Ferro Rodrigues reconheceu situação difícil e criticou clima de crispação

15-08-2002
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Partido a partido

Ferro Rodrigues Reconheceu Situação Difícil e Criticou Clima de Crispação

Quarta-feira, 10 de Julho de 2002 Ferro Rodrigues manifestou-se ontem disponível para consensos com o Governo em dez áreas fundamentais. Mas, embora no seu discurso inicial o primeiro-ministro tenha desafiado o PS para uma atitude de consenso, ninguém, do Governo, do PSD ou do CDS, saudou ou deu resposta à atitude do secretário-geral do PS. As áreas que Ferro elegeu como essenciais para trabalhar na Assembleia da República e construir respostas conjuntas são as seguintes: a questão europeia, as políticas de saúde, as políticas de apoio ao desenvolvimento da competitividade, a melhoria da empregabilidade, o reforço ao combate ao desemprego, o acompanhamento da execução do quadro comunitário de apoio (QCA), os investimentos estruturantes, a reforma da administração pública, a política de imigração e a reforma do sistema político. "Nalgumas delas [destas áreas] existem consensos alargados que importa valorizar, noutras divergências saudáveis e necessárias que podem contribuir para enriquecer a capacidade do país em assumir os seus combates", afirmou Ferro Rodrigues, acrescentando que "é imperioso que o governo e o primeiro-ministro revejam a sua política para com os jovens". Na sua intervenção de fundo, antes do discurso da disponibilidade, o líder socialista tinha feito o discurso da critica, pondo ênfase na "precipitação da grande maioria das iniciativas políticas e legislativas, a sua inconsistência e fragilidade". Ferro assumiu que o país e o Governo estão perante problemas difíceis, "que a consolidação orçamental é exigente". Mas, defendeu, "é necessário vencer o desânimo" e "recuperar a esperança" e acusou Durão Barroso de estar a desperdiçar uma oportunidade única para o fazer. O secretário-geral do PS disse que Durão tem condições como não existiam há muito tempo: uma maioria clara no Parlamento, "uma indiscutível lealdade e colaboração institucional do senhor Presidente da República", "uma postura construtiva do maior partido da oposição" e "a expectativa do eleitorado, sempre generosa quando se forma um novo Governo" Nesse cenário, o executivo tinha duas opções: procurar consensos ou seguir uma política de confronto. Para Ferro, o Governo escolheu esta última e, por isso, "o país vive hoje um clima de desnecessária crispação, de desalento, de desconfiança". Já no final do debate, Elisa Ferreira também interveio para acusar o Governo de estar a sacrificar o crescimento real do país ao equilíbrio do défice, num momento em que a França e a Alemanha, confrontadas com problemas semelhantes, tentam é negociar os limites do défice. E.L. Guilherme Silva contra manipuladores "sem dignidade" Para o líder parlamentar dos sociais-democratas, o PS é "um partido sem dignidade, que faz da chicana política a sua principal arma". Este foi o retrato que Guilherme Silva fez do principal partido da oposição, capaz de "manipular e ocultar a verdade". Um partido contra o qual apresentou um governo diferente por ter um impulso reformador. "Enquanto de um lado temos um governo que faz, que decide, corajoso e com manifesto ímpeto reformador, do outro lado temos uma oposição que procura por todos os meios obstruir a acção do governo e obstaculizar a adopção de medidas urgentes e indispensáveis", disse o madeirense. Os ataques sucederam-se ao longo do debate com aquele dirigente a classificar o PS como um "partido sem identidade e campeão dos incidentes regimentais" na Assembleia da República e "que durante tantos anos mentiu aos portugueses" e ontem manteve a atitude e os "argumentos para persistir na ocultação da verdade". PS já não assusta Telmo Correia As intervenções do líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, fizeram com que este deputado parecesse muitas vezes mais papista que o papa. Alinhando nos ataques ao PS, acusou o anterior governo de ter tentado esconder a crescente derrapagem do défice para agora tentar "passar a culpa para o governo" da coligação. Depois de Durão, o centrista acusou também os socialistas de "desonestidade intelectual", aproveitando para recuperar uma frase do anterior primeiro-ministro, António Guterres, que no debate do ano passado havia dito que as medidas demoram tempo a apresentar resultados, aplicando assim a lógica às decisões do governo actual. Depois disso, tirou a conclusão: "O PS já não tem capacidade de dar em ninguém, o engenheiro António Guterres não foi às fuças, foi para a casa e o centro-direita, que ia levar na fuça, está bem e está no poder." Carvalhas promete "resistência todos os dias" "Connosco pode contar. Essa resistência tê-la-á todos os dias." A declaração de guerra surgiu logo na reacção ao discurso de abertura do chefe do governo. O secretário-geral do PCP garantiu ao primeiro-ministro que o seu partido estava pronto para a contestação: "Queremos dizer-lhe senhor primeiro-ministro, bem pode manifestar a sua incomodidade pelo facto do PCP mobilizar vontades, despertar energias, alertar os trabalhadores e ser solidário com a sua luta", tendo explicado depois com o fracasso do Governo a necessidade da luta: "Dirão alguns que três meses são pouco na vida de um governo e ainda menos na vida de um país. Mas os golpes já dados em três meses, pela política do Governo nos interesses de tantos portugueses são suficientes para colocar na ordem do dia a necessidade de uma ampla e decidida resistência contra uma política de injustiça e retrocesso social." Uma resistência para a qual sugeriu "uma convergência de esforços" das "forças que se sentam à esquerda deste hemiciclo". Louçã critica "pior governo dos últimos anos" Foi depois da intervenção de Francisco Louçã, apontando este como "o pior governo que a Assembleia tem discutido em muitos anos" por "ter uma política de assustar o país para governar" que se ouviu uma das maiores gargalhadas gerais do debate. Durão aconselhou ao dirigente do BE - mais velho do que o primeiro-ministro poucos anos - a "não ser tão categórico" e explicou porquê: "Eu também era assim quando era mais novo. Tenho uma certa simpatia por si, faz-me lembrar a minha juventude". Louçã voltaria a entrar no debate por causa do incidente à volta da lei de estabilidade orçamental: "Nesta bancada não conhecemos a diferença entre inconstitucionalidades grosseiras e inconstitucionalidades subtis." Verdes receiam que Durão privatize o país Foi a segunda deputada do Partido "Os Verdes" quem ontem fez o balanço de três meses do executivo social-democrata. Para além de sublinhar os problemas ambientais existentes no país, a parlamentar da coligação CDU, classificou Portugal como "um país cada vez mais dependente do exterior de tanta coisa". Pelo que disse depois não mostrou muita esperança que o executivo do PSD fosse capaz de alterar a situação: "O governo parece que só não privatiza o país porque ainda não percebeu como." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Durão relança imagem do Governo

Confederação da Indústria só aceita pacto depois de reformada a legislação laboral

Primeiro-ministro propõe acordo com parceiros sociais para quatro anos

Portas chama PS à responsabilidade

Ferro Rodrigues reconheceu situação difícil e criticou clima de crispação

CRÓNICA

Portas ganhou o debate

Partido a partido

Ferro Rodrigues Reconheceu Situação Difícil e Criticou Clima de Crispação

Quarta-feira, 10 de Julho de 2002 Ferro Rodrigues manifestou-se ontem disponível para consensos com o Governo em dez áreas fundamentais. Mas, embora no seu discurso inicial o primeiro-ministro tenha desafiado o PS para uma atitude de consenso, ninguém, do Governo, do PSD ou do CDS, saudou ou deu resposta à atitude do secretário-geral do PS. As áreas que Ferro elegeu como essenciais para trabalhar na Assembleia da República e construir respostas conjuntas são as seguintes: a questão europeia, as políticas de saúde, as políticas de apoio ao desenvolvimento da competitividade, a melhoria da empregabilidade, o reforço ao combate ao desemprego, o acompanhamento da execução do quadro comunitário de apoio (QCA), os investimentos estruturantes, a reforma da administração pública, a política de imigração e a reforma do sistema político. "Nalgumas delas [destas áreas] existem consensos alargados que importa valorizar, noutras divergências saudáveis e necessárias que podem contribuir para enriquecer a capacidade do país em assumir os seus combates", afirmou Ferro Rodrigues, acrescentando que "é imperioso que o governo e o primeiro-ministro revejam a sua política para com os jovens". Na sua intervenção de fundo, antes do discurso da disponibilidade, o líder socialista tinha feito o discurso da critica, pondo ênfase na "precipitação da grande maioria das iniciativas políticas e legislativas, a sua inconsistência e fragilidade". Ferro assumiu que o país e o Governo estão perante problemas difíceis, "que a consolidação orçamental é exigente". Mas, defendeu, "é necessário vencer o desânimo" e "recuperar a esperança" e acusou Durão Barroso de estar a desperdiçar uma oportunidade única para o fazer. O secretário-geral do PS disse que Durão tem condições como não existiam há muito tempo: uma maioria clara no Parlamento, "uma indiscutível lealdade e colaboração institucional do senhor Presidente da República", "uma postura construtiva do maior partido da oposição" e "a expectativa do eleitorado, sempre generosa quando se forma um novo Governo" Nesse cenário, o executivo tinha duas opções: procurar consensos ou seguir uma política de confronto. Para Ferro, o Governo escolheu esta última e, por isso, "o país vive hoje um clima de desnecessária crispação, de desalento, de desconfiança". Já no final do debate, Elisa Ferreira também interveio para acusar o Governo de estar a sacrificar o crescimento real do país ao equilíbrio do défice, num momento em que a França e a Alemanha, confrontadas com problemas semelhantes, tentam é negociar os limites do défice. E.L. Guilherme Silva contra manipuladores "sem dignidade" Para o líder parlamentar dos sociais-democratas, o PS é "um partido sem dignidade, que faz da chicana política a sua principal arma". Este foi o retrato que Guilherme Silva fez do principal partido da oposição, capaz de "manipular e ocultar a verdade". Um partido contra o qual apresentou um governo diferente por ter um impulso reformador. "Enquanto de um lado temos um governo que faz, que decide, corajoso e com manifesto ímpeto reformador, do outro lado temos uma oposição que procura por todos os meios obstruir a acção do governo e obstaculizar a adopção de medidas urgentes e indispensáveis", disse o madeirense. Os ataques sucederam-se ao longo do debate com aquele dirigente a classificar o PS como um "partido sem identidade e campeão dos incidentes regimentais" na Assembleia da República e "que durante tantos anos mentiu aos portugueses" e ontem manteve a atitude e os "argumentos para persistir na ocultação da verdade". PS já não assusta Telmo Correia As intervenções do líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, fizeram com que este deputado parecesse muitas vezes mais papista que o papa. Alinhando nos ataques ao PS, acusou o anterior governo de ter tentado esconder a crescente derrapagem do défice para agora tentar "passar a culpa para o governo" da coligação. Depois de Durão, o centrista acusou também os socialistas de "desonestidade intelectual", aproveitando para recuperar uma frase do anterior primeiro-ministro, António Guterres, que no debate do ano passado havia dito que as medidas demoram tempo a apresentar resultados, aplicando assim a lógica às decisões do governo actual. Depois disso, tirou a conclusão: "O PS já não tem capacidade de dar em ninguém, o engenheiro António Guterres não foi às fuças, foi para a casa e o centro-direita, que ia levar na fuça, está bem e está no poder." Carvalhas promete "resistência todos os dias" "Connosco pode contar. Essa resistência tê-la-á todos os dias." A declaração de guerra surgiu logo na reacção ao discurso de abertura do chefe do governo. O secretário-geral do PCP garantiu ao primeiro-ministro que o seu partido estava pronto para a contestação: "Queremos dizer-lhe senhor primeiro-ministro, bem pode manifestar a sua incomodidade pelo facto do PCP mobilizar vontades, despertar energias, alertar os trabalhadores e ser solidário com a sua luta", tendo explicado depois com o fracasso do Governo a necessidade da luta: "Dirão alguns que três meses são pouco na vida de um governo e ainda menos na vida de um país. Mas os golpes já dados em três meses, pela política do Governo nos interesses de tantos portugueses são suficientes para colocar na ordem do dia a necessidade de uma ampla e decidida resistência contra uma política de injustiça e retrocesso social." Uma resistência para a qual sugeriu "uma convergência de esforços" das "forças que se sentam à esquerda deste hemiciclo". Louçã critica "pior governo dos últimos anos" Foi depois da intervenção de Francisco Louçã, apontando este como "o pior governo que a Assembleia tem discutido em muitos anos" por "ter uma política de assustar o país para governar" que se ouviu uma das maiores gargalhadas gerais do debate. Durão aconselhou ao dirigente do BE - mais velho do que o primeiro-ministro poucos anos - a "não ser tão categórico" e explicou porquê: "Eu também era assim quando era mais novo. Tenho uma certa simpatia por si, faz-me lembrar a minha juventude". Louçã voltaria a entrar no debate por causa do incidente à volta da lei de estabilidade orçamental: "Nesta bancada não conhecemos a diferença entre inconstitucionalidades grosseiras e inconstitucionalidades subtis." Verdes receiam que Durão privatize o país Foi a segunda deputada do Partido "Os Verdes" quem ontem fez o balanço de três meses do executivo social-democrata. Para além de sublinhar os problemas ambientais existentes no país, a parlamentar da coligação CDU, classificou Portugal como "um país cada vez mais dependente do exterior de tanta coisa". Pelo que disse depois não mostrou muita esperança que o executivo do PSD fosse capaz de alterar a situação: "O governo parece que só não privatiza o país porque ainda não percebeu como." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Durão relança imagem do Governo

Confederação da Indústria só aceita pacto depois de reformada a legislação laboral

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CRÓNICA

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