Governo bate recordes negativos

15-12-2004
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Governo Bate Recordes Negativos

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 Um Governo em queda livre. Parece ser essa a percepção dos portugueses em relação à equipa de Santana Lopes, depois de analisadas as percentagens da última sondagem realizada pela Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena Um. Os maus resultados incluem mesmo alguns recordes negativos, com valores nunca antes atingidos em algumas das questões do barómetro. Nessa categoria está a pergunta relativa à própria actuação do Governo. 55 por cento dos inquiridos nesta sondagem consideraram a actuação "má" ou "muito má". Em Janeiro de 2004, quando ainda era Durão Barroso o primeiro-ministro, esse total já chegava aos 49 por cento, mas desta vez Santana Lopes quebra um recorde que pertencia a António Guterres desde Julho de 2001. Nesse mês, a queda da ponte de Entre-os-Rios e a aprovação do segundo Orçamento do Estado "limiano", a taxa de desaprovação chegou aos 52 por cento. A estes números há que juntar as percentagens obtidas à pergunta sobre as expectativas. Precisamente metade dos entrevistados consideraram que a actuação do Governo tem sido "pior do que esperava". Não deixa de ser sintomático que até mesmo entre os simpatizantes do PSD e CDS exista quem assim pense. 36 por cento desta sub-categoria responderam dessa forma. Metade dos simpatizantes dos partidos da coligação já estava à espera desta prestação, enquanto que apenas nove por cento acha que Santana está a fazer "melhor do que esperava". Na totalidade da amostra, só para seis por cento Santana Lopes foi uma surpresa positiva. Esta avaliação parece concorrer para outra que transparece desta sondagem. A maioria (52 por cento) considera agora, "olhando para trás", que o Presidente fez mal "em nomear Santana Lopes como primeiro-ministro". O pior ministro de há muito A avaliação dos membros do Governo assinala outro recorde da equipa de Santana Lopes. Rui Gomes da Silva passa a ser o ministro com a nota mais baixa do barómetro desde que o Governo é avaliado nestes termos. O mais próximo dos seus 5,9 valores foram os 6,0 valores do ministro do Ambiente de Durão Barroso, Amílcar Theias, no ano passado. Importa assinalar que o momento da sondagem (ver ficha técnica na edição de sábado) sucedeu em poucos dias à polémica do caso Marcelo, onde este governante foi protagonista. A acompanhar Gomes da Silva está o ministro que espoletou a última crise, Henrique Chaves, Henrique Chaves, e o responsável pela pasta do Turismo, Telmo Correia. Ambos não conseguem chegar aos sete valores. A baixa avaliação do Executivo não se esgota aí. A média de toda a equipa governativa é baixa (7,6 valores) com os melhores classificados a não conseguirem sequer chegar aos nove valores, que Bagão Félix tinha ultrapassado enquanto ministro da Segurança Social de Durão Barroso. Curiosamente, é o seu sucessor no cargo quem regista a nota mais elevada. Fernando Negrão comanda isolado o pelotão governativo com 8,6 valores. O ministro da Justiça, Aguiar Branco, o ministro das Cidades, José Luís Arnaut, e o ministro das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, são os que o seguem mais de perto. Bagão Félix, agora ministro das Finanças, encerra a lista dos governantes que conseguem ficar nos oito valores. As respostas às questões colocadas parecem indicar, igualmente, que não está a passar a mensagem de esperança de Santana Lopes. Tal como no principio do ano, mais de 70 por cento dos inquiridos acham que a situação política está "má" ou "muito má". A acrescentar a esse dado, há a ter em conta a evolução entre os que pensam que a "oposição faria melhor que o actual Governo, se estivesse a governar". 33 por cento concordam agora com essa afirmação, quando em Janeiro deste ano não ultrapassavam os 25 por cento. Uma parte significativa (43 por cento) continua, no entanto, a pensar que ninguém faria melhor. Isso pode explicar a percentagem de respostas à pergunta sobre quanto tempo vai "durar" o Governo. 49 por cento acha que o Executivo vai "durar até ao final do mandato". Ou seja, quase metade não acredita que Jorge Sampaio dissolva o Parlamento e convoque eleições antecipadas. A sondagem da Universidade Católica foi levada a cabo no fim-de-semana imediatamente após sete dias particulamente adversos para o Executivo. A inventariação das notícias dessa semana é uma sucessão de contratempos para Santana Lopes. No fim-de-semana anterior, o presidente do PSD vira a sua liderança paridária legitimada num congresso social-democrata onde, apesar disso, se ouviram críticas internas ao Governo e à coligação com o CDS. Na segunda-feira, o Governo teve de lidar com a demissão do director de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, por alegada ingerência da administração na escolha de um correspondente para Madrid. Um dia depois do Conselho de Ministros no navio-escola Sagres, eram conhecidas as conclusões da Alta Autoridade para a Comunicação Social sobre o caso Marcelo, com as críticas aos ministros Gomes da Silva e Morais Sarmento. Isto no mesmo dia em que Santana Lopes começara a defender, no Parlamento, o Orçamento do Estado que classificara como de "esperança". O veto presidencial à central de comunicações com que Santana Lopes sonhava terminou a semana de más notícias para a coligação. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Governo suspenso

Primeiro-ministro mantém visita à Turquia

Jorge Sampaio e Paulo Portas não comentam crise governamental

Mário Soares diz que é preciso "fazer qualquer coisa"

Cravinho e Alegre sugerem eleições antecipadas

Um ex-ministro que prefere a caça à política

Governo bate recordes negativos

Governo Bate Recordes Negativos

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 30 de Novembro de 2004 Um Governo em queda livre. Parece ser essa a percepção dos portugueses em relação à equipa de Santana Lopes, depois de analisadas as percentagens da última sondagem realizada pela Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena Um. Os maus resultados incluem mesmo alguns recordes negativos, com valores nunca antes atingidos em algumas das questões do barómetro. Nessa categoria está a pergunta relativa à própria actuação do Governo. 55 por cento dos inquiridos nesta sondagem consideraram a actuação "má" ou "muito má". Em Janeiro de 2004, quando ainda era Durão Barroso o primeiro-ministro, esse total já chegava aos 49 por cento, mas desta vez Santana Lopes quebra um recorde que pertencia a António Guterres desde Julho de 2001. Nesse mês, a queda da ponte de Entre-os-Rios e a aprovação do segundo Orçamento do Estado "limiano", a taxa de desaprovação chegou aos 52 por cento. A estes números há que juntar as percentagens obtidas à pergunta sobre as expectativas. Precisamente metade dos entrevistados consideraram que a actuação do Governo tem sido "pior do que esperava". Não deixa de ser sintomático que até mesmo entre os simpatizantes do PSD e CDS exista quem assim pense. 36 por cento desta sub-categoria responderam dessa forma. Metade dos simpatizantes dos partidos da coligação já estava à espera desta prestação, enquanto que apenas nove por cento acha que Santana está a fazer "melhor do que esperava". Na totalidade da amostra, só para seis por cento Santana Lopes foi uma surpresa positiva. Esta avaliação parece concorrer para outra que transparece desta sondagem. A maioria (52 por cento) considera agora, "olhando para trás", que o Presidente fez mal "em nomear Santana Lopes como primeiro-ministro". O pior ministro de há muito A avaliação dos membros do Governo assinala outro recorde da equipa de Santana Lopes. Rui Gomes da Silva passa a ser o ministro com a nota mais baixa do barómetro desde que o Governo é avaliado nestes termos. O mais próximo dos seus 5,9 valores foram os 6,0 valores do ministro do Ambiente de Durão Barroso, Amílcar Theias, no ano passado. Importa assinalar que o momento da sondagem (ver ficha técnica na edição de sábado) sucedeu em poucos dias à polémica do caso Marcelo, onde este governante foi protagonista. A acompanhar Gomes da Silva está o ministro que espoletou a última crise, Henrique Chaves, Henrique Chaves, e o responsável pela pasta do Turismo, Telmo Correia. Ambos não conseguem chegar aos sete valores. A baixa avaliação do Executivo não se esgota aí. A média de toda a equipa governativa é baixa (7,6 valores) com os melhores classificados a não conseguirem sequer chegar aos nove valores, que Bagão Félix tinha ultrapassado enquanto ministro da Segurança Social de Durão Barroso. Curiosamente, é o seu sucessor no cargo quem regista a nota mais elevada. Fernando Negrão comanda isolado o pelotão governativo com 8,6 valores. O ministro da Justiça, Aguiar Branco, o ministro das Cidades, José Luís Arnaut, e o ministro das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, são os que o seguem mais de perto. Bagão Félix, agora ministro das Finanças, encerra a lista dos governantes que conseguem ficar nos oito valores. As respostas às questões colocadas parecem indicar, igualmente, que não está a passar a mensagem de esperança de Santana Lopes. Tal como no principio do ano, mais de 70 por cento dos inquiridos acham que a situação política está "má" ou "muito má". A acrescentar a esse dado, há a ter em conta a evolução entre os que pensam que a "oposição faria melhor que o actual Governo, se estivesse a governar". 33 por cento concordam agora com essa afirmação, quando em Janeiro deste ano não ultrapassavam os 25 por cento. Uma parte significativa (43 por cento) continua, no entanto, a pensar que ninguém faria melhor. Isso pode explicar a percentagem de respostas à pergunta sobre quanto tempo vai "durar" o Governo. 49 por cento acha que o Executivo vai "durar até ao final do mandato". Ou seja, quase metade não acredita que Jorge Sampaio dissolva o Parlamento e convoque eleições antecipadas. A sondagem da Universidade Católica foi levada a cabo no fim-de-semana imediatamente após sete dias particulamente adversos para o Executivo. A inventariação das notícias dessa semana é uma sucessão de contratempos para Santana Lopes. No fim-de-semana anterior, o presidente do PSD vira a sua liderança paridária legitimada num congresso social-democrata onde, apesar disso, se ouviram críticas internas ao Governo e à coligação com o CDS. Na segunda-feira, o Governo teve de lidar com a demissão do director de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, por alegada ingerência da administração na escolha de um correspondente para Madrid. Um dia depois do Conselho de Ministros no navio-escola Sagres, eram conhecidas as conclusões da Alta Autoridade para a Comunicação Social sobre o caso Marcelo, com as críticas aos ministros Gomes da Silva e Morais Sarmento. Isto no mesmo dia em que Santana Lopes começara a defender, no Parlamento, o Orçamento do Estado que classificara como de "esperança". O veto presidencial à central de comunicações com que Santana Lopes sonhava terminou a semana de más notícias para a coligação. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Governo suspenso

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