomerang”, dos feitiços que você engendrou. Você é a prova provada de que o feitiço se volta sempre contra o feiticeiro.

Éóbvio que muitos dos que o acusam e gostariam de vê-lo morder o pó são inspirados por sentimentos mesquinhos, desprezíveis, de vingança e retaliação. Mas, caro Paulo, você já tem idade para saber que essa é uma das pulsões mais antigas que habitam as profundezas da alma humana. Como já tem idade para saber que não bastam ridículas teorias de conspiração e patéticas manifestações de desagravo para limpar a atmosfera das nuvens da suspeita que você foi deixando avolumar-se à sua volta porque se considerava (e persiste, aliás, em considerar, o que me parece bem pior) protegido pelo seu escudo mágico, pelo seu estatuto de demiurgo sem o qual não existiria o PP (o que é rigorosamente verdadeiro) e sem o qual acabará por finar-se a actual coligação que nos governa (o que é mais provável do que muitos admitem). A propósito, e entre parêntesis, quero dizer-lhe que aquilo que você conseguiu fazer com o PP – um partido que é uma pura criação do seu voluntarismo – e a sua aposta triunfante numa coligação governativa de direita – em que pouca gente, além de si, verdadeiramente apostava – relevam do domínio dos prodígios políticos e são dignos de admiração. Confesso-o, caro Paulo, sem nenhuma espécie de reserva mental e independentemente do mundo de diferenças políticas que nos separam.

Mas, precisamente, você é um mago político solitário, deslumbrado por si mesmo e que julgava poder passar incólume, com o seu escudo e a sua varinha de condão, através das misérias da vida política, das amizades equívocas e das ligações perigosas que sustentam tantas vezes o funcionamento das máquinas partidárias ou as mordomias dos seus líderes (como é o caso das conexões que manteve com a família Braga Gonçalves e a Universidade Moderna). Ora, caro Paulo, numa democracia não há cidadãos acima de qualquer suspeita, tal como proclamava nos seus tempos de “O Independente”. Você deveria ter sido o primeiro a lembrar-se disso, a assumir as suas responsabilidades de homem de Estado e a tomar a iniciativa de depor perante a instituição que é o coração da legitimidade do poder democrático: o Parlamento. Não o fez – e não o fez invocando o privilégio régio do silêncio, como se também aí, tocado pela sua varinha mágica, o silêncio valesse ouro. Infelizmente para si, caro cidadão Portas, já não vale.

O Ardina 10:17 26 Setembro 2002 Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Santana e Durão elogiaram coesão da coligação com o PP

Histórico do PSD crítica incoerência de Paulo Portas

Por PUBLICO.PT

Apesar dos elogios à coligação PSD/CDS-PP por parte de Durão Barroso e Santana Lopes, no rescaldo da reunião do conselho nacional social-democrata de ontem, um dos históricos do partido, Miguel Veiga, abalou o novo e frágil consenso e criticou a “flagrante incoerência” da conduta de Paulo Portas entre a sua passagem pelo jornalismo e a sua conduta política.

À saída da reunião de ontem, em que o vice-presidente do PSD, Santana Lopes, elogiou a coesão e sobrevivência da coligação governamental, Miguel Veiga não conseguiu evitar a crise trazida pelo caso Moderna e denunciou a “flagrante incoerência entre aquilo que escreveu e o comportamento que teve. É uma conclusão lógica, silogística e inquestionável a qualquer leitura”, postulou, referindo-se à prática moralizadora e de denúncia que Paulo Portas encetou e defendeu quando à frente do semanário ”O Independente” e que levou à queda de alguns membros dos governos de Cavaco Silva.

Falando aos jornalistas após o encontro social-democrata, o histórico juntou-se assim a vozes críticas que emanam do interior do PSD contra Paulo Portas, como a do eurodeputado Pacheco Pereira, do ex-ministro Duarte Lima e do também histórico Marcelo Rebelo de Sousa. O dirigente social-democrata não quis, ainda assim, chegar tão longe como os seus antecessores e recusou comentar uma possível demissão do ministro de Estado e da Defesa.

“Respeito-o suficientemente para não lhe dar normas de valores, mas na apreciação dos factos e do que entendo ser um código de responsabilidade política, o melhor julgador de Paulo Portas é o que ele escreveu durante muitas e muitas páginas”, explicou.

Apesar de uma noite longa de análise, os sociais-democratas falaram sem nunca referir o caso Moderna ou o nome do polémico ministro da Defesa e ex-jornalista. As polémicas foram passadas para a oposição, fortemente criticada pela prática de "terrorismo parlamentar nunca vista desde o 25 de Abril", numa referência à insistência do PS em esclarecer o envolvimento de Portas no caso Moderna.

Avestruz 23:19 25 Setembro 2002 Tudo em família!

Por uma vez o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa tem razão: quem viu a manifestação do Caldas não põde deixar de vir de imediato à memória a manifestações de desagravo que se faziam ao seu padrinho quando lá fora se punha em causa a política colonial portuguesa. O Ardina 17:48 25 Setembro 2002 A honra perdida

José Saraiva

Tinha-me convencido de que não voltaria a este assunto - o das ligações perigosas do dr. Paulo Portas ao "caso Moderna". Escrevi aqui, em 9 de Setembro, um texto intitulado "Mãos sujas", no qual dava conta das perplexidades desencadeadas por notícias acerca do processo que está em fase de julgamento. Disse, então – e repito agora –, que nada de pessoal me movia. Tenho elevada consideração e estima pessoal pelo dr. Paulo Portas, testemunhada já e que sei, também, ser recíproca. Devo, aliás, dizer aos leitores que o ministro da Defesa teve a gentileza de me contactar, e por escrito, me revelar o seu estado de alma. Acrescento o que esse gesto, corajoso!, revela na apreciação que faço do dr. Paulo Portas. Movo-me por valores de que não abdico, oriento a minha vida por princípios que não distorço. Talvez porque o dr. Paulo Portas saiba isso mesmo teve a atenção de me retorquir... e de protestar a sua inocência.

Só que a "fogueira" crepita em lume brando e o que vier a suceder... ocorrerá. Estou certo de que o percurso até ao Calvário será muito penoso. Ninguém, neste momento, pode vaticinar o desfecho de um imbróglio que tem trazido à tona da água velhos ressentimentos e alguns ódios. Alguns pretendem ajustar contas do passado com Paulo Portas. Outros remetem-se simplesmente ao silêncio.

Porém, no meio das labaredas surgiram opiniões verdadeiramente alarmantes: antes de todos, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, em declarações a "O Diabo" lançou algumas achas para o fogo, apontando a eventualidade de neste incêndio político outras pessoas poderem vir a ser queimadas... O sr. dr. António Pires de Lima não é um qualquer personagem de "Ópera-bufa". É, sim!, pelo contrário, um cidadão com altas responsabilidades na vida portuguesa. Se sabe o que diz – e, logicamente, sabe! – tem o dever de comunicar a quem de direito. Neste caso, as insinuações (?) são demasiado graves para passarem à margem de quem tem o dever de tornar transparente a vida portuguesa. Não compreendo que quem tem o dever de investigação não dê sinais de preocupação. Provavelmente estarei enganado.

Numa outra perspectiva, o sr. dr. Luís Nobre Guedes afirmou, publicamente, que seria a acção do ministro da Defesa, enquanto tal, que teria feito desencadear toda esta tempestade. No Forte de S. Julião, o ministro da Defesa estaria a desempenhar uma acção que contraria objectivamente os lóbis da indústria militar. Toda a gente sabe que as Forças Armadas precisam de se reequipar. São negócios de milhões, de muitos milhões, que estão sobre a mesa e é natural que à volta deles se movam os mais variados interesses. Qualquer decisão – helicópteros, aviões de transporte, submarinos, etc. – constitui pesadíssimas facturas... e todo o cuidado é pouco. Sabe-se que lá fora (em outros países-membros da OTAN) se têm sucedido escândalos tão graves que, até, já fizeram cair um secretário-geral da OTAN...

Ora, se o sr. dr. Luís Nobre Guedes, braço-direito do líder do PP, disse o que disse é porque tem informação clara. Tem, por isso, o dever de o revelar (no mínimo, à Comissão de Defesa). Todos ficamos à espera. Oxalá não se furtem com afirmações sinuosas.

Finalmente: o que pensam as Forças Armadas? Qual o sentimento que atravessa os generais e almirantes, sempre tão pressurosos, como "corpo do Estado", em defender a honra desses baluartes? Todos se recordam, certamente, de nos primeiros meses deste ano se multiplicarem alguns generais e almirantes em proclamações sobre o "estado das Forças Armadas". Que se mantêm, e até por mais algum tempo, já que o Governo suspendeu a Lei de Programação Militar (que o dr. Paulo Portas tinha aprovado...) e adiou a aquisição do indispensável e tão reclamado material. A que se deve o silêncio? Qual é o preço?

Ninguém pense que após o desagravo do "povo do CDS", no último domingo, tudo acabou. Pensar assim é pura ilusão. Não será verdade que uns e outros – se tudo ficar sob a neblina de suspeição ou de silêncio – perdem a honra?

carvalho Negro 17:29 25 Setembro 2002 Cuidado com a MOderna

"O médico legista Pinto da Costa nega ter alguma vez beneficiado de viagens pagas pela Universidade Moderna, e disse ter deixado hoje mesmo a colaboração com a universidade, que era gratuita.

«Até hoje colaborei graciosamente com a universidade, mas foi hoje o último dia pois não quero ver o meu nome enxovalhado e misturado com gente duvidosa», disse o Prof. Pinto da Costa à Agência Lusa.

«Estou muito chocado. Desde que existe Medicina Legal no curso de Direito da universidade Moderna no Porto que colaboro, gratuitamente. Nunca recebi um tostão, nem beneficiei de qualquer viagem, para Congressos ou outro fim, paga pela universidade», acrescentou o médico do Instituto Nacional de Medicina Legal do Porto.

Pinto da Costa lecciona a Medicina Legal no curso de Direito na Moderna do Porto desde a criação do curso, em 1989/90, e desde então já formou cerca de 1.500 alunos em Medicina Legal, «de graça».

«Hoje foi o último dia. Acabou», disse o Professor, salientando que essa colaboração foi sempre gratuita «pela satisfação de ensinar Medicina Legal em Direito».

E Pinto da Costa recorda: «Viagens? Uma vez pedi à Universidade um subsídio para ir a um congresso à África do Sul, mas nem sequer me responderam».

Na sessão de hoje do julgamento do caso Moderna, o presidente da cooperativa Dinensino, Rui Albuquerque, reconheceu haver alguns casos, de magistrados e médicos, entre outros que davam aulas naquela universidade, que beneficiaram de viagens a Congressos, pagas pela universidade Moderna, citando entre outros o médico legista Pinto da Costa.

«É totalmente falso. E vou exigir a apresentação de provas», disse Pinto da Costa à Agência Lusa. "

O Ardina 12:40 25 Setembro 2002 "Paulo Portas já não é líder ou guia de coisa alguma: está mantido a prazo, por conveniência de serviço, na contagem decrescente, até ao dia em que vão livrar-se dele. "

Oscar Mascarenhas

Diário de Notícias

Também junto a minha voz aos que consideram que já chega de discutir Paulo Portas, se fica ou se sai. Assunto arrumado. Desde domingo. Por pudor da cidadania. Ou, no mínimo, por caridade. Custa ver Paulo Portas espadanar tanto no charco que ele próprio escavou, encheu e revolveu.

De tanto frequentar as feiras, por lá aprendeu e fez-se mestre nos truques e ardis de fugir ao fiscal. Lança chistes e remoques em todos os sentidos, a todos quer juntar na bagunça em que escape de fininho. Perdeu, em suma, a vergonha. E a quem perde a vergonha, não se pede que a tenha para sair ou deixar-se estar. Não se lhe liga.

O espectáculo de domingo e os preparativos psicológicos para a sua mobilização foram um cozinhado bem à portuguesa: com todos! À farta! Um pouco de Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, quando os fiéis do futuro rei saíram à rua clamando que «matavam o Mestre!». Uma pitada da Estratégia da Aranha, de Bernardo Bertolucci, prenunciando atentados que, no tragicómico caso presente, é coisa para, durando até ao Carnaval, levar para o calabouço o primeiro que rebente um estalinho nas imediações do Forte de São Julião da Barra. Uma boa dose de bolor de tempos de antanho e das suas manifestações «espontâneas» de desagravo ao Chefe com um caldinho de Juramento da Brigada do Reumático. E ainda um razoável q.b. de uma versão pós-moderna de um Capuchinho Azul ameaçado pelos lóbis maus...

... Tudo isto servido no mais espaventoso aparato de burlesco, onde só faltou que a TVI, em gratidão pelo exclusivo da memorável entrevista das fotografias, concedesse uma licença precária à Admiradora Número Um, temporariamente em missão na Casa Famosa.

José Luís Arnaut foi bem escolhido para representar o primeiro-ministro. Estando, como se ouve dizer, todo o Governo a trabalhar, ora a fazer decretos para a frente, ora a corrigi-los para trás, só podia dispensar um ministro que, tirando os futebóis, não se sabe o que faz – e nos futebóis pouco faz, e ainda bem. Lá foi ele, um pouco destreinado destas coisas, levar a «solaridade» (sic) ao colega, como se alguém tivesse pedido que o pusessem – à sombra!

Um momento roçou a obscenidade: foi quando Paulo Portas, forçando desesperadamente os sacos lacrimais, quis mostrar-se condoído com os supostos ataques à «sua» ministra da Justiça. A farsa resultou deprimente.

A caricatura ficou completa com a escolha do lugar para a representação: um beco com duas saídas, uma para a lacrimosa Madalena, a outra para o Poço – do Borratém.

Enfim, Paulo Portas teve ali a sua Alameda, a sua Fonte Luminosa, à dimensão do político e estadista em que se transformou por culpa e vaidade próprias.

«Não tenham medo, que eu não tenho medo deles!», fanfarronou, estentóreo, chegando-se à frente no palco cheio. Alguma alma de boa vontade deveria dizer-lhe que olhasse para trás. Dali é que lhe vem o perigo. Paulo Portas já não é líder ou guia de coisa alguma: está mantido a prazo, por conveniência de serviço, na contagem decrescente, até ao dia em que vão livrar-se dele. Não há-de ser a oposição a apeá-lo: será defenestrado pelos seus.

E há-de, então, lamentar-se de não ter saído pelo seu pé ou empurrado pela esquerda. É que a direita, como todos sabem, é muito menos caridosa quando corre algum dos seus a pontapé. Espezinha a seguir, até esborrachar.

O Ardina 10:28 25 Setembro 2002 José Braga Gonçalves foi visto no Congresso do CDS-PP em Braga acompanhado por José João Zoio

Rui Albuquerque lembra presença de principal arguido no caso Moderna em 1998

José Braga Gonçalves foi visto no Congresso do CDS-PP em Braga

Por Lusa

Rui Albuquerque, actual presidente da cooperativa Dinensino, disse hoje na sessão de julgamento do caso Moderna ter visto o principal arguido do processo, José Braga Gonçalves, no Congresso do CDS-PP de Braga, em 1998.

Rui Albuquerque, que respondia a uma questão levantada pelo juiz Ricardo Cardoso, afirmou ter estado "dez minutos" com Braga Gonçalves que se fazia acompanhar pelo ex-cavaleiro tauromáquico José João Zoio, na altura relações públicas da Moderna, mas "não saber a que título é que ele [arguido] lá se encontrava".

O também assistente no caso Moderna foi questionado em seguida quanto a duas facturas que a empresa de segurança "Charon" cobrou à universidade por serviços prestados no Congresso do CDS-PP em Braga, uma delas tendo como referência Paulo Portas, líder democrata-cristão e actual ministro da Defesa.

Rui Albuquerque alegou nada saber sobre as facturas, apreendidas numa busca da Polícia Judiciária na sede da "Charon" e que terão sido pagas no âmbito das despesas correntes da Dinensino, mas admitiu que a universidade suportou essas mesmas despesas.

Durante o seu testemunho, o presidente da Dinensino avançou que três elementos da "Charon" que prestavam serviço no pólo do Porto e outros doze em Lisboa acabaram por ser integrados nos quadros da universidade, ao que sabe por decisão de José Braga Gonçalves, com a concordância da direcção.

O depoimento de Rui Albuquerque tornou-se também complicado para o jornalista e arguido Pedro Garcia Rosado, acusado de corrupção passiva, pois lembrou que José Braga Gonçalves ter-lhe-á dito que o ex- assessor de imprensa do ministro da Educação Marçal Grilo era um "avençado" da Moderna desde os tempos do gestor Vieira Machado.

O presidente da Dinensino reconheceu ainda que alguns magistrados que davam aulas na Moderna, impossibilitados de auferir salário ou vencimento pelo estatuto dos magistrados, tinham viagens pagas a congressos, em representação da Moderna.

Assegurou desconhecer quem ordenou ou proporcionou tais viagens aos magistrados, dizendo saber, a título de exemplo, que dois conjuntos de despesas foram pagas ao juiz conselheiro Sousa Brito, do Tribunal Constitucional, situação que já foi, segundo comunicada ao TC.

Ficou ainda a acusação de que o médico legista Pinto da Costa, do Instituto Nacional de Medicina Legal do Porto, à data professor no pólo do Porto, também beneficiou de viagens a congressos pagas pela universidade, havendo outros casos.

Pinto da Costa já negou a acusação. "Até hoje colaborei graciosamente com a universidade, mas foi hoje o último dia pois não quero ver o meu nome enxovalhado e misturado com gente duvidosa", afirmou o médico legista.

"Nunca recebi um tostão, nem beneficiei de qualquer viagem, para congressos ou outro fim, paga pela universidade", garantiu o professor da Moderna.

Pinto da Costa lecciona a Medicina Legal no curso de Direito na Moderna do Porto desde a criação do curso, em 1989/90.

O julgamento do caso Moderna, que conta com 13 arguidos acusados de crimes que vão desde associação criminosa a gestão danosa, passando por apropriação ilícita, burla, falsificação de documentos e corrupção, prossegue quinta-feira.

boaparte 04:04 25 Setembro 2002 Uma MOSCANOCUDOGREGO

No cú não deve ser no cérebro. da galinha mais que choca do cu do grego só sai ranho peninsular boaparte 04:01 25 Setembro 2002 moscardogrego 10:06 24 Setembro 2002 Comose pode ser tão básico e mercenário. Porra que você até parece pago. Mesmo que o fosse exigir-se-ia mais inteligência, ou se preferir muito menos burrice a defender coisa nem causa nenhuma. Bibó Portas e o Benfica e a Quinta da Farfalheira.

Não tenha um pensamento tão livre que ainda lhe cai o cérebro.

E nop cuzinho, pelos vistos gosta , né?

Paulo Pedroso 16:06 24 Setembro 2002 Minha cara merces 14:35 24 Setembro 2002,

Deixe-me dizer-lhe algumas coisas. Tenho 35 anos, tenho formação superior na área das ciências sociais e adoro política (enquanto debate de ideias, troca de argumentos, discussão). Mas, apesar de tudo, nunca me envolvi na política, nunca fui a manifestações, nunca fui um militante político, nunca necessitei de me envolver com forças políticas, nunca precisei do jogo político para nada.

Digo-lhe tudo isto a si, e ao forum, para que saiba que eu, pela primeira vez na minha vida fui a uma manifestação. E saiba que fui lá com todas as minhas convicções, liberdades, direitos e, também, deveres (porque, para mim, foi um dever).

Acredito que, para si, Paulo Portas não lhe diga nada. Tem esse direito. Estamos numa democracia. E AINDA BEM! O que a senhora não tem é o direito é de me insultar insinuando que eu fui arregimentado. Fui lá com TODA A LIBERDADE, E POR INICIATIVA PRÓPRIA.

E deixe-me dizer-lhe mais: sou da Covilhã e resido no Porto. Fui, de propósito a Lisboa porque quis, sem que ninguém me tivesse pedido e, repare bem, para participar pela primeira vez numa manifestação. Repare que, quer na Covilhã, quer no Porto, já tive muitas oportunidades de dar o meu apoio a Paulo Poras. Já podia ter ido aos jantares de apoio, aos comícios das eleições, às reuniões partidárias, etc, etc...

O que você e muitos não compreendem e, desculpe que lhe diga, parece que não querem compreender, é a razão porque eu, e tantos outros que nunca sentiram a necessidade de se afirmarem politicamente de forma pública, tiveram, desta vez, a necessidade de se manisfestar.

Eu posso dar-lhe uma pista: a indignação é força suficiente para mover muitas vontades.

Mas, será que isso lhe diz alguma coisa? merces 14:35 24 Setembro 2002 Manifestação de Desagravo a favor da Nação Portuguesa e dos portugueses trabalhadores, os que não têm tempo de andar em manifestações.

Manifestação de repúdio pela agressão comunista e a favor da política sensata e sábia do do Prof. Dr. Oliveira...perdão Paulo Portas que ali juntou o verdadeiro Portugal:

Dos reformados, retornados, legionários e antigos combatentes, pensionistas, peixeiras e outros artistas, de empresários de sucesso, e de falidos, de monárquicos e fadistas, de sudosistas e alguns tachistas, de benfiquistas, todo o povo apoiou o Prof. Dr. Oliveira Salazar, ou seria o Paulo Portas?

Mas todo o povo???

Não seriam apenas uns pensionistas trazidos de excursão a Lisboa, mais uns reformados, umas peixeiras, e dois conhecidos benfiquistas no palanque? Mais rádios, televisões e jornalistas? merces 14:16 24 Setembro 2002 Mainifestação de Desagravo a favor da Nação Portuguesa e dos portugueses trabalhadores, os que não têm tempo de andar em manifestações.

Manifestação de repúdio pela agressão comunista e a favor da política sensata e sábia do do Prof. Dr. Oliveira...perdão Paulo Portas que ali juntou o verdadeiro Portugal:

Dos reformados, retornados, legionários e antigos combatentes, pensionistas, peixeiras e outros artistas, de empresários de sucesso, e de falidos, de monárquicos e fadistas, de sudosistas e alguns tachistas, de benfiquistas, todo o povo apoiou o Prof. Dr. Oliveira Salazar, ou seria o Paulo Portas?

Mas todo o povo???

Não seriam apenas uns pensionistas trazidos de excursão a Lisboa, mais uns reformados, umas peixeiras, e dois conhecidos benfiquistas no palanque? Mais rádios, televisões e jornalistas? seguintes >

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